Saúde & Bem-estar

A Solitude e Solidão

Estou aqui sentada, depois de uma refeição bem feita. Polenta crocante com cogumelos e uma taça de vinho branco gelado, do tipo que fica difícil não se deliciar em pleno verão de Toronto. Após um dia intenso de trabalho, estou eu aqui sozinha sentada nessa mesa de restaurante.  Um restaurante charmoso e cheio de casais ou grupos de amigos à minha volta. Coincidentemente, hoje é, segundo os Maias, um dia para se meditar e colocar os objetivos em suas intenções através dos pensamentos.

E começo a refletir sobre o fato de que alguns anos atrás eu tinha um verdadeiro pânico de estar sentada saboreando uma refeição sozinha. Chegava ao ponto de comer sem mastigar direito só para sair logo de lá. Hoje aprendi a lidar um pouco melhor com esse sentimento, pois estou percebendo as diferenças entre solitude e solidão.

Muitas pessoas sentem verdadeiros calafrios só de pensar em estarem sozinhas num cinema, restaurante, ou até na academia. Pasme! Já conheci pessoas que sentem pavor de malharem sozinhas. Será que o fato de estarem a sós  seria uma forma de se perceberem a si mesmas? E porque perceber a si mesmo gera tanto conflito e medo?

A necessidade de outras pessoas para se sentirem completas é algo muito comum na nossa sociedade, principalmente a ocidental.

Mas vamos entender a diferença entre solitude e solidão.

A solitude, segundo o dicionário, “é o estado de privacidade de uma pessoa, não significando, propriamente, estado de solidão”. Já a solidão, “é um sentimento no qual uma pessoa sente uma profunda sensação de vazio e isolamento”.

Conheço muitas pessoas cheia de amigos, conhecida por todos os cantos, mas que, no fundo,  sentem um estado de profundo vazio. Porém, estar sentada no restaurante saboreando uma bela polenta e vinho branco gelado não faz de mim uma pessoa sozinha. Aliás, esse momento faz de mim uma pessoa experimentando o estado de solitude, que é fundamental para o amadurecimento.

Precisamos perceber os pensamentos, de entrar em contato com um eu que não enxergamos na correria do dia a dia, os monstros internos, a criança que ainda mora dentro do nosso ser e, assim, a gente começa a adquirir uma coisa chamada “independência”.

Não acho que devemos nos isolar do mundo para aprendermos a conviver com o nosso eu, a proposta definitivamente não é essa, afinal, vivemos em sociedade e precisamos uns dos outros para crescer. O exercício que procuro fazer comigo mesma é a autoanálise. Identificar se me sinto desconfortável por não ter o celular na mão quando não sei o que falar ou por não ter alguém para ser a minha bengala da auto suficiência. O fato é que estar sozinho é uma ótima oportunidade para a gente se tornar nossos próprios melhores amigos.

Quer melhor amigo do que aquele que mora dentro da gente?

Como diria um cantor e compositor brasileiro, Lobão, “As cortinas transparentes não revelam, o que é solitude, o que é solidão”. Então abra essa cortina, identifique suas diferenças e aproveite a delícia que é ter um momento só seu.

Adriana Marques

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