Portugal

Dinheiro barato pode voltar nos próximos anos

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Os recentes aumentos reais das taxas de juro poderão ser apenas temporários. Quando a inflação estiver novamente sob controlo nas “economias avançadas” (Portugal encaixa nesta categoria, bem como os outros países da Zona Euro), os bancos centrais poderão de novo aliviar a política monetária e colocar as taxas de juro de volta aos níveis pré-pandémicos.

O dinheiro barato pode então voltar a ser uma realidade. Quando e em que medida? Tudo dependerá da evolução da dívida e défice públicos e ainda de outras variáveis macroeconómicas, explica o Fundo Monetário Internacional (FMI) no capítulo 2 do “World Economic Outlook”, sob o título “A taxa de juro natural: condutores e implicações para as políticas”.

Se o crescimento económico for superior à taxa de juro real, os governos poderão suster défices orçamentais primários (sem juros) elevados sem necessariamente comprometer a sustentabilidade da dívida pública. Uma vez que a inflação baixe nos próximos anos, o que pode exigir um período prévio prolongado de taxas de juro elevadas , a implicação parece clara: no longo prazo, as taxas naturais permanecerão baixas (nas economias avançadas) ou diminuirão ainda mais (nos mercados emergentes).

Uma simulação para o período 2022-2050, sugere que as taxas de juro naturais são suscetíveis de se manterem perto dos níveis pré-pandémicos em economias avançadas. Uma vez que a transição demográfica já está em curso, o impacto negativo de um maior envelhecimento será moderado. Por outro lado, uma dívida pública mais elevada atuará como contrapeso, aumentando a taxa natural. Em países emergentes, o prognóstico é de um significativo declínio das taxas naturais. Esta será a consequência de um desacelerar do crescimento da produtividade e de uma população envelhecida; em muitas economias de mercado emergentes, a demografia a transição deve acelerar nas décadas seguintes.

A relevância das taxas de juro é grande, tendo em conta o número de famílias que em Portugal recorre ao crédito. As Euribor começaram a subir mais significativamente desde 4 de fevereiro de 2022, depois de o Banco Central Europeu (BCE) ter admitido que poderia subir as taxas de juro diretoras este ano devido ao aumento da inflação na Zona Euro e a tendência foi reforçada com o início da invasão da Ucrânia pela Rússia em 24 de fevereiro de 2022.

A taxa Euribor a 12 meses, que atualmente é a mais utilizada em Portugal nos créditos à habitação com taxa variável, avançou esta terça-feira, ao ser fixada em 3,582%, mais 0,004 pontos e contra o máximo desde novembro de 2008, de 3,978%, verificado em 9 de março. Segundo o Banco de Portugal, a Euribor a 12 meses já representa 43% do stock de empréstimos para habitação própria permanente com taxa variável, enquanto a Euribor a seis meses representa 32%.

 

Na última reunião de política monetária, em 16 de março, o Banco Central Europeu (BCE) voltou a subir em 50 pontos base as taxas de juro diretoras, acréscimo igual ao efetuado em 2 de fevereiro e em 15 de dezembro, quando começou a desacelerar o ritmo das subidas em relação às duas registadas anteriormente, que foram de 75 pontos base, respetivamente em 27 de outubro e em 8 de setembro. Em 21 de julho de 2022, o BCE aumentou, pela primeira vez em 11 anos, em 50 pontos base, as três taxas de juro diretoras.

Contas feitas, o BCE aumentou o preço do dinheiro desde julho do ano passado em 350 pontos base, para 3,50%. Nessa altura, a presidente do banco central da Zona Euro, Christine Lagarde, disse que as próximas decisões sobre taxas de juro dependem dos dados económicos e financeiros, porque aumentou a incerteza com a tensão nos mercados financeiros.

Em entrevista recente à agência Lusa, o governador do Banco de Portugal (BdP) recordou que a decisão do Conselho de Governadores do BCE sobre as taxas de juro na reunião agendada para 4 de maio está em aberto, pois será baseada em dados, mas sublinhou que “gostaria que isso [a estabilização ou a paragem das subidas] acontecesse”.

O FMI considera que, nos grandes mercados emergentes, as tendências sugerem uma convergência gradual das taxas de juro reais com as economias avançadas. Taxas de juro reais mais baixas irão permitir que as autoridades assumam um papel mais ativo na estabilização da economia, desde que seja assegurada a sustentabilidade fiscal (défice e dívida contidos).

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