Essa semana eu vivi duas situações distintas em que eu fui testada pela vida. Eu poderia muito bem agir, aliás, reagir da mesma forma que vim reagindo ao longo da minha jornada, com impulsividade na hora da raiva, por alguém ter me ferido ou me magoado. Mas consegui parar para refletir e não revidar na mesma proporção da ofensa e é por isso que abordo este tema na coluna desta semana. Parece que a vida quer me ensinar e me fazer melhorar nesse quesito! É um jeito interessante de pensar, não é mesmo?
A realidade é que a gente vive num mundo onde a reciprocidade muitas vezes parece ser a linguagem predominante. Diante de desafios e conflitos, a tentação de revidar na mesma moeda pode ser avassaladora. No entanto, proponho que consideremos uma abordagem diferente, uma arte delicada e poderosa: a prática de não revidar na mesma moeda.
Quando somos confrontados com injustiças ou ofensas, nossa primeira reação muitas vezes é responder na mesma intensidade, buscando equilibrar as escalas da justiça percebida. No entanto, ao fazê-lo, corremos o risco de perpetuar um ciclo de negatividade, alimentando um fogo que poderia ser extinto com escolhas diferentes.
Não revidar na mesma moeda não é sinal de fraqueza, mas de força interior. É a habilidade de resistir à impulsividade, de não permitir que as ações dos outros ditem as nossas próprias. É um ato consciente de se elevar acima da negatividade e buscar soluções construtivas.
Essa prática não nega a importância da autodefesa ou da assertividade. Pelo contrário, implica em encontrar maneiras mais nobres e eficazes de lidar com conflitos. Ao invés de perpetuar a escalada de hostilidade, podemos escolher a empatia, a comunicação aberta e o entendimento.
Ao adotar essa postura, não estamos ignorando as emoções que as situações desafiadoras nos despertam. Estamos, na verdade, reconhecendo-as e optando por respondê-las com uma calma mais racionalizada. Isso não apenas preserva nossa própria paz interior, mas muitas vezes desarma o antagonismo, surpreendendo aqueles que esperam uma retaliação.
Não revidar na mesma moeda é uma forma de resistência silenciosa. É a recusa em ser arrastado para a lama da discordância, escolhendo, em vez disso, permanecer no terreno elevado da integridade pessoal. É uma afirmação de que somos capazes de influenciar positivamente mesmo nas situações mais desafiadoras. Portanto, essas situações que me aconteceram quase que concomitantemente, me fizeram caminhar mais ao lado da maturidade e menos da impulsividade. Inclusive, me ajudou a me inspirar e escrever este tema para poder despertar a reflexão em quem está passando por isso. Quero te fazer um convite: considere a arte de não revidar na mesma moeda como uma expressão de força interior e sabedoria. Nas interações diárias, nas relações interpessoais e nas batalhas cotidianas, é importante nos permitir explorar alternativas que promovam a paz e a construção em vez da retaliação.
Um dia eu ouvi uma frase – não me pergunte onde, porque a memória não é muito boa – e tento guardar dentro do âmago do meu ser: “Na grande sinfonia da vida, que nossas escolhas ressoem como notas de compaixão, entendimento e crescimento pessoal”.
Adriana Marques/MS
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