Opinião

Uma semana agitada!…

No meio de uma crise de saúde, económica, social e (quiçá…) política, o país está a banhos, debaixo de um sol abrasador e mergulhando nas frescas águas atlânticas para esquecer o que aí vem!

 

Praça do Comércio em Lisboa (Photo: DR)

 

Que o nosso “Ronaldo” das Finanças “atirou a toalha ao chão”, abandonando o cargo de ministro das Finanças, já todos sabem. Como todos sabem que ele se prepara para, entre pequenas reclamações da oposição nacional, ingressar no Banco de Portugal, como Governador, entregando a antiga pasta a um seu correligionário, que ainda não deu provas da sua inteligência e supercapacidades em saber gerir um país sem finanças!..

Aguardando o prometido (mas ainda não devido…) pacote de muitos milhões da União Europeia para relançamento da economia nacional, face aos prejuízos económicos causados pela Covid-19, mas cuja decisão tem sido adiada pelo Governo holandês (que não percebe o porquê da pressa…), o Governo português tomou a decisão inevitável de nacionalizar duas empresas, em virtude da situação caótica em que se encontravam.

A primeira, a TAP, que não sendo inteiramente nacionalizada, o Estado português assumiu cerca de 72% do seu capital, pagando 55 milhões de euros para expulsar o acionista americano (quando ele tinha pago 5 milhões para entrar na administração da TAP…), comprometeu-se a investir 1,2 mil milhões de euros na companhia, para que ela possa continuar a funcionar e abrir um concurso internacional para encontrar os melhores gestores para esta companhia aérea, que se quer “de bandeira”!…

Ouvidos os comentadores de todos os espetros políticos nacionais e conhecidas todas as dificuldades das diversas companhias aéreas internacionais, percebem-se duas conclusões: o Governo português tomou as decisões possíveis e adequadas à situação atual e a TAP deve voltar a ser privatizada o mais rapidamente possível.

Neste “poço sem fundo” dos dinheiros dos contribuintes (tal como o Novo Banco/antigo BES e outros), começo a sentir um mau “odor” nas decisões de “salvamento” de algumas empresas, sem que se perceba o que é que de mau antes aconteceu, assim como a culpabilização dos eventuais culpados por estes fins de história. Bem certo que a pandemia que nos tem afetado traduziu-se num desastre económico para as companhias de aviação, mas a TAP tem tido, ao longo dos anos, sucessivos problemas financeiros, antes desta crise acontecer, e não vi ninguém colocar um ponto final neste sugadouro de dinheiros públicos! Se ela tem que continuar a ser uma companhia “de bandeira”, face às responsabilidades do Estado português para com as suas comunidades e os PALOPs, é um assunto que me ultrapassa e sobre o qual não teço grandes considerações, embora constate que a maioria dos nossos emigrantes (por ser muito mais barato) utilizam as companhias aéreas low cost para viajar, não havendo qualquer apelo patriótico que os demova!…

Por outro lado, para os milhões que agora vão ser investidos sem um plano de reestruturação aprovado, hesito em saber como e por quem vai ser gerida a TAP. Se tem de ser por altas figuras do mundo da aviação internacional (a ganharem altas remunerações e prémios), é preciso juntar tais despesas e passar pela vergonha pública de que o país não tem gente habilitada para o fazer ou, pela forma como certos setores políticos liberais condenam a gestão das empresas nacionalizadas por parte do Estado, por falta de confiança e isenção dos seus gestores, mais parece que são todos um bando de salteadores!…

A pagar pelo Estado aos seus eventuais proprietários está igualmente a decisão do Governo português em nacionalizar inteiramente uma das maiores empresas de produção do setor elétrico nacional, a Efacec. Uma empresa de alta tecnologia, rentável e com mercados assegurados, que começou a ter dificuldades financeiras a partir do momento em que a sua proprietária Isabel dos Santos (filha do antigo Presidente de Angola) começou a ser abalada por diversos escândalos financeiros, entre os quais ser acusada de ter comprado esta empresa com dinheiro “desviado” da Sonangol, empresa petrolífera angolana. Agora resta saber quem são efetivamente os donos da empresa a quem o Estado terá de pagar as indemnizações devidas pela nacionalização, embora se apresentem desde já como credores, os bancos que têm facilitado os empréstimos à empresa e o próprio Estado angolano e depois privatizá-la novamente. Não vá o Estado “comê-la”!…

A terminar esta semana agitada está a decisão do Governo britânico em exigir que os seus residentes que viajem de férias para Portugal, quando regressarem, sejam obrigados a ficar 14 dias de quarentena no seu país, porque Lisboa e Vale do Tejo passa por um grave surto infecioso de Covid-19.

Face ao descalabro do setor turístico algarvio, onde os muitos milhares de ingleses passam este período estival e são proprietários das suas habitações, o Governo português reagiu, acusando de discriminatória esta medida, por parte dos “amigos da Velha Aliança”, que nos causarão imensos prejuízos económicos e sociais.

Tendo em consideração a taxa de mortalidade e infeções Covid no UK; a supremacia da saúde pública portuguesa face a eventuais rendimentos económicos; a forma como os britânicos desafiam todas as regras de proteção contra o vírus no seu próprio país e, por demais, quando vêm divertir-se num país estrangeiro, não sei se a reciprocidade de tratamento não seria bem aplicada pelo Governo português aos cidadãos britânicos. A bem da amizade que nos une, claro!

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