Temas de Capa

Sobrevivemos, mas ficámos diferentes?

 

O que mudou em nós, enquanto membros de uma determinada sociedade, nestes quatro anos pós Covid-19? Como se revelam ainda, na nossa maneira de ser e de estar, as ondas de choque que todos sofremos no período mais dramático da pandemia? O que podemos esperar da chamada geração COVID, ou seja, quem nasceu e viveu os primeiros anos de vida nestes anos de tanta restrição e pouca ou nenhuma convivência social? Há ainda muito para estudar, para analisar, mas há já algumas conclusões que quem tem um olhar mais informado, sobre como funciona este “organismo” vivo e em constante mutação que é a humanidade, consegue intuir.

Para termos uma ideia de quais são as respostas às perguntas que nos surgiram neste aniversário dos quatro anos pós pandemia, contámos com a ajuda e cooperação de três sociólogos – Renato Miguel do Carmo, Professor Associado (com Agregação) do Departamento de Sociologia do Instituto Universitário de Lisboa; Amy Kaler, PhD Professor Department of Sociology, University of Alberta; e Dalton Conley, Henry Putnam University, Professor of Sociology at Princeton University.

MB/MS

Dalton Conley

Quatro anos depois do início da pandemia, o que resta na sociedade desse tempo tão desafiador?
Temos uma sociedade ainda mais polarizada. Muitas vezes, após uma pandemia, há um período de união e de normas sexuais libertinas (como os anos 20 após a gripe de 1918). Mas parece que estamos presos numa ressaca de pandemia. Em parte, isso deve-se às preocupações actuais com a covid-19. Mas, em parte, pode ter sido a resposta política e de saúde pública polarizada que se seguiu.

Podemos dizer que nos tornámos seres humanos diferentes? Como ideais de vida e modo de nos relacionarmos uns com os outros substancialmente diferentes dos que podiam ser identificados no período que antecedeu a pandemia?
Penso que isso é uma questão de caso a caso. Muitas pessoas perderam entes queridos e ficaram mudadas para sempre. Outras sofrem de covid longa e as suas vidas foram alteradas dramaticamente.
Para o resto de nós, pode haver menos confiança, mais desconfiança em relação aos outros – se eles nos podem infetar, claro, mas também se estão do outro lado das divisões políticas que a covid afastou ainda mais.

O medo que se viveu na altura, a incerteza em relação ao futuro, podem ser relacionados com um ambiente social mais extremado que se vive hoje em vários países do mundo ocidental?
Sim, talvez, nas formas que mencionei acima. Mas há muitas outras forças, como os meios de comunicação social, o aumento da desigualdade, etc., que também afetam o ambiente social.

O movimento “vai ficar tudo bem”, gerado de forma espontânea naquela altura, o facto de sabermos que todos podíamos estar sujeitos à doença e eventual morte, de certo modo transformou o tecido social do mundo, porque parecia que éramos todos iguais – ricos, pobres, pretos, brancos, amarelos… agora que voltámos à “normalidade” que consequências sociais poderão advir do facto de nem ter ficado tudo bem e a discriminação e desigualdade permanecerem na sociedade?
Penso que nunca foi verdade que éramos todos iguais. Mesmo na altura, dissemos que havia desigualdades gritantes em relação a quem corria o risco de morrer, por raça, rendimento, profissão e outros fatores sociais.

Na altura do pico da pandemia falou-se muito nos efeitos futuros que esta situação de emergência global iria ter nas crianças. Já algum indicador de que efetivamente o crescimento em ambiente de isolamento social tenha afetado de forma profunda essa “geração COVID”?
Bem, há a perda de aprendizagem que ocorreu. Isso foi importante. Isso é apenas nos resultados dos testes.
Mas o isolamento social e o cancelamento da escola provavelmente também afetaram profundamente os jovens nas suas competências não académicas. As suas competências sociais foram afetadas. Já se registava um aumento acentuado da depressão e do suicídio entre os adolescentes graças, provavelmente, aos meios de comunicação social, a partir de 2007, nos EUA.

O sofrimento vivido no período de confinamento obrigatório, marcado pelo isolamento social, ainda se repercute no dia a dia de hoje, quer seja no ambiente profissional, quer seja no familiar?
Para além de tudo o que mencionei acima, há, evidentemente, a mudança para o trabalho remoto. Atualmente, os trabalhadores de colarinho branco vivem, em média, duas vezes mais longe dos seus empregos do que em 2019. Esta é apenas uma estatística concreta que mostra como a natureza do trabalho mudou. A vida familiar também é afetada por essa mudança. Em teoria, pelo menos, um trabalho mais remoto poderia levar a menos deslocações, o que, por sua vez, poderia levar a mais tempo para a família. Isso pode ser positivo.
Mas mais tempo de ecrã e o esbatimento das fronteiras entre casa e trabalho são prejudiciais para as relações familiares. Estou a responder a este e-mail a partir de casa, quando devia estar com o meu filho, por exemplo!

