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Covid-19

 

Todos temos bem presente o que vivemos a partir de março de 2020. Foi demasiado marcante para esquecer assim, nuns escassos quatro anos. Algumas das memórias perduram em forma de angústia, de aflição, de medo, mas também de força, de confiança e muito orgulho em quem nunca nos abandonou, prestando os cuidados e serviços necessários à nossa sobrevivência. Fomos obrigados a parar no tempo. E nessa clausura forçada pensámos todos na vida e na sua efemeridade. Fizemos promessas a nós próprios, garantindo que não voltaríamos à vida louca, acelerada em que andávamos. Em muitos casos foram promessas vãs, mas em muitos outros assumiram objetivos de vida, de um outro tipo de vida. A família e os amigos ganharam mais relevância e valor e o mundo do trabalho passou a ser encarado por muita gente de uma forma diferente. Deixou de ser o centro em torno do qual tudo gira, passou para um plano quase secundário para quem achou que depois da experiência traumática da pandemia devia “viver a vida”.

Fizemos uma única pergunta a várias pessoas – “Que impacto ainda tem, hoje em dia, a Covid, na sua vida?” – e estas foram as respostas que obtivemos.

Madalena Balça/Francisco Pegado/MS

 

Uma consciência maior quanto à proteção dos outros com qualquer sintoma gripal, porque não era do meu hábito usar máscara de proteção nesses casos, e após a pandemia passei a usar. Fora isso, o hábito constante de usar álcool para as mãos quando estou fora de casa. No mais, vida normal.

Claúdia Azevedo, 39 anos, Brasil

 

A COVID -19 teve um grande impacto em mim e na minha família, fez com que eu e meus entes queridos percebêssemos que saúde, família e amigos e criar memórias são o que levamos desta vida. Essa vida é preciosa e não deve ser subestimada pelo barulho da cidade. Isso me fez querer proteger a mim e aos entes queridos da melhor maneira possível. Também me fez perceber a importância de passar tempo juntos sem fazer nada, aceitar aproveitar o tempo juntos. Também ajudou a mim e minha família a valorizarmos uns aos outros e nossas qualidades.

J. Pacheco, 40 anos -Toronto, ON

 

Ainda tenho muito cuidado, quero dizer que quando eu saio de casa, eu ainda uso máscaras quando uso elevadores, até chegar ao meu carro, uso também quando vou fazer compras e tento me lembrar quando vou a algum restaurante e só as retiro quando vou beber ou comer. Ainda tenho o hábito de lavar minhas mãos ou usar o gel com frequência e tento não tocar nos meus olhos, nariz e boca. Portanto, continuo com os mesmos cuidados. Tenho todas as vacinas até agora, mas tenho cuidado, porque simplesmente não quero apanhar gripe ou Covid porque não quero ficar em casa ou contaminar meus amigos.

Teresa Oliveira, 69 anos – Portugal

 

A pandemia de COVID-19 continua a ter impactos positivos e negativos na minha vida. Os aspetos positivos são o facto de poder trabalhar a partir de casa, com uma equipa situada a centenas de quilómetros de distância. Tenho a possibilidade de me ligar virtualmente a pessoas com quem nunca teria tido contacto se a COVID não tivesse alterado a dinâmica do local de trabalho.
Quanto aos aspetos negativos, noto o impacto contínuo da pandemia nas minhas interações com os meus avós. Por exemplo, um dos meus avós vive num lar de idosos especializado em cuidados de Alzheimer e demência. Com as numerosas precauções de segurança tomadas (como máscaras e proteções faciais), a minha família e eu temos frequentemente dificuldade em estabelecer contacto com ela quando ela não consegue ver os nossos rostos. Embora esteja grata pelos cuidados tomados para a manter segura, pergunto-me como é que estas precauções a afetam a ela e à minha família à medida que a doença progride.

Eva Fernandes, 24 anos, Oshawa

 

A Covid teve um grande impacto desde a saúde mental, à economia e à vida social. Exigiu uma nova adaptação por parte das pessoas e existem ainda vários indivíduos que sofrem com as mudanças drásticas que a Covid trouxe para as nossas vidas. Os meus filhos são o melhor exemplo disso, a minha filha nasceu no pico da Covid, estávamos em lockdown, o meu marido não pode sequer ficar comigo no hospital, e o meu filho nasceu já no “final” de uma pandemia. Ambos forçados a distância de membros familiares, não tendo qualquer tipo de interação com outras crianças, não percebiam sequer o porquê do uso das máscaras em espaços comunitários porque não as usávamos em casa. Acredito que isto terá um impacto na vida deles.

Jennifer Bandeira, 37 anos -Milton, ON

 

Pessoalmente, os meus dois filhos são ambos “crianças COVID”. O meu filho mais velho teve a experiência da COVID-19 no jardim de infância num ecrã, enquanto o meu filho mais novo tinha 6 meses e conheceu muito poucas pessoas nos seus primeiros anos de vida. A COVID teve certamente um impacto no seu desenvolvimento do ponto de vista da socialização e das competências interpessoais. Continua a ser um trabalho em curso. Saber como agir em ambientes públicos e em restaurantes já é difícil o suficiente para ser compreendido por uma criança de 8 e 4 anos.

