Olga Roriz: A senhora da dança contemporânea
Olga Roriz é uma contadora de histórias através do movimento, uma intérprete do inconsciente humano. O seu trabalho passa as barreiras culturais, ligando públicos de diferentes origens sempre com uma experiência artística única e universal- é por muitos chamada a senhora da dança contemporânea, não tem limites…os seus movimentos são infinitos e a sua inovação é uma constante – com ela pensamos, sentimos e dançamos com a alma. Dança é sinónimo de Olga Roriz.
Olga Roriz, nascida em 8 de agosto de 1955, em Viana do Castelo, Portugal, é uma figura notável no mundo da dança e da coreografia. Há muito que já deixou a sua marca no panorama artístico português e além-fronteiras. Com uma carreira multifacetada como bailarina, coreógrafa e encenadora, sempre mostrou nos seus trabalhos a grande paixão pela expressão artística e inovação.
Os Primeiros Passos no Mundo da Dança
Olga Roriz entrelaça movimentos que contam narrativas complexas, aprofundando-se na ligação entre corpo e sentimento. Os seus espetáculos são verdadeiros poemas visuais na dança contemporânea, elevando a arte do movimento da dança.
O caminho artístico de Olga Roriz teve início em Lisboa, para onde se mudou ainda muito jovem e quase sozinha. Lá, começou os seus estudos de dança sob a orientação de Ana Ivanova na escola do Teatro Nacional de S. Carlos. A sua dedicação e talento deram nas vistas e foram evidentes. Aos 18 anos, concluiu o curso da Escola de Dança do Conservatório Nacional de Lisboa, cimentando o caminho para uma grande carreira naquilo que tanto gostava.
O Ballet Gulbenkian e crescimento artístico
O Ballet Gulbenkian desempenhou um papel importante no caminho de Olga Roriz, e ficou marcado como um tempo muito importante na sua carreira. Em 1976, entra no elenco desse prestigiado grupo, dedicando 16 anos da sua vida à companhia. Durante esse período, a presença marcante de Olga e a sua paixão pela dança tornaram-na numa figura reconhecida não apenas no cenário nacional, mas também internacionalmente. No Ballet Gulbenkian, Roriz melhorou a sua técnica e desenvolveu uma expressividade artística única. A sua capacidade de comunicar emoções através do movimento tornou-se uma assinatura, conquistando o público e os críticos. A riqueza da sua contribuição para o repertório da companhia solidificou o seu lugar como uma das principais bailarinas de sua geração.Ao longo desses anos, Olga Roriz não apenas dançou, mas também começou a explorar a ser líder coreográfica, preparando-se para uma carreira como uma grande coreógrafa. O Ballet Gulbenkian não apenas serviu como um trampolim para sua ascensão, mas também como um laboratório onde ela moldou a sua visão única da dança, preparando-se para deixar a sua marca no mundo da arte.
O Salto para a Coreografia
O salto de Olga Roriz de bailarina para coreógrafa foi marcado pelo notável sucesso. Apesar da mudança, manteve sempre uma ligação vital com o Ballet Gulbenkian, equilibrando a sua participação na companhia com a destreza de criar as suas próprias obras. Essa dualidade foi boa para Roriz que se torna assim uma artista versátil e visionária. Ao criar o seu caminho como coreógrafa, Olga trouxe uma nova perspetiva à dança, explorando temas profundos e provocantes. O contar histórias através do movimento ganhou destaque, cativando audiências e conquistando reconhecimento crítico.O mundo da coreografia viu mais de vinte peças notáveis de Roriz, incluindo “Três Canções de Nina Hagen”, “Terra do Norte”, “Espaço Vazio”, “Treze Gestos de um Corpo” e “Isolda”, conquistaram públicos nas salas europeias, assim como no Brasil, Egito, Estados Unidos da América (EUA) e Senegal.
A Fundação da Companhia Olga Roriz
Em maio de 1992, Olga Roriz assumiu o desafiador papel de diretora artística da Companhia de Dança de Lisboa. Ficou bem provado a sua capacidade de liderança de pessoas e de atingir objetivos. Poucos meses depois, em fevereiro de 1995, e com coragem pensou e conseguiu fundar a Companhia Olga Roriz. com a fundação conseguiu criar e apresentar obras como “Propriedade Privada”, “Start and Stop Again”, “Anjos, Arcanjos, Serafins, Querobins…” e “Potestades e Propriedade Pública”.
Colaborações Internacionais e Reconhecimento
Além de suas realizações e projetos nacionais, Olga Roriz colaborou com importantes companhias internacionais, como o Ballet Teatro Guaira (Brasil), Ballets de Monte Carlo (Mónaco), Compañia Nacional de Danza (Espanha), English National Ballet (Inglaterra), Reportory American Ballet (EUA) e Maggio Danza di Firenze (Itália).
Explorando Novos Horizontes
Além de suas contribuições no campo da dança, Olga Roriz expandiu os seus conhecimentos e as suas fronteiras artísticas. Em 1997, encenou a ópera “Perséphone” de Igor Stravinsky para o Teatro Nacional de S. Carlos, mostrando a sua versatilidade como artista. Dois anos depois, fez sua estreia como encenadora de teatro na peça “Crimes Exemplares” de Max Aub, um trabalho inovador para o Teatro Plástico.
Reconhecimento Duradouro
Ao longo de sua carreira, Olga Roriz recebeu inúmeros reconhecimentos pelas suas grandes contribuições para a dança. Em 1987, foi agraciada com o primeiro Prémio Coreográfico do Concurso de Dança de Osaka, Japão, e, em 1991, recebeu o prémio “The Best Choreography of the Year” da revista londrina Time Out. Em solo português, o Prémio Almada para a Área da Dança enriqueceu ainda mais o seu já grande palmarés.
Além dos Palcos: Educadora e Fotógrafa
Paralelamente à sua carreira como criadora, Olga Roriz partilha o seu conhecimento como professora na Escola de Dança do Conservatório Nacional. Além disso,o seu interesse pela fotografia revela uma artista que procura expressar uma sua visão única não apenas através do movimento, mas também por meio das imagens estáticas.
Conclusão: Um caminho cheio de artes
A história de Olga Roriz é um testemunho de dedicação, inovação e paixão pelas artes. O seu percurso desde os primeiros passos como bailarina até as conquistas como coreógrafa e encenadora, mostra uma mulher com um talento excecional, mas também com a capacidade de evoluir e de se inspirar constantemente. O nome Olga Roriz há muito transcende os palcos, tornando-se uma marca inconfundível da arte contemporânea em Portugal e além-fronteiras. Sua presença artística distinta e inovadora deixou uma marca indelével no cenário global. Como bailarina e coreógrafa, Roriz redefiniu os limites da expressão corporal, explorando a ligação única entre emoção e movimento. O seu trabalho será sempre como um farol inspirador, iluminando o caminho para as gerações futuras na procura pela excelência e originalidade no universo da dança contemporânea.
Paulo Perdiz/MS
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