 

Renato Miguel do Carmo

Quatro anos depois do início da pandemia, o que resta na sociedade desse tempo tão desafiador?
É difícil responder a essa questão, na medida em que o período de recuperação da crise pandémica ficou marcado pelo deflagrar da guerra da Ucrânia e pelo surgimento da crise inflacionista, que tiveram repercussões muito profundas no aumento dos preços (sobretudo nos bens alimentares e nos produtos energéticos) e do custo de vida, atingindo sobretudo, mas não exclusivamente, as famílias menos favorecidas. De qualquer modo, uma das mudanças que ocorreram durante a pandemia foi a transição para o teletrabalho. Este processo deixou marcas no modo como se organizam as atividades laborais.
Atualmente, verifica-se que em vários setores e em muitas organizações e empresas o trabalho presencial tende a articular-se com o trabalho remoto (à distância). Trata-se de uma realidade que necessita ainda de ser mais bem regulada, mas que tende a permanecer na nossa sociedade.

Podemos dizer que nos tornámos seres humanos diferentes? Como ideais de vida e modo de nos relacionarmos uns com os outros substancialmente diferentes dos que podiam ser identificados no período que antecedeu a pandemia?
Na altura, durante os confinamentos, houve, sem dúvida, um questionamento sobre alguns aspetos que dominam a vida social, designadamente o facto de se viver em permanente aceleração, constantemente a responder a um conjunto de tarefas profissionais (entre outras).
Essa aceleração não permite um tempo de qualidade onde possamos desenvolver um conjunto de atividades de que gostamos ou de ter mais tempo para nos relacionarmos com os outros que nos são próximos (familiares, amigos, vizinhos). Quatro anos passados, penso que no essencial se voltou à vida que se tinha, com a exceção de algumas mudanças como as que referi na resposta anterior. Falou-se muito da necessidade de inventar um ‘novo’ normal, mas o que se depreende é que o ‘antigo’ normal foi em grande parte restabelecido.

O medo que se viveu na altura, a incerteza em relação ao futuro, podem ser relacionados com um ambiente social mais extremado que se vive hoje em vários países do mundo ocidental?
A incerteza relativamente ao futuro é um dos traços fundamentais na nossa contemporaneidade, que afeta sobretudo os grupos sociais mais vulneráveis ou os trabalhadores que se encontram numa situação laboral precária.
Portanto, esta perceção de incerteza já vinha de trás. Contudo, é notório que os sentimentos generalizados de insegurança e de imprevisibilidade em relação ao futuro se agravaram com a crise pandémica. Este dado tem repercussões em várias esferas das sociedades, incluindo a esfera política.

O movimento “vai ficar tudo bem”, gerado de forma espontânea naquela altura, o facto de sabermos que todos podíamos estar sujeitos à doença e eventual morte, de certo modo transformou o tecido social do mundo, porque parecia que éramos todos iguais – ricos, pobres, pretos, brancos, amarelos… agora que voltámos à “normalidade” que consequências sociais poderão advir do facto de nem ter ficado tudo bem e a discriminação e desigualdade permanecerem na sociedade?
As consequências sanitárias, sociais e económicas da pandemia demonstraram que não somos todos iguais perante os riscos e as adversidades. As desigualdades aprofundaram-se e foram os mais vulneráveis e desprotegidos que mais sofreram com a crise. Por exemplo, os imigrantes foram particularmente afetados, assim como os trabalhadores mais precários.

Na altura do pico da pandemia falou-se muito nos efeitos futuros que esta situação de emergência global iria ter nas crianças. Já algum indicador de que efetivamente o crescimento em ambiente de isolamento social tenha afetado de forma profunda essa “geração COVID”?
Não sou especialista na temática, mas alguns estudos científicos e reportagens jornalísticas têm alertado para a expansão do tempo que os jovens levam nas redes sociais e/ou nos jogos online. Este dado pode significar uma tendência para um certo isolamento social com consequências preocupantes ao nível, designadamente, da saúde mental.

