Augusto Bandeira

Ainda se vão desenrolar muitos novelos de linha

Greenbelt

 

Será que se vive uma situação onde meia dúzia pode e quer e, sem problemas, consegue ultrapassar tudo e por cima de todos? Depois da novela, que ainda vai a meio, o Governo do Ontário diz que não vai desistir de construir na área protegida, “Greenbelt”.

Isto é caso para dizer, para onde vamos com políticos já que não se respeita nada? É tudo na base de interesses. Que não nos venham dizer que ninguém teve tratamentos e informações especiais durante o processo de abertura do Greenbelt para construção de moradias, porque só mesmo quem não vê com bons olhos é que acredita. Então, se alguns dos construtores já eram donos de algumas terras no Greenbelt, de certeza que receberam informações e foram tratados de forma diferente e informados em primeira mão e por isso os próprios se envolveram. Em qualquer parte do mundo, num país democrata e que se cumpram as leis, isto é considerado um crime. Esta história já começa a ser muito confusa. Ora, se há um relatório da Auditora Geral, Bonnie Lysyk, que descobriu que o processo foi a favor de certos construtores e ainda há a prova que muita coisa foi combinada, foi influenciada, para beneficiar um grupo, agora o Governo do Ontário anda a entreter as pessoas com publicidades que aparecem em tudo o que é possível, dizendo que tudo isto é para construir casas que tanta falta fazem, e que a curto prazo são precisas 50,000? Agora falta saber de onde vai sair a mão de obra para construir essas casas, mas mesmo sendo verdade, e todos sabemos que fazem falta, há outras terras que não são protegidas onde se pode construir. 

Segundo o que Lysyk descobriu, as coisas não estão muito bem esclarecidas porque ela diz no relatório que 83% das terras que foram retiradas da área protegida, sem consultar os ambientalistas, nem as próprias pessoas, são terras agrícolas de maior qualidade da província. Será que a justiça vai fechar os olhos, neste processo? No mesmo relatório diz que as terras não contemplam os critérios ambientais para se poder construir. Eles sabiam, mas mesmo assim seguiram em frente, em vez de procurar outras parcelas de terra para construir, quer isto dizer que houve informação privilegiada e interesses pessoais. Para um bom político e honesto, como dizem eles que são, agora só tinham uma saída, demitirem-se e assumirem os erros. Depois do vasto relatório e da prova de que foi tudo por influência, por parte de um grupo de construtores, que se conseguirem seguir em frente, como assim se prevê, os mesmos vão ganhar bilhões, nesta altura já se pode colocar uma questão: alguém pode impedir que se continue? 

Será que há possibilidades de impedir? Notícias vindas a público dizem que a polícia provincial do Ontário, pode apresentar acusações criminais e que tem acesso a ferramentas de investigação mais amplas do que a auditora geral Bonnie Lysyk não teve, nem tem. Dizem que está em análise se há ou não provas suficientes para iniciar uma investigação completa. Também há outras formas de se impedir, que são os municípios – eles podem recusar qualquer pedido de desenvolvimento que seja feito aos conselhos locais, e a prova disso é que quem o diz é Tim Gray, diretor executivo do grupo de defesa Ambiental. E depois ainda há os tribunais, que se podem pronunciar, de certeza que algumas contestações judiciais vão estar no ar logo que o Governo do Ontário ou os construtores se mobilizem para iniciarem a construção nas terras que pertenciam à área protegida, Greenbelt. Isto também foi dito, em meias palavras, pelo Gray, e como se ouviu recentemente em notícias, a defesa ambiental tem pessoas no terreno a ver as movimentações de camiões e equipamentos pesados e está pronta para entrar com processos na justiça, se houver oportunidade. Tudo vai ser muito rápido porque envolve bilhões e, infelizmente, anda tudo atrás do mesmo.

Ainda se vão desenrolar muitos novelos de linha até que tudo esteja legalmente pronto, agora depende de como a justiça vai funcionar. Que isto se pode considerar um crime, é verdade.

Bom fim de semana. 

Augusto Bandeira

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