Editorial

Uma visão retórica

 

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Henry Kissinger disse um dia: “Não se trata de satisfação absoluta, mas de insatisfação equilibrada”. É esta a minha avaliação da visita ao Canadá do Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, do Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, Paulo Cafôfo, e de vários deputados dos vários partidos políticos de Portugal.

O Presidente da República e a sua comitiva participaram em diversos eventos que deram a conhecer vários aspetos da vida portuguesa no Canadá, com destaque para Montreal e Toronto.

O principal destaque da visita foi a celebração dos 70 anos da imigração portuguesa para o Canadá. Uma exposição de artefactos históricos e perspetivas da vida no Canadá nos últimos 70 anos foi apresentada no Metro Hall, habilmente organizada e comissariada pelo Professor Gilberto Fernandes. Ao participar neste evento, juntamente com muitos membros da comunidade portuguesa e outros, fiquei impressionado com a diversidade geracional e intelectual dos participantes. A maioria não se deu ao trabalho de apreciar o trabalho árduo que foi despendido para montar a exposição e estava simplesmente interessada na autoimagem de estar e ser vista com as elites políticas e digerir uma miríade de iguarias gastronómicas gratuitas. Ouvir a conversa fiada de felicitações do nosso primeiro-ministro foi uma perda de tempo, porque ele não forneceu uma atualização sobre a nossa situação atual no Canadá e mostrou como os políticos estão fora de contacto com a nossa comunidade e que a nossa evolução intelectual não foi notada. Saímos do Metro Hall satisfeitos com a exposição, mas insatisfeitos com os discursos.

O segundo evento de relevo foi a cerimónia de lançamento da primeira pedra para a Magellan Community Charities. Após muitos anos de trabalho árduo por parte de muitos, a comunidade foi convidada a celebrar o nascimento deste complexo que rejuvenescerá a propriedade na 640 Lansdowne Avenue. O centro comunitário de cuidados de longa duração e as unidades de habitação económica proporcionarão o conforto necessário a muitas pessoas. Os convidados de Portugal compareceram em força, acompanhados pela presidente da Câmara de Toronto, Olivia Chow, pela vereadora de Davenport, Alejandra Bravo, pelos deputados Charles Sousa e Julie Dzerowicz e pelos atuais e antigos membros do Conselho de Administração da Magellan, bem como pela equipa que irá gerir e construir as instalações. A comunidade participou e mostrou o seu apoio às realizações do projeto até à data, incluindo a presença de alguns doadores do projeto que estão empenhados no seu sucesso. Foi gratificante ver o Governo de Portugal a comprometer-se a apoiar este projeto.

Ao avaliar a visita da comitiva portuguesa, a visão é de positividade pelas ações demonstradas que revelam a preocupação com os luso-canadianos e o seu papel no desenvolvimento da vida em países como o Canadá. O seu espírito de inclusão foi evidente em muitos aspetos, mesmo em momentos em que a exuberância de alguns excedeu as normas. No entanto, a qualidade da comunicação, para além do evento Magellan, pareceu muitas vezes cansada e reciclada, não refletindo necessariamente a vida moderna dos portugueses neste país. Os cidadãos nem sempre ajudam ao serem demagogos e ao aplicarem uma retórica egoísta para promoverem as suas causas.

Devemos dar crédito àqueles que se esforçaram por ser acolhedores, respeitosos e inclusivos. A semana passada foi mais um passo no desenvolvimento de uma comunidade que está em transição.

Reconhecer as mudanças e os processos de pensamento e implementar uma estratégia em que os cidadãos mais velhos se tornam mentores das gerações mais novas pode ser um catalisador para salvar a nossa cultura e tradições.

Em frente e para a frente.


A Rhetorical View

Henry Kissinger once said, “It’s not absolute satisfaction, but balanced dissatisfaction”. That’s my assessment of the visit to Canada by the President of Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, Secretary of State for Portuguese Communities, Paulo Cafofo, and several MPs from the various political parties in Portugal.

A number of events were attended by the President and his entourage, which showcased various aspects of Portuguese life in Canada focusing on Montreal and Toronto. The primary spotlight for the visit was the celebration of 70 years of Portuguese Immigration to Canada. An exhibit of historical artifacts and perspectives of life in Canada for the past 70 years were shown at Metro Hall, ably organized and curated by Professor Gilberto Fernandes.

Attending this event together with many from the Portuguese community and others, I was struck by the cross generational and intellectual diversity of attendees. Most did not bother to appreciate the hard work which was expended to put the exhibit together and were simply interested in the self-imaging of being and be seen with the political elites and digesting a myriad of free gastronomical treats. Listening to the congratulatory drivel emanating from our Prime Minister was a waste of time because he didn’t provide an update on our current status in Canada and it showed how out of touch politicians are with our community and that our intellectual evolution has not been noticed. Left Metro hall fulfilled by the exhibition but unsatisfied by the speeches.
The second event of significance was the groundbreaking ceremony for Magellan Community Charities. After many years of hard work by many, the community was invited to celebrate the birthing of this complex which will rejuvenate the property at 640 Lansdowne Avenue. The Long-Term Care community and affordable housing units will provide much needed comfort to many. The guests from Portugal attended in force accompanied by the Mayor of Toronto, Olivia Chow, the Councillor for Davenport, Alejandra Bravo, MPs Charles Sousa and Julie Dzerowicz and current and former Magellan Board Members plus the team which will manage and construct the facility. The community attended and showed its support for the project’s accomplishments to date including the presence of some donors to the project who are invested on its success. It was rewarding to see the Government of Portugal committing to support this project.

In assessing the visit by the Portuguese entourage, the view is one of positiveness by the demonstrated actions which showed they cared about Luso Canadians and their roles in the development of life in countries such as Canada. Their spirit of inclusiveness was evident in many aspects, even at times when the exuberance of some exceeded norms. However the quality of communication, other than at the Magellan event, appeared to often be tired and recycled and not necessarily reflective of modern life of Portuguese in this country. Citizens don’t always help by being demagogues and applying self-serving rhetoric to advance their causes.

Let’s give credit to those who made an effort to be accommodating, respectful and inclusive. This past week was another step in the development of a community which is in transition.

Recognizing the changes and thought processes plus implementing a strategy where older citizens become mentors to the younger generations may just be a catalyst for saving our culture and traditions.
Onward and forward.

Manuel DaCosta/MS

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