QATAR2022Portugal

PS, PSD e PCP aprovam deslocação de Marcelo ao Catar

Presidente Marcelo Rebelo de Sousa e Juiz Conselheiro Henrique Araújo no encerramento do XVI Encontro Anual do Conselho Superior da Magistratura
Vila Nova de Gaia, 21/10/2022 – Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República, e Juiz Conselheiro Henrique Araújo, presidente do Supremo Tribunal de Justiça e do CSM, no encerramento do XVI Encontro Anual do Conselho Superior da Magistratura (CSM).
(André Rolo / Global Imagens)

 

PS, PSD e PCP aprovaram esta segunda-feira o parecer da Comissão de Negócios Estrangeiros que autoriza a deslocação do presidente da República ao Catar, que mereceu votos contra de IL e BE e abstenção do Chega.

PAN e Livre não têm assento na Comissão parlamentar de Negócios Estrangeiros, onde decorreu esta segunda-feira a votação. A autorização da deslocação do chefe de Estado para ver o primeiro jogo da seleção nacional de Futebol no Mundial 2022 do Catar será votada na terça-feira pelo plenário da Assembleia da República. O presidente da República não pode ausentar-se do território nacional sem o assentimento da Assembleia da República, de acordo com a Constituição.

O presidente da Comissão de Negócios Estrangeiros, o socialista Sérgio Sousa Pinto, considerou que este dispositivo constitucional não foi criado para que se façam “avaliações de mérito” sobre as viagens do Presidente da República, dizendo que tal seria criar uma relação desequilibrada entre a Assembleia da República e o chefe de Estado. “Os deputados no exercício da vossa liberdade política poderão exprimi-la e votar sendo que, a posição que me parece a mim razoável, é que o voto da Comissão de Negócios Estrangeiros não exprime nenhum juízo de valor ou do mérito sobre as deslocações do Presidente da República, no livre exercício das suas funções”, referiu.

No entanto, dias antes na CNN Portugal, Sérgio Sousa Pinto disse concordar com o colega de painel e comentador Sebastião Bugalho, que afirmou que “relativizar estas quebras de direitos humanos no Catar não fica bem ao nosso poder político”.

Também este domingo, a deputada socialista Alexandra Leitão disse que “Portugal não deveria fazer-se representar ao mais alto nível” no Mundial de futebol. A antiga ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública considerou, no programa “Princípio da Incerteza” da TSF e da CNN Portugal, que o Catar é um Estado “autocrático, xenófobo e homofóbico, que, do ponto de vista dos direitos humanos, não merece nenhum respeito”.

Já a antiga eurodeputada socialista Ana Gomes afirmou na SIC Notícias que “Portugal não se devia fazer representar no Catar. Este é o Mundial mais corrupto de sempre”.

Parlamento não deve intervir, dizem alguns

Na votação na Comissão de Negócios Estrangeiros, o deputado social-democrata Tiago Moreira de Sá defendeu que se estaria a entrar em “campos perigosos” se o parlamento pudesse “definir a agenda política do Presidente da República”. “A decisão, ao fim do dia, é apenas do Presidente da República. Vamos aprovar como sempre fizemos”, justificou, acrescentando, numa segunda ronda, que o Mundial do Catar “é uma vergonha para quem decidiu fazê-lo”.

Na mesma linha, o deputado do PS Francisco César considerou que a Constituição é clara: “O parlamento deve dar assentimento à ausência do território nacional e não dar parecer em relação ao objeto da deslocação”, afirmou. “O que se coloca é saber se a ausência do Presidente da República causa alguma perturbação na ordem interna ou no normal funcionamento das instituições, tudo o resto não está sob alçada da Assembleia da República”, defendeu, acrescentando que “o PS mantém a sua condenação a todos os regimes que violem direitos humanos”.

A líder parlamentar do PCP, Paula Santos, exprimiu a condenação do partido pela exploração dos trabalhadores no Catar, mas considerou que esta posição “não tem de passar por opções de boicote da participação ou acompanhamento institucional” à seleção no Mundial do Catar. “O PCP não se irá opor à deslocação do Presidente da República. No quadro das suas competências, a Assembleia da República tem competência de autorizar a deslocação, mas não define a agenda do Presidente”, justificou.

Por seu turno, o deputado do Chega Diogo Pacheco de Amorim defendeu que “não faz sentido” que o parlamento se pronuncie sobre as viagens do Presidente da República, mas, uma vez que assim acontece, “não cabe aos partidos assinarem de cruz”. Neste caso, o Chega considerou que o apoio do Presidente da República à seleção nacional “faz sentido e é importante”, tendo decidido não obstaculizar a viagem e abster-se.

Condenação de violação de direitos humanos

O líder parlamentar da IL, Rodrigo Saraiva, manifestou a posição de que o parlamento “tem de se pronunciar politicamente” sobre as deslocações presidenciais. “Quando um regime que não respeita os direitos humanos tenta ter validação internacional, as mais altas figuras do Estado não podem marcar presença para fazer essa validação”, defendeu, justificando o voto contra.

No mesmo sentido, o deputado do BE José Soeiro considerou que, se a Assembleia da República é chamada a pronunciar-se sobre a deslocação, também deveria “fazer uma avaliação política”. “O Presidente da República não deveria fazer essa deslocação e assumir a posição de condenação da reiterada violação dos direitos humanos”, considerou.

Para o deputado do BE, este será “o Mundial da vergonha” e o Estado português deveria “ser consequente e não se fazer representar”, tal como o partido defende num projeto de resolução em que recomenda ao parlamento e ao Governo que não vão ao Catar. José Soeiro pediu que essa resolução — a par de outras semelhantes de outros partidos — pudesse já ser hoje votada na Comissão, mas o presidente recusou, uma vez que os projetos não foram ainda distribuídos pela Mesa da Assembleia da República.

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