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Neurocientista da Champalimaud recebe bolsa de quase dois milhões de euros

neurocientista - milenio stadium

 

Eugenia Chiappe, neurocientista da Fundação Champalimaud, recebeu uma bolsa europeia de quase dois milhões de euros para perceber como o cérebro da mosca-da-fruta calcula e corrige os erros de trajetória. A Bolsa de Consolidação, atribuída pelo Conselho Europeu de Investigação Científica, vai financiar a pequisa durante cinco anos.

A Fundação Champalimaud revelou, em comunicado, que esta investigação poderá ter implicações “não só em termos da compreensão das bases neurais das perturbações motoras humanas, mas também para a construção de robôs capazes de se deslocar melhor em ambientes imprevisíveis”.

“Quando tentamos caminhar em linha reta com os olhos fechados, após uns passos desviamo-nos inevitavelmente da trajetória pretendida. Mas de alguma forma, o nosso cérebro sabe disso – sente-o – e permite-nos corrigir aproximadamente esse erro” explica a fundação, acrescentando que, para fazermos essa correção, decidimos aplicar ao nosso corpo uma deslocação para o lado oposto do desvio no momento em que damos o passo seguinte.

Eugenia Chiappe, investigadora principal do Laboratório de Integração Sensório-Motora da Fundação Champalimaud, e a sua equipa, obtiveram resultados que sugerem que isso acontece também no cérebro das moscas-da-fruta quando estas tentam caminhar em linha reta.

Para estudar este problema de forma mais aprofundada, a equipa de Eugenia Chiappe vai dispor, ao longo de cinco anos, de quase dois milhões de euros de uma Bolsa de Consolidação atribuída pelo Conselho Europeu de Investigação Científica.

“Tomás Cruz, então aluno de doutoramento no nosso laboratório, estudou como as moscas se moviam e pôde observar que a mosca anda para a frente em linha reta e que, a dada altura, vira, muda de direção”, explica Chiappe, acrescentando que os resultados obtidos ao longo da investigação sugerem que “o cérebro da mosca sabe que o corpo da mosca está a desviar-se, tendo a capacidade de estimar esse desvio, esse erro”.

Com a ajuda do novo financiamento, um dos objetivos da equipa é perceber, ao nível neuronal, de onde vem essa capacidade e ainda como a mosca decide, com base na estimativa de erro feita pelo seu cérebro, corrigir esse erro virando o corpo de uma determinada maneira.

Os investigadores têm ainda um segundo objetivo: perceber como é que a mosca, depois de integrar a informação fornecida pelo cérebro sobre o desvio de trajetória, toma uma decisão.

“Sabemos muito pouco sobre a forma como os organismos integram a informação proprioceptiva (a propriocepção é a perceção da posição das diversas partes do corpo), a informação visual e a informação vinda de outros sinais internos que têm a ver com a locomoção”, diz Chiappe.

Segundo a investigadora, a mosca-da-fruta e, em particular, o seu sistema nervoso, são o modelo experimental ideal para levar a cabo a investigação.

“Com cerca de 250 mil neurónios (incluindo o cérebro e a medula espinal), o sistema nervoso da mosca é suficientemente compacto e ao mesmo tempo suficientemente complexo”, explica a fundação acrescentando que, graças a avanços recentes, este foi mapeado de uma forma precisa e global, o que permite “dissecar” o seu funcionamento através de técnicas de ponta como a optogenética.

As bolsas do ERC existem desde 2007 e financiam investigação de ponta. Segundo informação disponível no site da Comissão Europeia, as Consolidator Grants são “concebidas para sustentar investigadores principais de excelência numa fase da sua carreira em que podem ainda estar a consolidar a sua própria equipa de investigação ou programa independentes”

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