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Comer é uma arte Mas saber comer também faz parte da mesma arte

 

comer - milenio stadium

 

Eu quando ouvi falar no tópico desta semana fiquei com água na boca, não fosse eu um português e defensor do “slow food”, gastrónomo e adepto de um bom prato, assim Portugal me ensinou a boa mesa. Não sou contra a “Nouvelle Cuisine”, mas a cozinha portuguesa supera a passos largos outras, e digo isto com alguma certeza da realidade e provas dos bons garfos.

Ao longo da vida conheci pessoas de todos os tipos e feitios, ao ponto de na vida profissional terem de fazer um esforço para passar o dia e no final do mesmo, dizerem, “carvalho” que até que enfim que chegou ao fim, gostarem mesmo da tipicidade e do à-vontade de estar, comer com as mãos se fosse necessário e sem etiqueta. Era assim que se sentiam à-vontade. Posso referir individualidades com um ex-Presidente da República que quando se lhe colocou petinga na frente arregaçou as mangas da camisa e comeu as mesmas com as mãos – o Dr. Mário Soares numa presidência aberta. Por isso mesmo, em qualquer local a sardinha é servida, seja durante as festas populares ou fora da época, seja pequenina frita, mais comprida assada na brasa com pimentos, e é um dos pratos mais conhecidos em Portugal. Não será por acaso que em todas as festas populares a sardinha está presente e todos a adoram e quanto mais pequena mais saborosa. E uma bem frita com arroz de tomate até já se comia, acompanhada de uma boa malga de vinho, assim se serve muitas vezes aos turistas. A sardinha faz parte da cultura portuguesa e continua entre os principais pratos da sua gastronomia.

Mas em grande destaque também aparece em segundo lugar o fiel amigo, um peixe que há mil e uma maneiras de confecionar, desde pendurado na adega e dali se lhe retirar umas lascas em cru, mais uma vez com uma malga de tinto, e que rica merenda se fazia em belos tempos, também assado, mesmo sem demolhar na brasa, a bela punheta de bacalhau, os palitos de bacalhau no meio de um papo seco, as pataniscas, os bolinhos etc.. Tudo isto são formas de comer o fiel amigo que vêm dos tempos em que não havia tempo para confeções trabalhadas, mas a pobreza era riqueza. Faziam-se grandes petiscadas com o fiel amigo, o belo arroz de bacalhau a tirar da panela, era uma delícia que mesmo anos depois eu, sim eu, servi a grandes artistas e políticos que adoravam a iguaria à roda da mesa, a contarem as suas anedotas e histórias da vida. Isto é um pouco da nossa riqueza, que muitos hoje acham parola, mas acreditem é a realidade que muita gente adora, só que não admite.
O fiel amigo, “BACALHAU”, deu nome ao nosso país, não fosse Portugal o país que mais consome bacalhau salgado no mundo. Segundo estatísticas, cerca de 70.000 toneladas de bacalhau seco é consumido por ano em Portugal. É uma das comidas típicas mais famosas em Portugal e é dos peixes mais consumidos, mesmo quando o preço é assustador. Não há nenhum canto no país onde não se sirvam uns petiscos do fiel amigo. É um peixe que se prepara de diversas formas, pode ser servido, como entrada em bolinhos de bacalhau, pataniscas etc., passando para o prato principal, pode-se apresentar à Gomes de Sá, à Brás, com natas, assado na brasa com batata à murro, (chama-se “à Lagareiro”), frito com cebolada por cima, assado no forno com broa de milho, e muitas mais maneiras de servir.

Uma recente receita criada por um grupo de restaurantes em Viana do Castelo, com homenagem ao navio Gil Eanes, é o delicioso Bacalhau à Gil Eanes, de simples confeção e rápido. O fiel amigo é encalido em leite, (leite porque vai amaciar o bacalhau), enxuga-se com um pano, de preferência de linho, faz-se uma cama de cebola à rodela e alho bem picado numa caçarola, que possa ir ao forno, coloca-se uma boa posta de bacalhau do lombo em cima, decora-se com batata com a pele à rodela em volta e rega-se com bastante azeite, quase a cobrir a posta do bacalhau, vai ao forno até ferver e deixa-se ferver durante alguns minutos, vai para a mesa na mesma caçarola acompanhado de grão de bico ao lado, acreditem que é uma delicia, tem direitos de autor, foi dos pratos mais servidos em festivais de gastronomia pela europa fora, continente e ilhas.

Em tempos era um peixe barato, hoje já assim não se pode considerar, a melhor seca de bacalhau era em Viana do Castelo, o conhecido da cor amarela, de onde de lá saíam encomendas para todo lado. Hoje os portugueses ainda comem muito bacalhau, que além de ser muito saboroso, é bastante saudável, eu chamo-lhe, uma delícia da culinária portuguesa.

Não se esqueçam de ensinar os vossos filhos a saborear um bom prato de bacalhau, entre outras iguarias portuguesas.

Bom fim de semana!

Augusto Bandeira/MS

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