Portugal

Bancos carregam nas comissões apesar da subida dos juros

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Bancos carregam na cobrança pelas contas à ordem. Até ao ano passado, justificaram-se com as taxas de juro baixas, mas agora nenhum se explica.

As comissões cobradas pelos bancos pelas contas à ordem de particulares continuam a aumentar, apesar da subida das taxas de juro. Até meados do ano passado, os juros baixos foram a justificação para os aumentos, mas agora ninguém se compromete com descidas e a tendência é de subida. “É uma estratégia no mínimo desonesta”, diz a Deco Proteste.

Em janeiro deste ano, o governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, manifestou no Parlamento a expectativa de descida das comissões bancárias: “Espero que isso se reflita nos próximos tempos”. A descida não aconteceu e as comissões de alguns bancos até subiram, como é o caso da Conta 100%, do Novo Banco (NB), que passou de 5,90 euros por mês para 6,90 euros em abril. A 19 de janeiro do próximo ano, a mesma conta vai subir outra vez, para 7,50 euros. Se tiver bonificação, o custo vai passar de 3,50 euros por mês para 4,50 euros ou 5,50 euros, dependendo do cliente. É um aumento de 25% para contas não bonificadas e de até 57% para bonificadas.

Ao JN, o Novo Banco justifica o aumento com o facto de ter comissões “inferiores à concorrência”, mas não diz porque é que não as baixa. O JN contactou o Santander, o BPI, o BCP e a CGD, mas todos se recusaram a explicar porque é que cobraram mais comissões em 2022 e nenhum se compromete com descidas.

216 euros por pessoa

Há vários anos que a Deco Proteste monitoriza as comissões dos bancos. No ano passado, foram cobrados 2238 milhões de euros, o que dá 216 euros a cada português, em média. Nuno Rico, da Deco Proteste, lembra que os juros baixos justificaram o aumento das comissões e que estas deviam, agora, descer: “Têm vindo a ocorrer alguns aumentos mais pontuais, mas há uma coisa que não tem acontecido de todo, que é a descida”.

O especialista em produtos bancários afirma que os 2238 milhões de euros cobrados pelos cinco maiores bancos em 2022 são “uma brutalidade” e denuncia uma “estratégia no mínimo desonesta” em que se cria o problema para, depois, se apresentar a solução: “Os bancos criam as comissões, aumentam-nas de forma muito significativa e, a seguir, propõem aos clientes que, para evitarem pagar tanto, então têm que ter um maior envolvimento com o banco, nomeadamente a domiciliação de ordenado ou o crédito à habitação. Mas nós já sabemos que uns meses depois também vai aumentar o preço para quem tem bonificação”. Foi o que aconteceu, por exemplo, com a Conta 100% do NB, mas há mais casos.

Nuno Rico explica que, para já, “não há anúncios de mais aumentos, mas é comum que estes anúncios comecem a aparecer em dezembro ou janeiro”. Geralmente “é ano novo, comissões novas”, adianta, pelo que se perspetivam subidas. O especialista critica ainda “a passividade do Banco de Portugal” nesta matéria e refere que “só existe proteção do consumidor pela via legislativa”.

Proibidos de cobrar por sete serviços

Desde julho que os bancos estão proibidos de cobrar comissões por sete serviços. Um deles é o do processamento das prestações de crédito. Outro é o da alteração do titular da conta por motivos de óbito ou divórcio. Se liquidar um crédito, o distrate e as assinaturas não podem ser cobradas. O mesmo acontece com as segundas avaliações bancárias, segundas vias de extratos e fotocópias de documentos à sua guarda. Foram ainda limitados os custos do depósito de moedas e de habilitação de herdeiros.

2734 milhões de lucro nos maiores bancos

No ano passado, os cinco maiores bancos em Portugal tiveram lucros de 2734 milhões de euros. As comissões e a subida das taxas de juro foram decisivas para o aumento das receitas.

2238 milhões de euros cobrados em comissões

Os cinco maiores bancos cobraram 2238 milhões de euros em comissões no ano passado, o que dá 4259 euros por minuto. Três anos desta receita pagariam um aeroporto de Alcochete.

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