Daniel Correia, 42 anos, Toronto

 

A maior parte das minhas interações diárias com os outros voltaram ao normal. Os impactos a longo prazo são económicos, com a inflação a afetar as minhas compras.

Robert Correia, 52 anos, Toronto, ON

 

Num ano em que o mundo parou em consequência da pandemia de coronavírus e da contaminação e morte de centenas de milhares de pessoas em todo o planeta, a questão de como sobreviver à COVID-19 passou a ser a minha prioridade e da minha família. Quatro anos depois, eu sinto que muita coisa mudou, desde como lido como a minha saúde mental, família e amigos. O meu trabalho é importante, mas não é prioridade como antes. Ainda sinto ansiedade e reflito diariamente sobre o próximo passo. O Canadá, e o resto do mundo, mudou.

Michael Bizognini, 47 anos – Calgary, AB

 

Muito pouco. Sei que está por aí. Continuo a receber o meu reforço de Covid (4). Encorajo a minha mãe a fazê-lo. Mesmo antes de ir de férias. Uso máscaras em locais com muita gente. Uso uma máscara num avião.

Lino Fernandes – 50 anos, Toronto

 

Nenhum. Se eu ficar doente eu não testo mais, trato como uma gripe ou resfriado. Não uso máscara. Tomei vacina porque ia viajar para Califórnia, senão nem vacina tinha tomado.

Cecilia Barros, 65 anos, Hamilton ON

 

Os impactos ainda estão presentes, principalmente nas sequelas deixadas na saúde mental. O medo de acontecer de novo, a desconfiança de qualquer espirro ser algum vírus, ou até mesmo estar com o vírus. A interação com as pessoas em geral sofreu um impacto enorme, que viver em sociedade requer paciência, requer empatia, e as pessoas vivendo isoladas desaprenderam a ter essa tolerância. As crianças perderam uma parte do aprendizado e hoje ainda têm barreiras e dificuldades para se comunicar e conviver. Economicamente, o impacto é brutal, todos os aspectos : aluguel, groceries, medicamentos, creio que todos os custos também. Mas também acho que por outro lado, o home-office foi algo que revolucionou a vida, principalmente das mães que conseguem trabalhar de casa, as pessoas conseguirem aproveitar o tempo com a família, e valorizar isso foi de um grande impacto em nossa vida, e muitas famílias mantiveram esses hábitos, o que se tornou muito saudável, principalmente tirando-nos dos ambientes extremamente estressantes dos offices e ambientes de trabalho hostis.

Rafaela Pelegrine, 35 anos, Innisfil,ON

 

A COVID-19 impactou consideravelmente a minha vida em diversos aspetos, inclusive no que se refere à alimentação. Eu tive problemas de transtorno alimentar quando tinha 15 anos de idade. O meu comportamento alimentar mudou com o resultado do isolamento social e resultou em aumento de ansiedade, que consequentemente foi o gatilho emocional para que eu voltasse a ter o mesmo problema 60 anos depois. Atualmente, tenho tentado fazer o meu melhor para conseguir voltar ao meu normal eu pratico exercícios físicos, faço meditação, tenho acompanhamento de vários dores e devagar vou vendo mudanças na minha vida.

Geraldine Mo, 75 anos, Mississauga, ON

 

A Covid teve e continua a ter impacto tanto positivo como negativo na minha vida. A covid trouxe-nos o isolamento social, que nos afastou de amigos e familiares; isso fez com que normalizasse o não nos procurarmos ou passarmos tempo juntos e eu vejo isso com pessoas diferentes à minha volta. Por outra, a incerteza do amanhã ajudou-me a olhar para o futuro totalmente diferente; a importância de passar mais tempo com a minha família tornou-se uma prioridade maior; a necessidade de focar nos investimentos e ter a certeza de que teremos uma “safety net” se o mundo parar.

Joyce Santos 36 anos, Toronto, ON

 

Este é um daqueles tópicos de que não gosto muito de falar. Tenho motivos muito fortes para tal. Como promessa é dívida, farei uma breve síntese sobre o que aconteceu e como é que eu estou neste momento. Impacto negativo e positivo da COVID-19 na minha vida:
• Lado emocional: Perdi familiares e o meu melhor amigo vítimas da COVID
• Financeiro: Contrato de negócio cancelado e encerramento da minha empresa
• Positivo: Tive que me reinventar no lado profissional deixando de trabalhar por conta própria para trabalhar numa empresa e levo uma vida totalmente diferente e lutando para não perder o meu casamento e a minha família, já que tudo isso afetou a minha vida de uma forma tão grande que é para mim muitíssimo difícil falar sobre isto. Acredito que temos que nos focar muito mais no lado positivo das pessoas e da vida de uma forma geral e não nas coisas materiais.

Dilivundo, 37 anos – Stouffville, ON

 

A COVID-19 afetou a vida de milhões de pessoas em todo o mundo e remodelou as nossas vidas de formas que não poderíamos ter imaginado.Estamos agora no quarto ano e posso dizer por mim própria que ultrapassei muitas das consequências psicológicas e emoções comportamentais. Apesar dos meus melhores esforços, sinto-me mais irritável.

Fernanda Gilbert, 55 anos, Mississauga ON

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