O sofrimento vivido no período de confinamento obrigatório, marcado pelo isolamento social, ainda se repercute no dia a dia de hoje, quer seja no ambiente profissional, quer seja no familiar?
Tendo em conta o que foi referido anteriormente, é importante reinventarmos os espaços de sociabilidade e de relacionamento com o outro. Incrementarmos as formas de cooperação e de solidariedade social.
Na verdade, é interessante verificar que durante os confinamentos foram criados vários grupos de apoio e de solidariedade (por exemplo, entre vizinhos). Percebeu-se, na altura, a importância que têm as instituições e os sistemas públicos, como o serviço nacional de saúde ou a escola pública.
Sem a intervenção generalizada destes sistemas a resposta à pandemia teria sido muito mais difícil e com consequências muito mais gravosas. Mas, por outro lado, também se percebeu a importância da comunidade e dos laços sociais. É necessário que no seio das comunidades se aprofundem as relações de entreajuda e de solidariedade.

 

Amy Kaler

Quatro anos depois do início da pandemia, o que resta na sociedade desse tempo tão desafiador?
Do lado positivo, penso que temos o conhecimento de que é possível mudar muitas coisas que nos tinham ensinado que eram impossíveis de mudar – é possível proporcionar um rendimento básico a toda a gente, é possível imaginar formas diferentes de trabalhar, é possível ficar em casa e consumir menos. Preocupa-me que nos esqueçamos destas coisas na pressa de “voltar ao normal”. O “normal” pré-covid não deve ser a medida do que é desejável ou possível.

Podemos dizer que nos tornámos seres humanos diferentes? Como ideais de vida e modo de nos relacionarmos uns com os outros substancialmente diferentes dos que podiam ser identificados no período que antecedeu a pandemia?
Não são realmente diferentes, mas penso que algumas formas de relações sociais se tornaram especialmente proeminentes na pandemia, para o bem e para o mal. No início, tínhamos a promessa de uma maior solidariedade, à medida que as pessoas tentavam ajudar-se mutuamente e apoiar os trabalhadores que estavam a tentar ajudar toda a gente. Foi com grande satisfação que soube que as redes de voluntariado estavam a ser inundadas por pessoas que queriam ajudar os que não podiam sair de casa com compras, recolha de medicamentos sujeitos a receita médica, máscaras e desinfectantes caseiros e outras formas de assistência. Também foi possível ver o surgimento de novas redes formais e informais, à medida que as pessoas se informavam umas às outras e se organizavam para oferecer ajuda. Mais tarde, infelizmente, assistiu-se a uma intensa politização das máscaras e das vacinas e, nalguns círculos, à elevação dos desejos individuais acima do bem público. A “liberdade” foi redefinida como “eu faço o que quero, independentemente de como isso afeta os outros”.

O medo que se viveu na altura, a incerteza em relação ao futuro, podem ser relacionados com um ambiente social mais extremado que se vive hoje em vários países do mundo ocidental?
Sem dúvida. O medo e a incerteza são emoções fáceis de converter em raiva, e grande parte dos movimentos extremistas na América do Norte e na Europa são alimentados pela raiva. A Covid também tornou mais fácil para os demagogos dizerem “olha, o governo está contra ti, está a tirar-te a liberdade, a trancar-te em casa, a obrigar-te a usar uma máscara”, etc. Não é por acaso que a maior parte dos movimentos políticos extremistas fizeram da “liberdade” uma parte importante do seu vocabulário, mas um tipo de liberdade que não tem qualquer responsabilidade associada.

O movimento “vai ficar tudo bem”, gerado de forma espontânea naquela altura, o facto de sabermos que todos podíamos estar sujeitos à doença e eventual morte, de certo modo transformou o tecido social do mundo, porque parecia que éramos todos iguais – ricos, pobres, pretos, brancos, amarelos… agora que voltámos à “normalidade” que consequências sociais poderão advir do facto de nem ter ficado tudo bem e a discriminação e desigualdade permanecerem na sociedade?
Não sei bem o que significa esta pergunta. A investigação mostra que os impactos da pandemia foram muito diferentes entre diferentes grupos da população – as pessoas que historicamente foram sujeitas a marginalização e discriminação tinham (e têm) mais probabilidades de ficar muito doentes ou de morrer quando são infectadas. Em termos das consequências económicas da pandemia, as pessoas que tinham uma situação financeira precária antes da covid-19 eram mais susceptíveis de perder o emprego ou de não poderem trabalhar por estarem doentes, enquanto as pessoas com empregos mais seguros eram mais suscetíveis de absorver o impacto da covid-19 e de continuar a trabalhar. No que diz respeito à prestação de cuidados aos doentes, as mulheres eram muito mais propensas a fazer esse trabalho do que os homens, e os resultados em termos de saúde mental para as mulheres eram muito piores do que para os homens. É um cliché, mas é verdade: a pandemia não criou desigualdade social, mas agravou quase todas as formas de desigualdade.

