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Nunca se é demasiado feliz

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Costuma dizer-se que a felicidade está nas pequenas coisas da vida: voltar a ouvir músicas da nossa adolescência, assistir ao nascer do sol, reecontrar um/a velho/a amigo/a, ver a chuva cair através da janela, receber flores, viajar, ver fotografias ou vídeos antigos, deitarmo-nos numa cama feita de lavado, fazer outra pessoa sorrir, dar um abraço, sentir o cheirinho de um bebé ou até encontrar dinheiro no bolso do casaco são apenas alguns exemplos. Parece tão simples… mas nem sempre assim o é.

Podemos pensar, especificamente, na felicidade associada ao trabalho… ou falta dela. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT), cerca de 15% dos trabalhadores adultos vivem com um transtorno mental: os horários inadequados, violência e/ou assédio, falta de oportunidades de desenvolvimento da carreira ou um deficiente esclarecimento e definição das funções a serem desempenhadas e uma má ou insegura remuneração são apenas alguns exemplos dos diversos fatoques que podem contribuir para o aumento do denominado stress laboral, para além de potenciarem o risco de exaustão, esgotamento, ansiedade e depressão.

Apesar de termos bem presente que esta face da moeda é bem real, vamos, nesta edição do jornal Milénio Stadium, dedicar-nos à outra: porque sim, a felicidade no trabalho (também) existe! E a Bibiana Neves, a Daniela Rocha, a Mirian Rother, o Renato Filizola e a Tatiane Ribeiro são exemplo disso mesmo – trabalham em áreas distintas, desempenham diferentes funções mas têm algo em comum: o gosto pelo cargo que ocupam. Na realidade…. Há algo mais em comum: o facto de, à parte de se sentirem felizes, perceberem e assumirem que nunca se é demasiado feliz e que há sempre espaço para melhorar – na vida e no trabalho.

Inês Barbosa/MS


Bibiana Neves

Antes de mais – pode dizer-nos qual é a função que desempenha?
Eu desempenho a função de enfermeira.

É uma profissão em que sempre soube que queria trabalhar? Acha que foi, de alguma forma, influenciado/a a seguir esse caminho profissional?
Não é uma profissão que eu sempre soube que queria trabalhar, mas me sinto imensamente feliz e realizada neste ramo. A primeira profissão que eu sempre soube que queria trabalhar era assistente de bordo e a outra era geologia e mina, esta influência do meu pai.

De que forma é que o seu trabalho o/a faz sentir feliz e realizado/a? Para si, quais são os aspetos que contribuem para a sua realização profissional?
Gosto do que faço, faço com amor. Trabalho com uma equipa humanizada. Tenho espaço para o meu desenvolvimento pessoal. Meu trabalho é respeitado, valorizado e reconhecido.

Considera que a remuneração que recebe é justa?
É razoável, digamos. Pois usufruo de muitos benefícios e bônus. Mas poderia ser mais, visto que neste ramo se trabalha muito.

Apesar de se sentir feliz, mudaria alguma coisa no seu trabalho?
Mudaria sim. Mudaria as horas de trabalho. Visto que se passa mais tempo no trabalho que em casa com a família.

Que conselho daria a alguém que não é feliz naquilo que faz?
Antes de qualquer coisa, aconselharia a fazer uma reflexão profunda do porquê de não estar feliz no que faz. E daí buscar mecanismos que o/a ajudariam a sentir-se feliz. Caso a situação permaneça, começar a investir na sua educação ou habilidades para assim poder partir para uma outra carreira ou trabalho.

Renato Filizola

Antes de mais – pode dizer-nos qual é a função que desempenha?
Senior Desktop Operations Analyst.

É uma profissão em que sempre soube que queria trabalhar? Acha que foi, de alguma forma, influenciado/a a seguir esse caminho profissional?
Sim, sempre quis trabalhar pois é na minha área de formação, tanto no Brasil quanto aqui no Canadá. A experiência de trabalho no Brasil também ajudou bastante para essa oportunidade.

