Portugal

Médicos vão ganhar mais e ter casa paga se fizerem internato no Interior

Bragança,08/01/2018 – Reportagem na urgência do Hospital de Bragança. A gripe leva dezenas de pessoas, diariamente, às urgências.
(Rui Manuel Ferreira / Global Imagens)

 

Os médicos que fizerem parte da especialidade num hospital do litoral e a outra parte num hospital de uma zona do país menos povoada vão receber mais e terão alojamento pago. O Programa Mais Médicos, anunciado esta manhã de segunda-feira, pelo ministro da Saúde, arranca em 2024 em sete unidades hospitalares e nove especialidades com graves carências de recursos humanos.

A Unidade Local de Saúde (ULS) do Nordeste (integra o Hospital de Bragança), a ULS da Guarda, o Centro Hospitalar Universitário Cova da Beira (Covilhã), a ULS de Castelo Branco, a ULS Norte Alentejano (Portalegre), a ULS Litoral Alentejano (Santiago do Cacém) e a ULS Baixo Alentejo (Beja) são as unidades que vão integrar o programa de partilha de formação pós-graduada com unidades mais diferenciadas, situadas em regra no litoral e em zonas com mais densidade populacional.

O objetivo do programa é atrair médicos para as unidades mais periféricas ainda no período de formação, antes de constituírem família, para que se fixem nesses locais após a conclusão da especialidade. Só haverá resultados a médio prazo, mas se nada for feito agora, as especialidades poderão desaparecer, reconheceu o ministro da Saúde.

O modelo partilhado vai arrancar com os médicos que iniciarem o internato em janeiro do próximo ano nas especialidades em que está identificada uma “crise de recursos humanos”. Nomeadamente, medicina interna, cirurgia geral, anestesia, ginecologia/obstetrícia “quando aplicável”, pediatria, radiologia e, “porventura psiquiatria e psiquitria da infância e adolescência”.

Manuel Pizarro acredita que “com planeamento de médio prazo” será possível resolver “a rarefação de profissionais destas especialidades em vários hospitais”.

Para que o programa seja atrativo e exequível, o Estado está disponível para pagar mais aos médicos, no período em que estão a fazer a formação nos hospitais de menor densidade populacional, e para negociar com as autarquias condições favoráveis ao alojamento.

O regime de incentivos “terá uma componente remuneratória para o tempo em que os médicos estão a trabalhar nestes hospitais”, que deverá aumentar a cada ano, e “uma componente em que hospitais e SNS vão negociar com as autarquias para tentar garantir uma casa para estes médicos”, explicou o ministro, adiantanto que o valor do apoio salarial ainda não está definido.

Momentos antes foi mais longe e referiu que se pretende conseguir “alojamento gratuito” para os médicos que fazem formação naquelas localidades.

O ministro está convicto de que o plano vai resultar. “Não tenho nenhuma dúvida de que no médio prazo uma parte destes médicos se vão fixar”, afirmou Manuel Pizarro, adiantando que, apesar das carências serem grandes, “resolvem-se com poucos médicos”.

“Tratar com carinho hospitais onde é mais difícil atrair médicos”

O Programa Mais Médicos surge na sequência do anúncio, feito na semana passada pelo ministro, sobre o regresso ao modelo dos concursos institucionais, em que cada hospital abre os seus concursos para contratar médicos, consoante as necessidades e possibilidades orçamentais. Com esta alteração acabam os concursos nacionais, que vigoraram nos últimos anos, com um mapa de vagas desenhado centralmente pelo Ministério da Saúde.

Reconhecendo que há hospitais que “partem em desvantagem” para os concursos institucionais, porque a localização geográfica faz com que seja mais difícil atrair profissionais, a tutela avança com o programa de formação especializada partilhada.

“Temos de tratar com carinho estes espaços do país onde é mais difícil atrair profissionais. Se as pessoas forem para lá numa idade mais jovem, antes de constituírem família e estabilizarem a sua vida, é mais fácil que uma parte delas se fixe, do que se só fizermos processos concursais quando as pessoas acabam a especialidade, quando muitos já constituíram família, já compraram casa e é muito mais difícil promover a sua deslocação”, declarou o ministro.

JN/MS

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