Oh Canadá!
Eh! O dia 1 de julho é o Dia do Canadá e este ano celebram-se 154 anos da fundação deste país. Esta terra esculpida de campos desnivelados, montanhas rochosas e oceanos magníficos já percorreu um longo caminho desde que foi ocupada pelos britânicos, americanos e franceses. A invasão destruiu a cultura indígena que hoje é o foco de um genocídio cultural devido ao tratamento racista da sua população nativa.
Vamos celebrar! Mas celebrar o quê? Ao longo dos anos, o Canadá desenvolveu a reputação de melhor país referente à tolerância e aceitação de minorias. A sério? Martin Luther King disse “não nos lembraremos das palavras dos nossos inimigos, mas sim do silêncio dos nossos amigos”. Muito apropriado aos tempos em que vivemos, tendo em conta que a maioria de nós permanece em silêncio perante os problemas negativos que o Canadá enfrenta.
Canadá, 10 Províncias e três Territórios que abrangem a maior linha costeira do mundo, composto por dois milhões de lagos. O “Great White North” é a terra do maple syrup, do majestoso alce, do hóquei no gelo, do poutine, da cortesia extrema e, não vamos esquecer, do castor. Este animal consegue fechar rios e riachos e causa confusão na mente das pessoas e, por isso, foi nomeado como o emblema da soberania canadiana. Proteja o castor assim como protegeria o próprio país. Como canadianos, a nossa peculiaridade e autossuficiência traz elogios do resto do mundo e o Dia do Canadá serve para nos unirmos de costa a costa.
Este ano, o primeiro-ministro Trudeau está a pedir aos canadianos que usem o dia 1 de julho como um dia para refletir em vez de celebrar, mas será que os canadianos realmente celebram ou apenas usam este dia como uma desculpa para ter um dia de folga no trabalho? O que o primeiro-ministro deveria ter dito é que devemos usar o dia 1 de julho como um dia para compreender e aceitar as nuvens negras que pairam sob esta magnifica terra, como resultado da inação governamental e da ignorância da população acerca do povo indígena. Os movimentos culturais de cancelamento estão a destruir-nos e este grande país irá precisar que cada cidadão faça uma introspeção sobre aquilo que este país deveria ser. Este não é um momento para o Canadá festejar, mas sim para avaliar a liderança política, cultural e religiosa que nos trouxe até aqui.
É repugnante ouvir o Padre Richard Gagnon, o líder dos Bispos Católicos do Canadá, sugerir que a Igreja Católica não é responsável pela produção de documentos sobre as escolas residenciais indígenas, já que eram da responsabilidade de outros ramos da hierarquia eclesiástica. Segue uma doutrina de Roma, mas não assume responsabilidade por atos criminais e de genocídio.
A Igreja Católica irá sofrer durante muitos anos devido à negação da sua responsabilidade, enquanto muitos católicos irão questionar a sua relação com a Igreja. Já arderam quatro igrejas, e ainda mais serão incendiadas. Está na altura de os canadianos encontrarem todos os locais de enterro e trazerem as crianças indígenas de volta a casa. Talvez assim, a ignorância se dissipe e se possa iniciar a reparação.
Concluindo, o Canadá é uma combinação de etnias, contudo, permanecerá a falta de aceitação de cores e estereótipos por parte de um segmento da população, mesmo que tenham nascido neste país. Quando este país foi fundado, o primeiro-ministro John MacDonald tinha um lema “Mate o Índio e Salve o Homem” e “Tire o Índio da criança”. Após 154 anos, trata-se de ignorar um problema que não irá desaparecer porque na mente de muitos, ainda se aplicam os mesmos lemas. Todos nós nos debatemos com as duras verdades sobre a fundação deste país, ignorando-as enquanto outros lidam com os factos com culpa e raiva. A honestidade e a verdade podem trazer perdão ao homem branco.
Um país é a soma do seu povo. Para celebrar este país temos de nos sentir parte dele e contribuir todos os dias para a sua melhoria.
Oh Canada, a nossa casa e terra nativa…
Manuel DaCosta/MS
Oh Canada!
Eh! July 1st is Canada Day celebrating 154 years of the founding of this country. This land carved out of rugged fields, rocky mountains and sparkling oceans has come a long way since it became occupied by British, Americans and French. The invasion destroyed an indigenous culture which today is the focus of cultural genocide due to racist treatment of its native population.
Let’s celebrate! But celebrate what? Canada has over the years developed a reputation of being the best country for tolerance and acceptance of minorities. Really? Martin Luther King once said “we will not remember the words of our enemies but the silence of our friends”. How appropriate for the times we live in since most of us remain silent in the face of the negative issues facing Canada.
Canada, 10 provinces and 3 territories encompassing the longest coastline in the world and having within its body 2 million lakes. The “Great White North” is the land of maple syrup, the majestic moose, ice hockey, poutine, extreme politeness and let’s not forget, the beaver. This animal can close rivers and streams and cause confusion in people’s minds thus was named as the emblem for Canadian sovereignty. Protect the beaver as you would the country itself. As Canadians our uniqueness and self-reliance brings accolades from the rest of the world and Canada Day is to bring us together from coast to coast to coast.
This year, Prime Minister Trudeau is asking Canadians to use July 1st as a day of reflection rather than celebration, but do Canadians really celebrate or just use it as an excuse to take a day off work? What the Prime Minister should have said is that we should use July 1st as a day to understand and accept the dark clouds hovering this great land as a result of government inaction and populace ignorance about our indigenous population. The cancel culture movements are tearing us apart and this great country will need every citizen to do a personal introspective of what this country should be. This is no time for a hurray for Canada but to evaluate our political, cultural and religious leadership that brought us here.
It is disgusting to hear Rev. Richard Gagnon the leader of the Catholic Bishops in Canada suggest that the Catholic Church is not responsible to produce documents about the indigenous residential schools since they were the responsibility of other branches of the church hierarchy. Follow a doctrine from Rome but assume no responsibility for criminal and genocidal actions.
The Catholic Church will suffer for many years to come due to lack of acceptance of responsibility, while many Catholics will question their relationship with the church. Four churches already burned down and more to come. It’s time for every Canadian to find every burial site and bring every indigenous child home. Perhaps then the stench of ignorance will dissipate and reparation can begin.
The bottom line is that Canada is a combination of ethnicities, however, lack of color acceptance and stereotype markers by a segment of the population will continue even if you were born in this country. When this country was founded, Prime Minister John MacDonald had a saying “Kill the Indian and Save the Man” and “Take the Indian out of the child”. After 154 years it’s about ignoring a problem which will not go away because in the minds of many, the same sayings still apply. We all struggle with the hard truths about the founding of this country by ignoring them while others deal with the facts with guilt and anger. Honesty and truth may bring forgiveness to the white men.
A country is a sum of its people. To celebrate this country we need to feel part of it and contribute every day for its betterment.
Oh Canada, our home and native land….
Manuel DaCosta/MS
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