De que forma é que o seu trabalho o/a faz sentir feliz e realizado/a? Para si, quais são os aspetos que contribuem para a sua realização profissional?
Me sinto realizado por estar em uma empresa muito boa e que valoriza o profissional. Também levo muito em consideração o ambiente, educação e respeito que a empresa tem com os funcionários. Sempre estão dispostos a ouvir e fazer melhorias para o bem-estar do profissional.

Considera que a remuneração que recebe é justa?
Sim, considero uma remuneração justa para o cargo.

Apesar de se sentir feliz, mudaria alguma coisa no seu trabalho?
Acredito que ter um pouco mais de autonomia para exercer algumas funções ajudaria bastante.

Que conselho daria a alguém que não é feliz naquilo que faz?
Eu aconselharia ir fazendo aplicações até conseguir algo que goste e se sinta realizada(o), caso seja exigido uma formação, correria atrás da graduação para estar na área em que merealizaria profissionalmente.

 

Mirian Rother

Antes de mais – pode dizer-nos qual é a função que desempenha?
Sou professora universitária autônoma, na área de educomunicação socioambiental.

É uma profissão em que sempre soube que queria trabalhar? Acha que foi, de alguma forma, influenciado/a a seguir esse caminho profissional?
Não, não sabia. Descobri a área e me interessei durante mestrado e doutorado, influenciada pela literatura e orientadores.

De que forma é que o seu trabalho o/a faz sentir feliz e realizado/a? Para si, quais são os aspetos que contribuem para a sua realização profissional?
O trabalho, sempre acompanhado de leitura e pesquisa sobre questões socioambientais no Brasil, deram um sentido diferente para a minha vida, modificaram com o passar do tempo minha forma de viver e me relacionar, me sinto mais útil e mais tranquila em relação a competitividade do mundo moderno, e minha forma de produzir e consumir mudaram para melhor, acredito.

Considera que a remuneração que recebe é justa?
Não, infelizmente.

Apesar de se sentir feliz, mudaria alguma coisa no seu trabalho?
Não. Apenas gostaria que a Educação Sociambiental no Brasil fosse mais valorizada.

Que conselho daria a alguém que não é feliz naquilo que faz?
Olhe para o espelho e pergunte: – O que me faz feliz?

Tatiane Ribeiro

Antes de mais – pode dizer-nos qual é a função que desempenha?
Sou Postdoctoral Fellow at McMaster University no Departamento de Biochemistry and Biomedical Sciences. Sou pesquisadora, minha função é fazer pesquisa básica em um laboratório de biologia experimental.

É uma profissão em que sempre soube que queria trabalhar? Acha que foi, de alguma forma,influenciado/a a seguir esse caminho profissional?
Sim desde muito jovem eu sempre sonhei em ser cientista e trabalhar em um laboratório de pesquisa. Acredito que não fui influenciado por amigos e familiares, pois ninguém ao meu redor durante minha infância atuava nesta área de pesquisa. Me apaixonei pela pesquisa durante minha estadia na universidade.

De que forma é que o seu trabalho o/a faz sentir feliz e realizado/a? Para si, quais são os aspetos que contribuem para a sua realização profissional?
Durante a minha formação profissional (licenciatura em Kinesiologia, especialização em Fisiologia Humana, mestrado em Exercício Físico e Saúde e Phd em Biologia Celular e Bioquímica) adquiri uma profunda paixão pelo funcionamento dos sistemas fisiológicos que me levou a entender melhor como nosso organismo funciona. O que mais me motiva e realiza na minha área de atuação é ver que a ciência está em constante mudança, o conhecimento e novas descobertas nuncam cessam. Me facina a velocidade com que novas descobertas surgem todos os dias e como isso contribui para melhorar a medicina e auxiliar na cura e profilaxia de doenças, melhorando a qualidade de vida humana e prolongando a longevidade.

Considera que a remuneração que recebe é justa?
Acredito que sim.

