Com ou sem meias?
Quando o frio se começa a fazer sentir todas as estratégias são boas para nos aquecermos… Ou, pelo menos, é o que normalmente pensamos! Mas na realidade pode não ser bem assim.
Para além das já conhecidas dicas para dormirmos como um bebé – que englobam descansar cerca de oito horas, não nos expormos à “luz azul” emitida por dispositivos como a televisão e telemóvel pelo menos uma hora antes de ir para a cama, beber um chá que nos ajude a relaxar e a induzir o sono, como o de camomila, manter uma boa alimentação e praticar exercício físico, entre outras – existe também uma “técnica” muito usada para ficarmos mais confortáveis enquanto dormirmos.
Passa por calçarmos umas meias, que não raras vezes chegam a ficar por cima das calças do pijama para não dar hipótese de passagem a qualquer brisa gelada.
Funciona, é verdade, mas na realidade os especialistas estão longe de chegar a um consenso se o devemos ou não fazer.
UMA QUESTÃO DE TEMPERATURA
Mas se estamos com frio, qual será o mal em utilizarmos umas simples meias para ficarmos mais confortáveis? A explicação é dada por Alexandre Aranda, neurologista e especialista em sono, em declarações à Madame Figaro, uma revista de moda feminina: “estudos mostram que para dormir melhor, é preciso até tirar os pés para fora da cama. Isto permite-lhe baixar ou regular a sua temperatura corporal, como fazem os bebés, que muitas vezes têm um pé ou uma mão lá fora.”
Ou seja, segundo o neurologista, dormir com meias calçadas não é de todo benéfico para a necessidade que o nosso corpo tem de ir regulando a temperatura ao longo da noite. E porquê? Tem tudo a ver com uma questão de timing: podemos e devemos, segundo Alexandre Aranda, calçar meias “30 a 90 minutos antes de ir para a cama” para melhorarmos a qualidade do nosso sono, mas depois devemos retirá-las, para que possibilitemos a regulação natural da temperatura corporal, como falámos anteriormente.
O neurologista alerta ainda que o facto de comermos ou praticarmos desporto muito perto da hora de dormir são fatores que podem também aumentar “a temperatura corporal, atrasando ou mesmo bloqueando o sono”.
OS “DEFENSORES DAS MEIAS”
Francisco Puertas, médico neurofisiologista e especialista do sono, defende também que a temperatura corporal é essencial para uma noite bem dormida, explicando que a mesma tem de baixar entre 0,5ºC e 0,8º Celsius para que o nosso cérebro perceba que é hora de dormir e, assim, facilitar o processo do sono. “Temos de dilatar os vasos sanguíneos das mãos e dos pés para aumentar a circulação nessas regiões e permitir ao corpo perder um pouco de calor”.
Ainda assim, num artigo publicado em abril deste ano pelo Journal of Physiological Anthropology, os investigadores concluíram que o uso de meias teve “efeitos positivos na qualidade do sono” em seis jovens que participaram no estudo: para além de ter diminuído “o tempo que os participantes demoraram para adormecer” também “diminuiu as vezes em que eles acordaram durante a noite”, esclareceram os investigadores da Universidade Nacional de Seul.
Já em 2006, numa outra pesquisa em que participaram oito jovens, oito idosas e outras oito pessoas com problemas no sono, foram recolhidos resultados semelhantes. “Em adultos, o início do sono foi acelerado com meias”, concluiu a investigação do Instituto de Neurociência da Holanda e da Universidade Vrije de Amesterdão.
NA DÚVIDA… O MELHOR É EXPERIMENTAR!
A ciência e os especialistas parecem ainda não ter chegado a um entendimento sobre se existe realmente algum benefício – ou malefício – em usarmos meias para dormir. Assim sendo, o melhor mesmo é experimentarmos e percebermos o que resulta melhor para nós!
E vocês: são “team meias” ou “team pé ao léu”?
Inês Barbosa/MS
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