Medo cancela viagem de Natal a milhares de emigrantes
No verão, apenas cerca de metade dos emigrantes veio gozar as férias. Agora serão “muito menos”, estima a secretária de Estado das Comunidades. A quarentena, o receio de contágio e a perda de rendimentos são motivos para passarem as festas nos países de residência.
A grande maioria dos emigrantes vai celebrar o Natal nos seus países de residência. A obrigatoriedade de quarentena, a gravidade da segunda vaga da pandemia, o risco de infetar ou ser infetado, a perda de rendimentos, a insegurança laboral e a incerteza sobre os próximos tempos são os principais motivos que levam milhares a adiar a tradicional visita a Portugal, tal como aconteceu para muitos no verão.
As estimativas do Governo apontam para que, nessa altura, apenas cerca de metade tenha optado por gozar férias na terra natal. Agora, a expectativa é que sejam “muito menos”, afirma ao JN a secretária de Estado das Comunidades, Berta Nunes: “A Europa atravessa uma situação mais deliciada e há mais países que estão a exigir quarentena, quando no verão era apenas o Reino Unido.”
O presidente do Conselho Regional da Europa do Conselho das Comunidades, residente na Bélgica, Pedro Rupio, estima que apenas 10 a 20% venham passar esta época. “A quarentena afasta, sim, mas o que sinto é que, mesmo antes dessa imposição, as pessoas já tinham decidido não ir, porque o número de casos não diminuiu o que se esperava em Portugal e na maioria dos países da Europa.”
A perceção é transversal aos outros oito conselheiros ouvidos pelo JN: “Há uma questão de responsabilidade: os mais jovens têm medo de contaminar os avós e os mais idosos de serem infetados. E as viagens também estão muito caras e ou a pessoa está bem financeiramente ou tem receio do futuro”, explica Luísa Semedo, em França.
São várias as condicionantes, acrescenta Domingos Pereira, da Suíça, país cujas autoridades recuaram na decisão de impor uma quarentena a quem regressa de Portugal. “É uma boa notícia para uma margem significativa de compatriotas que já tinham programado a viagem, mas penso que a maioria não irá por medo, por causa das restrições em Portugal e que aqui também estão a colocar, pela incerteza do que está para vir, há empresas a abrir falência, hotéis e restaurantes que fecharam”.
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