Desporto

Morreu Reinaldo Teles, o dragão discreto e leal escudeiro de Pinto da Costa

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Reinaldo Teles com a taça da Liga dos Campeões, em 2004. Foto: Arquivo / Global Imagens

 

Morreu Reinaldo Costa Teles Pinheiro, um dos fiéis escudeiros desde a primeira hora de Pinto da Costa, presidente do F. C. Porto.

O “Chefinho”, como carinhosamente lhe chamavam os futebolistas que passaram pelos dragões, tinha 70 anos – nasceu em Paços de Ferreira, a 14 de fevereiro de 1950 – e perdeu a batalha pela vida para a covid-19, no Hospital de São João, no Porto, onde estava internado já cerca de um mês. Viúvo, a esposa Lurdes faleceu a 8 de novembro de 2011, tinha dois filhos.

Reinaldo Teles acompanhou Pinto da Costa desde que se conheceram, em 1967, quando o agora presidente era diretor do Boxe e ele um promissor pugilista do clube. Uma relação de cumplicidade, lealdade, confiança e amizade desfeita 53 anos depois pelo maldito coronavírus, cuja pandemia está a deixar o mundo em pantanas. “Que ele ganhe, porque realmente é um homem que fez muito, muito, por este clube. Vai ser muito difícil aparecer um presidente como Pinto da Costa”, afirmou Reinaldo Telesem junho, numa das últimas declarações públicas, quando apoiou a reeleição de Pinto da Costa para um 14.º mandato à frente do F. C. Porto.

Tinha 12 anos quando se inscreveu nos dragões como praticante de boxe, modalidade em que foi campeão regional (1971) e nacional (1973/74) na categoria de Pesos Médios. Pousou as luvas em 1979, depois de 17 anos como atleta, mas continuou ligado ao boxe portista, assumindo as funções de seccionista a convite de… Pinto da Costa. E aí ficou até 1982, pois Pinto da Costa, quando assumiu a presidência, chamou-o para o futebol, como diretor-adjunto. Viveu de perto a primeira tentativa de conquista europeia do F. C. Porto, a final da Taça das Taças de 1984, perdida (2-1) para a Juventus, em Basileia. Três anos depois, em 1987, festejou ao lado de Pinto da Costa o primeiro título continental do F. C. Porto, com vitória (2-1) sobre o Bayern Munique, em Viena. E seis meses depois esteve na conquista da Taça Intercontinental, no célebre jogo com o Peñarol, na neve de Tóquio (Japão). No ano seguinte, na sequência da morte de Luís Teles Roxo, num acidente de viação, Reinaldo assumiu a chefia do Departamento de Futebol, como braço direito do presidente. As primeiras três finais internacionais figuram entre os mais de 2000 jogos em que se sentou no banco dos suplentes do F. C. Porto, ao lado de Pinto da Costa e/ou de treinadores como José Maria Pedroto, Artur Jorge, Tomislav Ivic, António Oliveira, Bobby Robson e José Mourinho, entre outros.

Uma vida ligada ao F.C. Porto

1950 – Nasce a 14 de fevereiro, em Paços de Ferreira
1962 – Com 12 anos, inscreve como atleta de boxe no F. C. Porto
1967 – O seu caminho cruza-se com o de Pinto da Costa, que assume a chefia da secção de Boxe portista
1974 – Conquista o maior título da carreira, ao sagrar-se campeão nacional de Pesos Médios. Três anos antes vencera a mesma categoria nos Regionais
1979 – Põe um ponto final na carreira de pugilista e assume as funções de seccionista do Boxe
1982 – Pinto da Costa chama-o para Diretor-Adjunto do futebol
1986 – Integra os órgãos sociais pela primeira vez como diretor
1988 – Assume a chefia do Departamento de Futebol, após o desaparecimento de Luís Teles Roxo, que morreu num acidente de viação
1990 – Eleito pela primeira vez vice-presidente de Pinto da Costa, cargo que renovou até 2016, e membro do Conselho Superior
1997 – Integra o primeiro Conselho de Administração da F. C. Porto, Futebol SAD, onde se manteve até à sua morte, ainda que neste último mandato fosse eleito como administrador não-executivo
2008 – Sofre um enfarte do miocárdio, que lhe deixa sequelas para o futuro
2016 – Fica fora da lista de Pinto da Costa aos órgãos sociais do F. C. Porto pela primeira vez desde 1986, mas mantém-se como administrador da SAD.

Em 1986, Reinaldo passou a diretor do F. C. Porto. Chegou ao segundo cargo mais importante da Direção em 1990, ao ser eleito como um dos vice-presidentes de Pinto da Costa e ainda membro do Conselho Superior. Com a criação da SAD, em 1997, passou também a integrar o Conselho de Administração da sociedade que gere o futebol profissional, da qual ainda fazia parte no presente mandato de 2020/2024, embora agora como administrador não-executivo. Depois de 30 anos como dirigente do clube – o irmão, Joaquim Costa Teles Pinheiro, também foi vice-presidente da Direção -, deixou de integrar os órgãos sociais liderados por Pinto da Costa em 2016.

Pelos bons serviços e dedicação ímpar ao F. C. Porto foi distinguido com o Dragão de Ouro, como dirigente do ano, em 1989. Colecionou outro prémio, o Dragão de Honra, em 1998, ele que desde 24 de outubro de 1994 passou a ser Sócio Honorário dos dragões. Discreto e de bom trato, Reinaldo Teles manteve boas relações com praticamente todos os agentes desportivos, mesmo nos principais clubes rivais. Era conhecido como o “tio da claque” Superdragões, contribuindo para serenar os ânimos em momentos de conflito com a Direção.

Comerciante e empresário, chegou a ser notícia não pelas melhores razões. Esteve entre os arguidos do F. C. Porto no processo Apito Dourado – todos os processos acabaram por ser arquivados -, enfrentou acusações de alegada fraude fiscal pelo Ministério Público, por negócios de uma imobiliária da Maia de que era co-proprietário, e foi processado pela Solverde em 2007, por dívidas ao Casino de Espinho.

A saúde de Reinaldo Teles sofreu um forte abalo em 2008, quando foi vítima de um enfarte do miocárdio que o atirou para uma cama do Hospital de São João, no Porto, precisamente onde viria a falecer hoje, aos 70 anos.

JN/MS

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