Portugal

Urgências com excesso de doentes e falta de médicos

Entrada das Urgências do Hospital S.João do Porto.
Porto, 29/01/2021 – Entrada das Urgências do Hospital S.João do Porto. (David Tiago / Global Imagens)

 

Os dois principais problemas das urgências portuguesas prendem-se com o excesso de doentes e com a falta de médicos. Essa foi a principal conclusão de uma série de audições, esta quarta-feira, na Comissão parlamentar de Saúde, onde se pediu medidas mais atrativas para se fixarem médicos e uma reorganização do Serviço Nacional de Saúde.

“O grande problema é que temos gente a mais nas urgências”, começou por apontar o presidente do Colégio de Competência em Urgência Médica, Vítor Almeida, referindo-se aos doentes. “Não são só apenas os verdes. São os idosos, os amarelos, que, de facto, nos dão muito trabalho, porque requerem internamento e os serviços sociais não respondem”, acrescentou, numa audição na Comissão de Saúde, a pedido do PS.

Para Vítor Almeida, a situação nas urgências agravou-se nos últimos cinco anos: “Há cinco anos, discutíamos o Natal e o verão. Agora, é todo o ano. Estão a ser transferidos doentes centenas de quilómetros. Hoje estamos pior do que estávamos há cinco anos”.

Perante esse cenário, os médicos não são suficientes. “Os médicos de família não têm tempo e ainda querem mandar para lá os verdes?”, questionou o presidente do Colégio, defendendo que é preciso aumentar as capacidades formativas.

“Existe um número elevado de médicos que quer dedicar a sua vida à emergência hospitalar e criar uma carreira. A especialidade é uma das soluções”, apontou, defendendo a criação da especialidade de emergência hospitalar, que tem merecido a oposição da Ordem dos Médicos.

Para Vítor Almeida, o caminho também é o da valorização salarial dos médicos e da criação de “carreiras mais dignas”. “Os médicos para se sentirem respeitados e valorizados têm que ter um outro reconhecimento desse trabalho, ou seja, melhores salários”, concordou o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, considerando que o regresso à dedicação exclusiva opcional “pode ser uma boa solução” e que se deve tentar perceber porque ficaram por preencher vagas para a formação de especialidade.

“Temos falta de recursos humanos sobretudo porque não temos criado as condições necessárias para atrair e fixar profissionais, que seja competitivo com o setor privado e cm outros países”, reforçou o presidente da Associação Nacional de Administradores Hospitalares, Xavier Barreto, convicto de que “tem que se passar a ter em conta o desempenho na forma como os médicos são retribuídos”.

Para Xavier Barreto e Miguel Guimarães é preciso também olhar para a organização do Serviço Nacional de Saúde. “Não acompanho a ideia de que os administradores hospitalares do sul são piores do que os do norte. Têm é outros problemas, como a falta de médicos de família”, apontou o presidente da Associação de Administradores Hospitalares. “O que se faz no Porto, de concentração de recursos, é possível fazer em Lisboa mas não exatamente nos mesmos moldes. Tem que ser feito um modelo alternativo”, apontou, por sua vez, o bastonário dos Médicos, manifestando-se convicto de que esse estudo está prestes a ser concluído.

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