Portugal

Cerca de 9% dos juízes admite recorrer a droga para lidar com stresse

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Cerca de 9% dos juízes portugueses admite recorrer a substâncias ilícitas, como o haxixe e a cocaína, para lidar com o stresse profissional. A conclusão é de um estudo sobre a pressão a que são submetidos os profissionais forenses e que contou com uma amostra de 690 juízes, advogados e procuradores.

Além das drogas que estes magistrados (30) assumiram usar, 11,4% dos inquiridos, ou seja, 39 juízes, disseram recorrer ao consumo de bebidas alcoólicas para lidar com as exigências do trabalho, revela o trabalho realizado por quatro académicos ligados à psicologia: Mauro Paulino, Mariana Moniz, Octávio Moura e Mário Simões.

“Estes dados afiguram-se alarmantes, dado o risco de colocarem em causa o princípio da Integridade, exposto no Código de Conduta destes profissionais, que indica que os magistrados judiciais se empenham em preservar a dignidade da função judicial, pressupondo que a mesma exige uma conduta pessoal e profissional que a não ponha em causa”, é possível ler no estudo noticiado pelo “Público” e a que o JN teve acesso.
Tais resultados, acrescenta o mesmo trabalho, “contrastam, ainda, com os obtidos pelas restantes profissões forenses do estudo, dado que apenas 3,9% dos advogados (11) e 1,5% dos procuradores (1) reportou o consumo de bebidas alcoólicas e dado que apenas 0,7% dos advogados (2) e nenhum procurador reportou o consumo de substâncias ilícitas”.
Segundo o estudo, algumas das diferenças encontradas entre amostras são “estatisticamente significativas”, o que sugere que as características específicas das tarefas desempenhadas por estes profissionais poderão ser causadoras de diferentes níveis de stresse.
“A título de exemplo, os níveis superiores de stresse em juízes poderão dever-se ao facto de estes, ao contrário das outras duas profissões, proferirem decisões que acarretam, necessariamente, influência e impacto direto na vida dos cidadãos, detendo mais responsabilidades e com pressões associadas aos prazos e às estatísticas e pendências monitorizadas pelo próprio sistema eletrónico Citius”, lê-se.
Todos os profissionais do estudo identificaram as mesmas fontes de stresse (como poder errar e prejudicar alguém por causa de erros no trabalho) e tanto advogados como procuradores identificaram estratégias de “coping” mal-adaptativas em comum (como ler apenas as conclusões de relatórios periciais, por não ter tempo para mais).
Para os autores, os resultados põem em evidência as “fragilidades do sistema da Justiça”, em termos de saúde mental e realização profissional, “congruentes com o verificado na esfera internacional”, e a necessidade de intervir atempadamente para evitar o desenvolvimento de patologias mais gravosas, como é o caso do burnout.

Advogados mais negativos

No que toca à vulnerabilidade ao stresse, esta foi mais sentida por advogados em relação aos restantes profissionais forenses. “Tal significa que advogados têm mais atitudes negativas em relação à sua profissão, assim como acerca das suas relações com colegas, clientes e tarefas desempenhadas”, concluem os autores.

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