Luís Barreira

A saúde dos portugueses e das portuguesas!

GYNECOLOGIST - MILENIO STADIUM

 

Tem-se falado e eu próprio tenho criticado frequentemente, as más condições de organização e trabalho do Serviço Nacional de Saúde (SNS) português. Ou porque não há médicos especialistas e enfermeiros suficientes, ou porque os Centros de Saúde não funcionam corretamente e de acordo com as necessidades dos doentes, o SNS tem sido um “saco de boxe” para todos os protestos nacionais.

Hoje decidi falar sobre a saúde, mas por outro ponto de vista: como está a saúde dos portugueses?
Naturalmente que o estado de saúde dos portugueses e das portuguesas tem alguma relação com o “estado de saúde” do SNS. Espero, no entanto, que tal não se deva maioritariamente ao caso que está a ser investigado pelo Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa (DIAP) no Hospital Amadora-Sintra, sobre 22 doentes que “morreram ou ficaram mutilados”, suspeitando-se que tal teve origem em más práticas das equipas cirúrgicas!…
Considerando que a verificar-se a certeza do exemplo anterior, ele possa ser considerado uma exceção à regra da boa qualificação dos nossos profissionais da saúde, quero hoje evidenciar um recente estudo (2022), editado por uma grande cadeia privada de saúde em Portugal, sobre o estado da saúde das mulheres e homens portugueses, nomeadamente sobre as diferenças entre uns e outros.

Segundo o estudo, atualmente 53% das mulheres têm, pelo menos, uma doença clinicamente diagnosticada, enquanto os homens nessas circunstâncias perfazem 50%, sendo que 21% dessas mulheres têm mais de duas doenças diagnosticadas, contrariamente a 11% dos homens, além de que 16% das mulheres têm doenças mentais diagnosticadas, face a 6% dos homens.

No que diz respeito à dor, verifica-se que as mulheres têm dor mais frequente e de maior volume, sendo que 33% delas sofre de dor crónica e, em 30% dos casos, sem qualquer diagnóstico de doença. Verificou-se igualmente, por parte das mulheres e da sociedade em geral, uma normalização da dor, como se ela fosse parte do seu estado natural. Talvez como consequência da dor física associa-se a psicológica, com 73% das mulheres a reconhecerem-se como ansiosas e apenas 10% a admitirem que são felizes.

Naturalmente que, para a compreensão mais exata deste estudo, limitado à constatação factual, faltaria conhecer muitos outros elementos, tais como: dimensão e localização dos inquéritos, idades, profissões e extratos sociais dos inquiridos, entre outros elementos, no entanto, o estudo agora publicado já revela algumas pistas sobre as diferenças entre homens e mulheres, fazendo sobressair um défice que as mulheres têm face aos homens, no que diz respeito à saúde física e mental, sem que desse mesmo estudo se deva extrair alguma provocatória conclusão sobre eventuais diferenças entre o “sexo forte e o sexo fraco”!…

No âmbito deste assunto e porque hoje em dia no nosso país muito se fala sobre saúde mental, será interessante refletirmos um pouco sobre o lugar que ocupamos, face a outros países, no ranking da felicidade e no que nos possa tornar pessoas felizes.

Portugal ocupa a posição 56 numa tabela liderada pela Finlândia, seguido pela Dinamarca, Islândia, Suíça e Países Baixos. Embora os países onde lideram as sociedades mais satisfeitas com a felicidade, sejam países nomeadamente frios, em relação ao nosso, não é a temperatura inferior que está na origem de tal satisfação. Embora com menos impacto do que antes, o aspeto económico e financeiro e a qualidade de vida que proporciona aos cidadãos, continuam a prevalecer na sensação de felicidade por parte destes.

A este propósito, há até quem pense (Carlos Vidal, médico e humorista) que os benefícios terapêuticos do humor são importantes para a nossa saúde mental e um dos melhores complementos ao nosso bem-estar. Não sei se rir é o melhor remédio, mas quando alguém ri, não me parece que seja por se sentir infeliz!…
Um outro aspeto interessante relacionado com a saúde é a longevidade. Há 20 anos atrás, em Portugal havia pouco mais de 100 pessoas com 100 anos. Atualmente e segundo dados da Fundação Calouste Gulbenkian, são quase cinco mil.

Não há certezas científicas que expliquem a longevidade de algumas pessoas, nomeadamente quando elas justificam a sua longa vida com exemplos como: “deitar cedo, beber um copo de aguardente todos os dias e amar Deus”, como foi o caso de Juan Vicent Mora, um venezuelano que entrou no Guinness World Records, graças à sua idade de 113 anos. O que sabemos é que certos hábitos saudáveis, como reduzir no sal, açúcar, tabaco e álcool, além da prática do desporto, podem prevenir doenças tais como AVC, diabetes e cancro, que foram as principais causas de morte em Portugal, em 2019.

Penso que toda a gente aspira a morrer o mais tarde possível. Mas também há quem assuma os riscos de comer e beber sem precauções com a saúde, esquecendo qualquer tipo de exercício físico e esperando que “o que for soará” ou que escape às estatísticas mais negativas.

Embora “tire o chapéu” a todos aqueles que seguem religiosamente uma conduta saudável, confesso que não sou, assumidamente, um radical nesses aspetos, preferindo conter-me moderadamente em relação ao consumo dos “frutos proibidos” e esticar os músculos numa piscina ou nas águas deliciosas das nossas belas praias.
Afinal, para mim (que não quero servir de exemplo…), o principal é sentir-me feliz, porque mais vale uma vida mais curta, mas feliz, do que uma vida recheada da infelicidade causada pelo estado decrépito e dependente de uma longa longevidade.

Depois deste desabafo, um conselho politicamente correto: tenham uma vida saudável e sejam felizes!

Luis Barreira/MS

Redes Sociais - Comentários

Artigos relacionados

Back to top button

 

O Facebook/Instagram bloqueou os orgão de comunicação social no Canadá.

Quer receber a edição semanal e as newsletters editoriais no seu e-mail?

 

Mais próximo. Mais dinâmico. Mais atual.
www.mileniostadium.com
O mesmo de sempre, mas melhor!

 

SUBSCREVER