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Fado, Saudade e Alma – caminho artístico de Carminho

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No seio da Lisboa pitoresca, onde as guitarras sussurram e as vozes ecoam em melodias tristes e apaixonadas, nasceu Carminho, filha da fadista consagrada Teresa Siqueira. Criada num ambiente em que o fado é mais que música, é a própria alma da cidade, Carminho absorveu desde cedo os ecos das guitarras e a intensidade das vozes que preenchiam o ar. A sua relação com o fado era inata, e assim, aos 12 anos, ousou pela primeira vez mostrar a sua voz com ao público, no imponente Coliseu dos Recreios, um marco que marcaria o início de uma carreira brilhante. Mas, apesar da chamada precoce ao palco, Carminho andou por outros mundos antes de se entregar completamente à música.

Licenciou-se em Marketing e Publicidade, percebendo que, para explorar o mundo do canto, precisava de maturidade e experiências que apenas a vida lhe poderia proporcionar. E assim, decidida a adquirir uma bagagem de histórias e sentimentos, embarcou durante um ano em viagens pelo mundo e missões humanitárias. Essa pausa musical foi essencial para que, quando regressa à sua Lisboa, a sua voz carregasse não apenas notas musicais, mas também as cores e os sons do mundo. Em 2009, finalmente sentiu que era hora de dar vida ao seu sonho musical. “Fado”, o seu álbum de estreia, surgiu como um grito apaixonado, mostrando o pulsar das suas tradições. O álbum conquistou o disco de platina, um feito notável, e chamou a atenção internacional, rendendo-lhe o prémio de melhor álbum de 2011 pela revista britânica “Songlines”.

A sua voz encheu a UNESCO em Paris, na candidatura do Fado a património mundial, e as suas músicas viajaram através da Europa numa digressão que provou a sua habilidade de tocar os corações e a alma além-fronteiras. Espanha também se curvou ao talento de Carminho, quando colaborou com Pablo Alborán em “Perdoname” e alcançou o topo de vendas espanholas, tornando-se a primeira artista portuguesa a fazê-lo.

 

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O segundo álbum, “Alma”, lançado em 2012, não apenas solidificou a sua posição na cena musical internacional, mas também a uniu ao Brasil. Parcerias com gigantes da música brasileira como Milton Nascimento, Chico Buarque e Nana Caymmi não apenas ampliaram o seu alcance, mas também aprofundaram uma conexão com as raízes musicais entre Portugal e Brasil. Essa ligação transatlântica cresceu ainda mais quando, em 2016, Carminho recebeu um convite especial da família de António Carlos Jobim. O resultado dessa colaboração foi o álbum “Carminho canta Tom Jobim”, gravado com a última banda que acompanhou Jobim ao vivo, ao lado de lendas como Chico Buarque, Maria Bethânia e Marisa Monte.

O reconhecimento e sucesso foram imediatos, com prémios e platinas recompensando um percurso musical ímpar. Em 2023, Carminho brinda o mundo com seu mais recente álbum, “Portuguesa”. Continuando a explorar as profundezas do fado. No palco está como peixe na água, confortável e envolvente. A voz, o talento, as composições e a sua perseverança continuam a ser aclamados pela crítica, reafirmando-a como uma artista única e inigualável.

Com a melodia do fado, Carminho provou ser mais do que a filha da fadista Teresa Siqueira. Ela conta histórias, é uma embaixadora musical que une culturas e corações através da sua voz. Está sempre a enriquecer a tradição do fado com os seus discos e ao mesmo tempo a mostrar ao mundo a sua própria visão contemporânea. Lança um olhar global sobre um género que tem raízes profundas, mas que continua a evoluir sob a tutela apaixonada de artistas como ela.

Paulo Perdiz/MS

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