Na altura do pico da pandemia falou-se muito nos efeitos futuros que esta situação de emergência global iria ter nas crianças. Já algum indicador de que efetivamente o crescimento em ambiente de isolamento social tenha afetado de forma profunda essa “geração COVID”?
As provas são contraditórias. O encerramento das escolas (embora eu acredite que tenha sido necessário para evitar mortes) significou que algumas crianças se afastaram – efetivamente “abandonaram a escola” e não regressaram quando as escolas foram abertas. As crianças da classe média, que tinham acesso a wi-fi e computadores portáteis em casa e condições de vida seguras, conseguiram, na sua maioria, compensar quaisquer perdas académicas quando regressaram à escola. E para algumas crianças que poderiam ter sido vítimas de bullying ou de outras situações de stress na escola, estar em casa foi realmente uma coisa boa.
Estamos certamente a assistir a mais relatos de preocupações com a saúde mental de adolescentes e jovens adultos, mas esta situação já estava a aumentar antes da chegada da covid, pelo que não pode ser atribuída apenas à pandemia. O mesmo se passa com as crianças e jovens dependentes de dispositivos – isto já estava a acontecer antes da covid. Os efeitos a longo prazo da vivência de um período de insegurança e medo na infância dar-se-ão a conhecer na próxima década ou duas. Sabemos que este tipo de acontecimentos que mudam o mundo, como as pandemias ou as guerras, têm efeitos a longo prazo nas trajectórias de vida, mas ainda é muito cedo para dizer quais serão esses efeitos.

O sofrimento vivido no período de confinamento obrigatório, marcado pelo isolamento social, ainda se repercute no dia a dia de hoje, quer seja no ambiente profissional, quer seja no familiar?
Penso que duas das maiores repercussões dos últimos quatro anos são a prevalência da doença crónica após a covid (covid longa) e o aumento do trabalho e da educação remotos ou híbridos. As estatísticas sobre a covid longa grave são bastante alarmantes – enquanto a grande maioria das pessoas infectadas recupera totalmente, entre 2% e 10% não recuperam.
Esta situação tem afetado a vida de muitas pessoas, que se vêem impossibilitadas de trabalhar ou de participar na sociedade, e representa um enorme encargo para o resto da sociedade, especialmente porque ainda não se sabe quantas pessoas com COVID-19 longa ficarão muito doentes para o resto das suas vidas e quantas acabarão por recuperar. O fardo da covid-19 longa é “invisível” – não vemos as pessoas com complicações de saúde a longo prazo da covid-19 em público porque muitas delas têm de se restringir a casa, pelo que é fácil para aqueles de nós que são saudáveis ignorá-las.
A segunda grande repercussão são as tecnologias remotas ou híbridas. Durante a fase intensa da covid, aprendemos que muitas empresas e outras actividades podem funcionar sem que as pessoas estejam na mesma sala ao mesmo tempo, e que trabalhar ou estudar a partir de casa é possível (em muitos casos, mas não em todos). O que vemos agora é o aparecimento de uma forte preferência pelo trabalho remoto ou híbrido entre os trabalhadores (e, em muitos casos, um forte desejo de fazer com que as pessoas regressem aos escritórios da direção).
Sabemos que o trabalho a partir de casa poupa tempo e dinheiro aos trabalhadores em termos de deslocações e (por vezes) de custos com cuidados infantis, e sabemos que as opções híbridas ou remotas têm sido fundamentais para manter as mulheres no mercado de trabalho remunerado. Ao mesmo tempo, os aspectos intangíveis da criação de laços sociais e da construção de uma comunidade perdem-se quando cada um está em casa, no seu próprio espaço, pelo que se trata de uma bênção mista. O trabalho à distância está a transformar-se na maior área de contestação da vida profissional nas próximas décadas.

Tracey L. Adams, PhD

Professor, Department of Sociology
The University of Western Ontario

Milénio Stadium: Four years after the start of the pandemic, what does society
have left from this challenging time?
Tracey L. Adams: I’m not sure how to answer this question, but I would point to increased
social divisiveness, healthcare workforce shortages, mental health challenges, and problems with
misinformation.
There are some positives as well in terms of technological changes and vaccine development.

