Ninguém pode, nem deve, ficar triste

Depois de eleições tiram-se as conclusões, durante a campanha para a escolha do/a novo/a presidente de Câmara da cidade de Toronto as sondagens davam uma vitória absurda à Olivia Chow. Eu em determinada altura disse que não era possível as sondagens que saíam para a praça pública estarem corretas. Nunca acreditei nos resultados das sondagens. Pode não ter sido o caso, mas muitas vezes quase que me davam a entender que certa comunicação social estava a dar um forte empurrão a Olivia Chow, nunca percebi porquê, como também ainda não percebi a sua vitória. Estranho seja que ninguém queria que a senhora ganhasse, mas acabou por ganhar.

Com todo o respeito e eu não sou racista, mas se bem se lembram na noite da vitória de Olivia Chow bastou olhar para o tipo de pessoas que estavam presentes e deu para perceber muito bem o que aconteceu. No caso contrário, os presentes mostravam outra atitude e notava-se que eram pessoas dedicadas e com outro tipo de responsabilidade. Isto para dizer que a cidade de Toronto atravessa uma fase um pouco crítica e o futuro pode não ser risonho para muitos. Desejo as maiores felicidades à vencedora e que consiga colocar Toronto onde merece estar. Não vai ser um mandato fácil. Acredito que seria mais fácil para a Ana com o manifesto que apresentou. As propostas apresentadas pela vencedora ainda não me convencem que vai ser assim como a mesma prometeu. Se alguma coisa conseguir preparem-se para o aumento das taxas a curto prazo, sem apoios do governo provincial e federal a nova presidente não vai a lado nenhum. Vamos esperar para ver e no final do mandato fazer avaliações porque daqui a 3 anos volta a haver eleições. Até lá quer a gente goste ou não Olivia Chow é a nova presidente.

Na realidade, ninguém gosta de perder. Nós portugueses não gostamos, como nos custa assumir uma derrota, mas no fundo a comunidade está toda de parabéns! Os voluntários estiveram à altura esperada, os clubes souberam dar o seu contributo, estiveram presentes sempre que necessário, isso foi muito importante. A nossa amiga Ana Bailão esteve ao mais alto nível, fez uma campanha com muita qualidade, defendeu-se muito bem em quase todos os debates, não se pode apontar falhas a ninguém. Basta olhar para o mapa da cidade depois da contagem e percebe-se muito bem que a pouca diferença uma da outra foi conseguida na baixa de Toronto. Na minha opinião, a Ana Bailão saiu de cabeça erguida. Uma senhora de excelência que mais uma vez colocou o nome da comunidade no ponto mais alto e isso tornou-se possível pela pessoa que é, amável, inteligente, dedicada e criativa. Muitos parabéns pela coragem e pela forma como se apresentou no final da contagem – com uma veia política a dar notas que vai estar atenta e continuar a trabalhar para o melhor da cidade, isso é o mais importante.

Conta a lenda de Viana que um certo dia um príncipe que navegava nas águas do rio Lima, tinha conhecimento que no castelo na foz residia uma menina chamada Ana, ele não desistiu enquanto não lhe viu os olhos e um dia teve a sorte da Ana estar à janela e o mesmo gritou, “hei vi Ana no castelo!”, muito alto continuou a gritar. Eu digo o mesmo e espero que um dia a comunidade consiga gritar “eu vi Ana a presidente da Câmara de Toronto!” O tempo o dirá… baixar os braços não é tarefa de português, somos conquistadores e lutadores pelas causas de que gostamos.

Muitos parabéns Ana e todos envolvidos na sua campanha!

Para quem não teve conhecimento dos votos ficam aqui os resultados dos três primeiros lugares: Olivia Chow venceu com 269,372 votos – 37.2%, Ana Bailão em segundo com 235,175 votos – 32.5%, Mark Saunders em terceiro com 62,167 votos – 8.6%, como podem ver a diferença entre o vencedor e o segundo é mínima.
Vamos continuar a apoiar e a trabalhar para a união, precisamos de mais pessoas envolvidas.
Bom fim de semana.