Lembro Tony de Sousa com admiração e simpatia
Foi com pesar que tomei conhecimento da morte do presidente do Centro Cultural Português de Mississauga, Tony de Sousa, pouco tempo depois de lhe ter sido diagnosticada a doença de que padeceu.
O meu envolvimento com o Centro data de maio de 2008, quando Gilberto Moniz era presidente, e compareci para as sopas do Espírito Santo no início da minha pesquisa sobre as Festas do Espírito Santo no Canadá. O Tony, então vice-presidente, recebeu-me com uma grande afabilidade e prestou-se a uma entrevista. Em 2013-2014, substituí, a pedido do presidente Gilberto, o saudoso José Mário Coelho na redação do livro que foi publicado nesse ano para celebrar os 40 anos de existência do Centro. Trabalhámos bem juntos, o executivo e eu, e o livro foi lançado na data que havia sido determinada. Sempre gostei de frequentar os eventos e o festival Carassauga, quando podia ir.
Em 2016, celebrei o vigésimo aniversário do livro de poemas de meu pai, SAMOUCO, com o lançamento de um CD com poemas dele, musicado por Minah Jardim e Nelson Câmara, primeiro na ilha de Sta. Maria e em Lisboa e, em 2017, no Ontário. Normalmente, eu teria planeado o lançamento em Toronto, mas para este evento eu visava uma audiência composta de continentais e açorianos, porque celebrava a vida e a obra de meu pai, poeta e primeiro controlador aéreo na ilha de Santa Maria, Açores. Decidi, portanto, dirigir-me ao Centro, mais conhecido pelo antigo nome de Clube de Mississauga.
Tony de Sousa foi, mais uma vez, de uma enorme a fabilidade. Nessa altura, já era presidente desde 2015. Concordou em organizar uma “Homenagem ao Poeta” no dia 24 de março de 2017, no salão de festas da casa, com jantar e a participação de fadistas, além da atuação de Minah Jardim e Nelson Câmara. Mandou fazer o cartaz e, a partir daí, a respetiva divulgação. Eu estava agradecida por tanto empenho, sabendo ambos que poderia não resultar. O meu falecido pai não era conhecido, e o salão teria que contar com a presença de, pelo menos, 200 pessoas para poder pagar as despesas do sarau. Não foi o caso. O Tony contactou-me para dizer que não tinham sido comprados mais do que 50 bilhetes, pelo que não seria possível prosseguir com a ideia da homenagem.
Em vez de dececionada, fiquei a admirar o arrojo do Tony e a sua vontade de diversificar a oferta cultural do Clube. Ainda hoje guardo, com gratidão, o bonito cartaz. O evento acabou por ter lugar a 5 de maio, na Galeria Alberto Costa da Casa do Alentejo, com a presença de umas 50 pessoas.
Voltei ao Clube em maio de 2019 para assistir ao lançamento do livro de Roberto Medeiros, de passagem por Toronto, que teve lugar numa pequena sala do piso inferior do Clube, como deveria ter sido a homenagem ao meu pai em 2017. Mas Tony sonhou grande e eu apreciei o seu esforço que, afinal, em nada prejudicou o Clube.
Tony de Sousa, que ainda tinha tanto para sonhar e dar à sua família, ao seu Clube e à sua comunidade, descansa em paz. Os meus sentidos pêsames à sua família e à Direção do Centro Cultural de Mississauga.
Ilda Januário/MS
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