Centenas de pessoas caem nas ruas devido à pandemia
Enquanto o apelo mais ouvido no país era “fiquem em casa”, chegavam às ruas de Lisboa centenas sem possibilidade de cumprir o dever de confinamento.
Associações que trabalham diariamente com sem-abrigo estimam “um grande aumento” de pessoas nesta situação. A Comunidade Vida e Paz diz que “há mais 400 nas ruas a pedir refeições, não necessariamente sem teto”. A Câmara de Lisboa criou quatro centros de acolhimento, nos últimos dois meses, com capacidade para 220 sem-abrigo. Nestes centros já passaram mais de 500, mas destes 98 já arranjaram casa e 45 emprego.
Quando as universidades encerraram, durante o estado de emergência, Valéria Mendes, 54 anos, ficou primeiro sem emprego e, depois, sem casa. “Trabalhava umas horas na cantina do Instituto Universitário de Lisboa a recibos verdes. Fiquei sem dinheiro para pagar a renda e a senhoria pediu-me para sair”, recorda. Quase três meses depois, já no centro de acolhimento para sem-abrigo na Pousada da Juventude do Parque das Nações, procura emprego e sonha com o dia em que voltará a ter a sua casa.
“Aqui consegui voltar a focar-me nos meus objetivos. Acredito que assim que voltar a ter uma fonte de rendimento conseguirei ter a minha casa”, diz, otimista. Natural de Minas Gerais, no Brasil, chegou a Portugal há dois anos à procura de uma vida melhor, mas a pandemia alterou-lhe os planos. “Vim para cá para trabalhar, não para pedir uma esmola. Infelizmente, o setor da restauração foi muito afetado e agora tenho de procurar emprego na área da limpeza, que acho que está com mais saída”, diz.
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