Luís Barreira

A guerra continua e nós?…

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Sejamos claros! Por muito que me custe afirmá-lo, continuo a acreditar que a Rússia de Putin só vai parar a sua agressão contra a Ucrânia quando a fizer ajoelhar, mesmo que para atingir tal objetivo tenha de infringir todas as normas internacionais estabelecidas e sofrer todas as sanções e isolamento internacional a que está sujeito. A sua indiferença perante o assassínio de tantos civis ucranianos e pelas dificuldades que o seu povo passa e poderá passar no futuro, são meras estatísticas inevitáveis à sua consagração imperialista, como a Rússia e posterior União Soviética tem demonstrado em vários momentos da sua história. Esta guerra é igualmente o confronto entre dois modelos de sociedade: autoritária e repressiva de um lado e livre e democrática do outro, sendo que ambas poderiam assemelhar-se se fosse permitido desfrutarem da mesma liberdade.

E isto não se deve apenas ao enorme diferencial de forças e equipamentos militares que a Rússia detém face à Ucrânia, mas porque não pode perder o conflito que iniciou, sob pena de perder igualmente o seu poder no seu território.

Para além disso, concorrem para a vitória de Putin a enorme diferença entre o comportamento social da sociedade russa, face ao efeito das sanções a que está sujeita e à enorme repressão a todos os que o contestarem e o das sociedades ocidentais, onde o aumento dos preços dos produtos energéticos e de todos os seus consequentes derivados, em virtude desta guerra, começa a movimentar empresas e trabalhadores para protestos contra o aumento do custo de vida nas nossas sociedades democráticas, onde as manifestações dos cidadãos são permitidas, mas que, em tempo de guerra, desgastam os governos e criam as condições ideais às intenções de Putin, ou seja, criar brechas na unidade e solidariedade dos povos ocidentais e respetivos governos contra o agressor russo.

Não tenhamos ilusões quanto às dificuldades económicas que esta guerra pode criar aos países ocidentais! Ainda não resolvidos os graves problemas económicos criados pela pandemia da Covid, começamos agora a entrar numa economia de guerra, com todas as contrariedades que acarretam para o bem-estar dos nossos povos, que só pode ser compreendida e aceite pelas populações ocidentais, se os governos atempadamente atuarem e esclarecerem os seus cidadãos da inevitabilidade da perda de alguma estabilidade na sua vida quotidiana e de que as medidas que adotam são justas e equilibradas. Não pode haver lugar para quaisquer oportunismos financeiros, nem quaisquer outros que possam minar a confiança nos nossos governos e nas nossas justas convicções e as dificuldades que se coloquem às populações têm de ser repartidas pelos cidadãos, tendo em consideração as capacidades económicas dos vários extratos familiares existentes em cada país.
E se este conflito evoluir para uma guerra em grande escala com a participação de várias potências nucleares, que fazer? Tentar evitar que isso aconteça sob pena de nos matarmos a todos!

No entanto, essa ameaça a que Putin já recorreu, não pode colocar os países ocidentais numa postura de chantageados, receosos de enfrentar este novo “czar” nas suas bárbaras aventuras contra as nossas sociedades.
Existem milhares de ogivas nucleares que constituem um perigo para toda a humanidade, independentemente do seu lugar na guerra em que se situem e Putin e a claque russa que o apoia têm necessariamente de ter consciência disso, não podem estar todos loucos! Razão pela qual não podemos ficar inibidos de contrariar duramente este ditador, enquanto aguardamos os efeitos perniciosos que as sanções ocidentais possam provocar à estabilidade do seu poder.

E a este propósito convém salientar que a preparada estratégia de Putin nesta guerra, nomeadamente para o caso previsto de sanções contra a Rússia, após a invasão da Ucrânia, começa agora a clarificar-se com as suas relações amistosas e (por agora…) comerciais com a China e com a Índia, que podem colocar em causa os objetivos das sanções ocidentais. Se tal for conseguido por Putin, temo que a seguir ele feche a “torneira do gás” à Europa e os países ocidentais se vejam obrigados a reagir de forma muito mais violenta do que aquela que têm utilizado até agora.

No momento em que vos escrevo, embora continuem as negociações entre representantes da Ucrânia e da Rússia, negociações que nada de fundamental têm alterado no bombardeamento russo às cidades ucranianas, matando milhares de civis e que apenas servem os objetivos das unidades russas, no cerco final aos grandes centros populacionais ucranianos antes do assalto final, estas novas negociações em que muitos depositam enorme esperanças, não provocarão a meu ver nenhuma alteração no comportamento de Putin.

Quando fez o seu discurso a justificar a invasão da Ucrânia, ele disse ao que vinha!

Não gostaria que o meu pessimismo, em relação a toda esta situação, afetasse a análise desta dura realidade e enfraquecesse a crença nos nossos princípios e valores, por isso seria bom que os dirigentes ocidentais começassem a preparar a sua estratégia para o que fazer após a resolução, seja ela qual for, do caso ucraniano. Sem uma orientação clara e objetiva dos governos ocidentais, os povos podem entrar em pânico e sentirem-se frustrados, o que não iria augurar nada de bom para todos nós!

Luis Barreira/MS

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