MS: Can we say that we have become different as human beings? How are ideals of life and
ways of relating to each other substantially different from those that could be identified in
the run-up to the pandemic?
TLA: This is not an area I know much about, and it is not clear whether some changes that
occurred during the pandemic (people re-evaluating their life priorities for example) will lead
to lasting changes, or whether these were more temporary.
Certainly what some have declared a ‘loneliness epidemic’ was at least worsened by the
pandemic and it may reflect a change in how we relate to one another.

MS: Can the fear experienced at the time, the uncertainty about the future, be related to
the more extreme social environment experienced today in various countries of the Western
world?
TLA: The uncertainty about the pandemic, misinformation about the pandemic and strategies to
alleviate it, and divisive opinions about lockdowns and vaccination, have enhanced social
divisions. The economic expense of the pandemic and its devastating impact on healthcare
systems, and the education sector (to name just a few) has certainly contributed to a more
extreme social environment. Early in the pandemic there was a ‘we are all in this together’
mentality that seemed for a time to unite people, and encourage co-operation and
collaboration in the face of crisis. As the pandemic dragged on, however, the stress and
strain, and differences of opinion, led to conflict and divisiveness. The problems created by
the pandemic – for instance in the health care and education system – will likely be with us
for some time.
There are other social trends contributing to divisiveness nationally and internationally,
though. Much of what we are seeing in terms of the social environment, cannot be
attributed to the pandemic (or at least the pandemic alone).

MS: The "it's going to be okay" movement, which was spontaneously generated
at the time, the fact that we knew that we could all be subject to illness and
eventual death, in a way transformed the social fabric of the world, because it seemed that we were all the same – rich, poor, black, white… Now that we have returned to "normality", what social consequences could arise from the fact that it wasn't even okay and discrimination and inequality remain in society?
TLA: I think some of the ‘we are all in this together’ feeling began to disintegrate a few months
into the pandemic. For example, the violent death of George Floyd in May of 2020, drew
attention to racial inequalities, and intensified anti-racism and Black Lives Matter
movements. Racial inequalities in terms of exposure to COVID-19 and access to vaccines,
combined with social events to make racial inequality front of mind through 2020 into 2021
at least. Scandals during the pandemic where political leaders (and other people in
positions of privilege) ignored travel bans to vacation or travel for other reasons, revealed
that the lockdowns impacted some more than others. Inequalities in who could work
remotely versus who had to work in-person during the pandemic – and hence who was
disproportionately exposed to COVID-19 – also revealed inequalities. Therefore, I think the
pandemic revealed inequalities in health and well-being. We may be at risk of forgetting
these inequalities as we return to “normal”. One would hope that we would continue work
that began on a small scale during the pandemic to challenge prevailing inequalities and
bring about positive social change.
However, it seems like that inequalities in sectors like healthcare, education, housing and
the workplace will only increase. In an environment characterized by healthcare workforce
shortages, where many people lack a primary health care provider (family doctor or nurse
practitioner for example), health inequalities are likely to worsen. Economically privileged
students appear to have done better with on-line learning during the pandemic, meaning
that the less well-off have fallen behind on their schooling. The housing shortage is leading
to more homelessness. And access to remote and hybrid working is also uneven, despite
the fact that many people like working this way. In these sectors and others, social
inequalities seem to be increasing.

MS: At the peak of the pandemic, there was a lot of talk about the future effects
that this global emergency would have on children. Is there any indication that
growing up in an environment of social isolation has had a profound effect on
this "COVID generation"?
TLA: Although this is not an area of expertise for me, certainly there are signs pointing to
significant learning gaps for children, and mental health problems. These are likely to
continue for many years to come.

MS: Does the suffering experienced during the period of compulsory confinement, marked
by social isolation, still have repercussions in everyday life today, whether in the
professional or family environment?
TLA: I think the repercussions of social isolation are variable. Many people experienced
temporary impacts that would have disappeared shortly after confinement periods ended.
Some trends are not clear: for example, the mental health challenges that emerged from
isolation, and the increase in intimate partner violence. The impact on people’s careers also remains to be seen.
With respect to the workplace, many people were fortunate enough to work remotely, and
there has been an increase in demand for remote and hybrid working among employees in
the post-pandemic era. Currently, many employers are encouraging more in-person work,
but it seems that hybrid working (and remote working) will continue to be popular in some
fields. There is a considerable body of evidence supporting the idea that people working
remotely some or all of the time are more productive than those who work in-person (at
least in some fields), and many workers prefer to work hybrid. This will be an interesting
area to watch in years to come.

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