Nove dos 17 casos positivos dos Açores relacionados com cruzeiro no Dubai
Os Açores têm 17 casos confirmados de covid-19, nove dos quais de pessoas que estiveram a bordo de um cruzeiro no Dubai, para o qual a Autoridade de Saúde Regional vai alertar as congéneres nacionais e internacionais.
“Iremos também articular com as autoridades de saúde a nível nacional, para que possam fazer o rastreio dos contactos dos casos positivos que se encontram no continente, bem como dar nota às autoridades de saúde a nível internacional, porque efetivamente conseguimos detetar que há aqui um ponto comum: este cruzeiro que esteve no Dubai no início do mês de março”, adiantou hoje o responsável da Autoridade de Saúde Regional, Tiago Lopes, numa conferência de imprensa, em Angra do Heroísmo.
Em causa está um cruzeiro com destino ao Dubai, realizado de 07 a 14 de março, no navio MSC Belissima.
Num levantamento feito em conjunto com a Secretaria Regional do Turismo dos Açores, foram identificados 17 açorianos que estiveram no mesmo navio de cruzeiro, 11 dos quais infetados pelo novo coronavírus, estando nove nos Açores e dois em Lisboa.
Entre os restantes, três obtiveram resultado negativo, um foi inconclusivo e um está à espera de colheita laboratorial, nos Açores, estando ainda um açoriano em quarentena em Lisboa.
O primeiro caso positivo identificado nos Açores, relacionado com este cruzeiro, uma mulher de 49 anos residente na ilha de São Jorge, foi detetado no dia 18 de março, mas na altura a Autoridade de Saúde Regional não revelou a origem da infeção.
No dia 21, foi detetado um segundo caso na ilha de São Jorge (o quarto nos Açores), uma mulher de 60 anos que tinha estado no mesmo cruzeiro, tendo sido revelado apenas que integrava “um grupo de oito pessoas que fez uma viagem ao estrangeiro”.
Na sequência destes dois casos, a Autoridade de Saúde Regional decidiu fazer análises a todas as pessoas do arquipélago que tinham estado no cruzeiro, mesmo sem terem sintomas de covid-19, tendo sido confirmados outros cinco casos positivos, no dia 22, na ilha de São Jorge, e outros dois hoje na ilha de São Miguel.
Questionado sobre o porquê de só hoje ter sido feito um apelo para que a população que tenha estado a bordo do navio de cruzeiro entre em contacto com a Linha de Saúde Açores, Tiago Lopes disse que a Autoridade de Saúde Regional esteve nos últimos dias a identificar os contactos próximos das pessoas infetadas e que o apelo é feito como alerta para as autoridades nacionais e internacionais.
“Importa dar nota desta situação para que as autoridades a nível nacional e internacional também possam ter conhecimento desta situação e desencadearem localmente todos os procedimentos para poderem rastrear epidemiologicamente esta situação”, justificou, alegando que há conhecimento de terem estado pessoas de nacionalidades francesa e inglesa a bordo do mesmo navio.
Os Açores têm atualmente 17 casos confirmados de covid-19 (sete na ilha de São Jorge, quatro em São Miguel, quatro na Terceira, um no Faial e um no Pico), 33 casos suspeitos e 1.980 vigilâncias ativas.
Segundo Tiago Lopes, todos os casos positivos estão “clinicamente estáveis, sem qualquer tipo de agravamento do seu estado clínico” e apenas quatro estão internados.
O responsável pela Autoridade de Saúde Regional reiterou que não há na região “transmissão local”, frisando que as pessoas infetadas ou estiveram no exterior ou tiveram contacto com passageiros infetados num avião ou num navio.
Tiago Lopes admitiu que a transmissão local será “praticamente inevitável”, mas sublinhou que a evolução do surto dependerá da atitude e do comportamento da população.
“Ainda estamos em condições de contermos a transmissão local”, avançou, alegando que a maior parte das pessoas infetadas evitou a interação social.
A exceção, disse, foi um “agregado familiar um pouco mais rebelde” na ilha de São Jorge, que “saiu algumas vezes de casa”, mas o familiar da pessoa infetada teve hoje resultado negativo.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 400 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram cerca de 18.000.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
De acordo com o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, em Portugal, há 33 mortes e 2.362 infeções confirmadas.
Lusa
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