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Trabalho remoto: As chaves para o sucesso

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Com o aumento nas oportunidades de trabalho integral ou parcialmente remoto, muitos funcionários disseram adeus às viagens pendulares, trânsito e ao prédio das suas empresas. Embora este modelo de trabalho proporcione flexibilidade e conforto, também é verdade que, com ele, novos desafios se apresentam.

Os obstáculos mais encontrados até à data pelas pessoas cujo lar também é um escritório prendem-se com a gestão do tempo, comunicação, foco e projetos de equipa. Afinal, porque é que alguns trabalhadores estão a ser bem sucedidos neste regime enquanto outros lutam para atravessar cada dia? Provavelmente precisa de adaptar a sua rotina e aprender novas formas de ter êxito em empregos no estilo “home office”. Prosperar neste novo contexto pode ser desafiador, por isso fomos saber junto de Tania Kolar, mindfulness coach, como aproveitar ao máximo a oportunidade de trabalhar a partir de casa e aumentar a produtividade.

milenio stadium - Tania-Kolar-Headshot-e1594920688403-768x723Milénio Stadium: Trabalhar a partir de casa ou num modelo híbrido é vantajoso para o funcionário e empresas em termos de produtividade e motivação?
Tania Kolar: Estamos num momento em que as pessoas procuram flexibilidade e bem-estar. Um modelo de trabalho híbrido é de facto ideal para isso. É claro que todos os ambientes de trabalho têm as suas vantagens e desvantagens, mas eu penso que o modelo de trabalho híbrido é o futuro.

MS: Quais são os desafios de trabalhar a partir de casa e que estratégias podemos adotar para os ultrapassar?
TK: No que toca a trabalhar a partir de casa, um dos desafios é a falta de estrutura. Num ambiente de trabalho tradicional existe uma estrutura muito bem definida de quando a pessoa começa e termina o seu dia ou quando é para fazer pausas. Então é muito importante para alguém que está a trabalhar a partir de casa olhar bem para tudo e garantir uma estratégia direcionada para o sucesso. Antes de mais, é importante estabelecer um espaço para trabalhar. Nem toda a gente terá a possibilidade de fazer isso, mas se for possível reservar uma área que seja mais privada, onde não esteja a ser constantemente interrompida por membros da família, é o ideal. É fundamental estabelecer essa estrutura porque a ausência dela é uma das razões pelas quais muitas pessoas não estão a ter sucesso ao trabalhar a partir de casa. Defina um um espaço, defina um horário de trabalho específico e mantenha-os consistentes. Esta é uma ótima forma de manter um “mindset”, porque o ambiente que criamos vai determinar a qualidade do nosso dia. Outro desafio comum para muitas pessoas é a falta de comunicação. No escritório, as pessoas socializam com os seus colegas e podem ter conversas orgânicas ao longo do dia, mas quando estão a trabalhar de casa sentem falta dessas interações, sentem isolamento e até depressão. Neste caso, é importante manter-se conectado de alguma forma. Pode manter estas conexões de forma virtual, através de email ou mensagens de texto. Seja interativo e mantenha o seu nível de bem-estar.

