Empresa israelita nega acusações de espionagem a jornalistas e ativistas
O grupo israelita NSO considerou esta segunda-feira “fraca” a investigação que envolve o seu ‘software’ em casos de espionagem a ativistas, jornalistas, políticos e outras personalidades importantes, publicada no domingo por um consórcio internacional de órgãos de comunicação social.
A investigação, publicada por 17 títulos da imprensa, incluindo o jornal francês “Le Monde”, o britânico “The Guardian” e o norte-americano “The Washington Post”, baseia-se numa lista obtida pelas organizações Forbidden Stories e Amnistia Internacional, que inclui 50 mil números de telefone selecionados pelos clientes da NSO desde 2016 para potencial vigilância.
Questionado pela agência espanhola de notícias Efe sobre que governos compraram o ‘software’, um porta-voz da empresa remeteu para o comunicado oficial, divulgado no domingo, em que o grupo NSO nega as informações.
Segundo a investigação, pelo menos 37 contactos, de uma lista de 50 mil telemóveis, foram infiltrados pelo programa de ‘software’, envolvendo jornalistas, ativistas dos direitos humanos e políticos de países como o México, Índia, Hungria e Marrocos.
Outros mil contactos foram também identificados, entre eles, 65 altos funcionários de empresas, 85 ativistas dos direitos humanos, 189 jornalistas e mais de 600 políticos, incluindo chefes de Estado e de Governo.
“Os diretores decidiram avançar com a divulgação das notícias, mesmos depois de se ter tornado claro que as fontes não identificadas os enganaram, provavelmente de forma intencional”, escreveu no comunicado de domingo o grupo NSO.
O “The Washington Post” e outros meios de comunicação não conseguiram descobrir exatamente qual era o objetivo da lista de 50 mil nomes, ou mesmo a sua origem, nem quantos foram visados.
A empresa israelita já foi denunciada em ocasiões anteriores por vender ‘spyware’ a países com défice democrático e alguns deputados israelitas tentaram, em 2016, proibir legalmente as licenças de exportação ao grupo NSO.
Em 2019, o Pegasus foi acusado de facilitar a espionagem de 1400 pessoas, incluindo vários políticos catalães, aproveitando a vulnerabilidade do WhatsApp para se infiltrar nos telemóveis.
“Renovamos as nossas declarações anteriores de que os nossos produtos, vendidos a governos estrangeiros controlados, não podem ser usados para vigilância cibernética”, indicou hoje a empresa.
Os governos ou agências de segurança que usaram o Pegasus para se infiltrar nos telefones de jornalistas, ativistas e outros políticos, terão violado a licença de utilização criada pelo grupo NSO.
Nesse sentido, a empresa israelita garantiu que irá continuar a “investigar todas as denúncias credíveis de utilização indevida e tomará as medidas adequadas com base nos resultados dessas investigações”, incluindo “desligar o sistema de um cliente”.
O Pegasus foi projetado para perseguir criminosos e terroristas e está restrito a um número limitado de governos e agências governamentais.
“O grupo NSO tem a missão de salvar vidas e a empresa executará fielmente essa missão sem vacilar, apesar de todas as tentativas para a desacreditar por motivos falsos”, referiu.
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