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“As prioridades estão todas ao contrário” – Anthony Furey

 

Anthony Furey foi um dos candidatos à presidência da Câmara Municipal de Toronto. Depois de perder as eleições não se tem inibido de expressar a sua opinião sobre tudo o que se vai passando na cidade.

Recentemente, após a apresentação de proposta de orçamento municipal, Furey escreveu um artigo no National Post onde, entre outras coisas, defendia que a Mayor Olivia Chow poderia ter “arregaçado as mangas” e trabalhado no sentido de procurar onde poderiam ser feitas poupanças e como se poderia travar a despesa, mas ao contrario “optou por aumentar o orçamento em mil milhões de dólares e depois insistir num dos maiores aumentos de impostos da história recente da cidade, precisamente quando as pessoas comuns estão a enfrentar uma crise de acessibilidade financeira”. Anthony Furey considerou mesmo esta posição “insensível, tendo em conta o estado da economia”.

Nesta edição em que falamos do que está a ser desenhado para a cidade e para os bolsos dos contribuintes, pareceu-nos apropriado trazer a opinião de Furey, que acedeu responder às nossas questões.

Milénio Stadium: Com o argumento de que o orçamento da cidade precisa de ser reequilibrado, a proposta de orçamento avança com um aumento de 10,5% nos impostos sobre a propriedade. Já escreveu que “o aumento de impostos de Olivia Chow seria desnecessário e destrutivo” – porquê?
Anthony Furey: Olivia Chow está a aumentar o orçamento em mil milhões de dólares e espera que os contribuintes paguem tudo isso sem que ela faça primeiro o trabalho difícil de encontrar poupanças. Na verdade, ela votou contra a revisão dos serviços.

MS: Há também a ameaça de que este valor pode aumentar para 16,5% se “Otava não ajudar a financiar mais abrigos” – podemos dizer que esta afirmação é apenas mais uma forma de pressionar o governo federal ou é uma possibilidade real?
AF: Os contribuintes de Toronto enfrentam um aumento de impostos de 16,5% se o governo federal não concordar em disponibilizar mais fundos – e não há qualquer garantia de que o faça. É uma forma imprudente de elaborar um orçamento.

MS: Os serviços técnicos responsáveis pela proposta de orçamento recordaram que já “beneficiaram” do acordo “histórico” com Doug Ford para 400 milhões de dólares de financiamento operacional. Que comentários tem a fazer sobre este acordo e o que ele significa para a cidade e, consequentemente, para os torontonianos?
AF: O acordo é positivo para Toronto e eu aplaudo o Premier Doug Ford pela sua vontade de trabalhar com a cidade. É uma pena que Olivia Chow já tenha desperdiçado essa verba, ao utilizá-la para o seu aumento de despesa de mil milhões de dólares.

MS: Toronto ficou recentemente em terceiro lugar no ranking das cidades com o pior trânsito do mundo, a insegurança é cada vez maior… para onde vai o dinheiro dos residentes de Toronto?
AF: O dinheiro dos nossos impostos irá para mais ciclovias e muito pouco será feito para aliviar o congestionamento. As prioridades estão todas ao contrário.

MS: Como pode Olivia Chow justificar um aumento desta natureza, que irá afetar diretamente a vida de tantas famílias, quando durante a campanha falou em tornar a vida mais acessível para os torontonianos?
AF: É um escândalo absoluto que Olivia Chow esteja a aumentar os impostos neste montante recorde, quando estamos no meio de uma crise de acessibilidade económica. Este aumento de impostos será transferido para os inquilinos – pelo que as rendas também subirão em Toronto devido a esta medida.

MS: Que solução vê e teria implementado, se tivesse sido eleito, para a cidade fazer face ao défice de 1,8 mil milhões de dólares?
AF: Estava entusiasmado por arregaçar as mangas e começar a trabalhar na Câmara Municipal desde o primeiro dia, fazendo uma revisão linha a linha de todos os serviços da cidade. A chave é certificarmo-nos de que tudo aquilo em que gastamos o dinheiro dos contribuintes é uma prioridade para os residentes. Se não for, então reafectamos o dinheiro aos serviços em que os residentes confiam. A despesa número um na Câmara Municipal é, de facto, as pessoas – os salários dos funcionários. Podemos utilizar o atrito, mas não a re-contratação quando as pessoas se reformam ou saem para procurar outros empregos. Atualmente, a burocracia de Toronto tem uma percentagem de rotação de pessoal superior à do sector privado, pelo que temos de utilizar esta ferramenta. É uma ótima maneira de poupar muitos milhões de dólares.

MS: O que é que os residentes de Toronto podem esperar do primeiro orçamento de Olivia Chow?
AF: É melhor que os residentes de Toronto se agarrem às suas carteiras, porque Olivia Chow está a tentar tirar-lhes o máximo de dinheiro possível.

Madalena Balça/MS

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