MS: Em casa há muitas distrações durante o dia que são diferentes das que normalmente enfrentamos num escritório. Como é que podemos manter-nos focados?
TK: Eu gosto de sugerir isto a todas as pessoas, quer estejam a trabalhar a partir de casa ou num escritório. É importante programar o seu dia, seja através de um calendário no computador, seja numa agenda. Defina o que quer fazer naquele dia, por exemplo: das nove às 10 da manhã vou responder aos meus emails e vou atualizar-me sobre o que aconteceu no dia anterior, das 10 às 11 vou fazer aquele relatório, e assim sucessivamente. Isso já vai ajudar a dar uma estrutura ao seu dia. O que eu também penso que é útil para muitas pessoas, em qualquer ambiente de trabalho, é limitar o tempo que passam nas redes sociais. Estas plataformas gastam uma parte enorme do nosso tempo. Elas são como uma bola de neve, nós entramos e acabamos por passar lá muito mais tempo do que antecipamos. Mas se pusermos um limite, por exemplo, às duas da tarde eu vou ao Facebook, Linkedin ou Twitter e vou ficar lá durante cinco ou 10 minutos, será diferente. Pode até ser 15 minutos, porque o que normalmente acontece é que acabamos por gastar cerca de uma hora ou mais, hora essa que estamos a retirar da nossa produtividade. Então, se estiver a trabalhar de casa, defina esse compromisso à partida. E um compromisso consigo próprio de que vai estar focado e que está preparado para o sucesso. É uma oportunidade que dá a si mesmo de fazer as suas tarefas atempadamente em vez de estar a ver séries na televisão sem parar porque não quer executar uma determinada tarefa. O que também é importante é numerar as suas tarefas. Faça uma lista de todas as tarefas por ordem de importância e qualquer que seja a tarefa número um, faça essa primeiro. Só depois é que avança para a segunda tarefa. Isto porque nós tendemos a distrairmo-nos com coisas que não são essenciais, o que é um desperdício do nosso tempo.

MS: Ao trabalhar no conforto de casa, há frequentemente a tentação de não vestirmos as mesmas roupas que levaríamos para o escritório. Isso influencia a nossa motivação?
TK: Sim, absolutamente! A minha sugestão é: não fique de pijama simplesmente porque pode. Se é um dia de trabalho, trate a sua casa como se fosse o escritório. Certamente não iria aparecer na sua empresa, junto dos seus colegas de trabalho, ou entrar numa reunião de pijama! Não é profissional e não o vai fazer sentir produtivo. O meu conselho é fazer o que faria habitualmente ao ir para o escritório: tome um banho de manhã e prepare-se da mesma forma. Claro que não tem de usar um vestido elegante nem fato e gravata, mas escolha uma roupa que o faça sentir bem. A nossa postura muda consoante as roupas que usamos. Se estivermos de pijama sentimos muito mais aquele estado de espírito relaxado e o nosso cérebro vai acompanhar esse estado de relaxamento. Por outro lado, se vestir uma outra roupa, o seu cérebro vai receber o sinal de que “sim, hoje temos trabalho para fazer!”. Também importante para quem trabalha de casa é criar uma mentalidade aberta e de crescimento. Para muitas pessoas, passar a trabalhar de casa é uma grande mudança é importante estar recetivo a novos modelos, novas ideias e desafiar algumas crenças.

MS: Quando interagimos com outras pessoas num contexto virtual, especialmente em reuniões e videoconferências, quais são algumas boas práticas e regras de etiqueta a adotar?
TK: Eu lembro-me de estar numa reunião virtual com um grupo de pessoas e uma delas estava literalmente deitada! Nada profissional. Como disse, isso muda o “mindset” da pessoa, a forma como ela pensa e como vai responder. Lembre-se sempre de que o objetivo é ser profissional e que por vezes tem de se esforçar um pouco mais num ambiente virtual. Por exemplo, imagine que é um observador e está a ver o que acontece no ecrã, sem som. As pessoas basicamente tornam-se em “cabeças falantes” e não conseguimos ouvir o que elas dizem com o volume desligado. Então é importante sorrir ou acenar para haver algum tipo de movimento. Desta forma, está a interagir mesmo que esteja com o seu microfone desligado e está a pôr energia naquela chamada. Esta é uma ótima oportunidade para mostrar a sua personalidade. Eu creio que, neste caso, não se consegue replicar exatamente a experiência de contacto de humano para humano, cara a cara, uma vez que esta energia é impossível de igualar. É por isso que precisamos de elevar a nossa experiência virtual a um nível superior. Faça contacto visual, este é um ponto-chave. Não se foque em si mesmo quando está numa chamada. Muitas pessoas têm o hábito de estar a verificar o seu cabelo ou olhar para outros pontos. O correto é olhar para a câmara e interagir, porque desta forma as pessoas vão sentir que está a olhar diretamente para elas e este é o verdadeiro significado de criar uma conexão, mesmo sendo num ambiente virtual!

Telma Pinguelo/MS

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