Apesar de se sentir feliz, mudaria alguma coisa no seu trabalho?
Amo meu trabalho, acordo todos os dias e me sinto motivada a trabalhar. Meu trabalho não é nada monótono, todos os dias aprendo coisas novas e faço descobertas que me motivam a desenvolver novos experimentos para investigar coisas novas. Ser pesquisador nesta área é um ciclo que nunca se encerra, pelo contrário, cada descoberta leva a muitas outras perguntas, que levam a novas pesquisas para obter respostas e assim sucessivamente. Meu trabalho é um ambiente muito saudável, com pessoas ótimas, acho que não mudaria nada.

Que conselho daria a alguém que não é feliz naquilo que faz?
Acredito que a vida é muito curta para ser desperdiçada. Acredito também que fazer o que ama leva à felicidade, realização pessoal, consequentemente ao sucesso. Na minha opinião a busca pela realização pessoal vale qualquer sacrifício. Inicialmente, pode parecer muito difícil, mas quando se alcançar os objetivos, percebe-se que todo esforço valeu a pena. Se você está preso a um trabalho que não o satisfaz, trace planos a curto e longo prazo que lhe permitam buscar o que realmente deseja. Faça conexões (networkingwork), converse com pessoas que atuam na sua area de interesse, aprofunde seus conhecimentos, busque ser o melhor na sua area de atuação para ter um diferencial. Não adie seus sonhos e a sua busca pela realização pessoal e profissional.

 

Daniela Rocha

Antes de mais – pode dizer-nos qual é a função que desempenha?
Meu trabalho é intitulado ‘Screening Officer’, que é simplesmente a segurança, no aeroporto, para aqueles que estão indo em viagem. Nós, screening officers, somos encarregados de checar e visualizar cada passageiro e seus pertences que estão adentrando a aérea estéril do aeroporto, aérea esta que nada mais é do que a área antes dos portões de embarque, onde somente pessoas viajando e trabalhadores do aeroporto podem estar.

É uma profissão em que sempre soube que queria trabalhar? Acha que foi, de alguma forma, influenciado/a a seguir esse caminho profissional?
Na verdade nunca havia pensado em trabalhar nesta área, até que por incentivo de alguns amigos e pesquisas sobre a função, decidi aplicar.

De que forma é que o seu trabalho o/a faz sentir feliz e realizado/a? Para si, quais são os aspetos que contribuem para a sua realização profissional?
Trabalho com o público, função de muita diversidade. Somos responsáveis pela segurança dos passageiros, onde muita atenção é indispensável. Ao mesmo tempo temos que ter carisma, cuidados e muito entendimento de tudo o que está acontecendo ao nosso redor. Para isso temos diversos treinamentos ao ano, e muita pressão da própria empresa que trabalhamos. Como aliviamos essa pressão? Fazendo uma grande amizade com nossos colegas e trabalhando sempre como um time.

Considera que a remuneração que recebe é justa?
Não, infelizmente não acho justa a remuneração que temos, uma vez que estamos todos os dias lidando com tanta diversidade, passageiros com pressa, nervosos por algum motivo que provavelmente não vem da segurança, e muito mais. Somos os primeiros de frente no aeroporto, isso significa que damos a nossa cara para bater. O estresse é grande, jamais diria o contrário.

Apesar de se sentir feliz, mudaria alguma coisa no seu trabalho?
Me sinto feliz no meu trabalho porque gosto daquilo que faço. Mas sim, mudaria algumas coisas, para melhor função de todos os screeners. Salário, dias de folga e horários bons para todos, não apenas para os mais velhos de empresa, onde não prejudicasse os screeners, seria colocado em pauta.
Que conselho daria a alguém que não é feliz naquilo que faz?
Nunca é tarde para tentar algo que você se sinta realizado, que te dê alegria de sair de casa e ir cumprir a sua tarefa. Se não se sente feliz no trabalho, mudar passa a ser uma necessidade.

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