Editorial

O lado negro da vida

lado negro - droga - milenio stadium

 

As grandes cidades do Canadá estão a ser engolidas pelo flagelo das drogas que estão a matar as cidades culturalmente e a forma de vida de milhares de pessoas por dia. As drogas foram sempre um problema na sociedade, mas o vicio enquanto doença, ainda não foi gerido de forma eficaz.

O abuso de substâncias e o vicio podem contribuir para o desenvolvimento de doenças mentais, mas nunca é visto desta forma. As áreas do cérebro afetadas pelo abuso de substâncias criam problemas como esquizofrenia, ansiedade, transtorno de humor e impulsos. Porquê o aumento do consumo de drogas? Existem muitos fatores incluindo a pressão dos amigos, situações familiares difíceis, ansiedade, depressão e solidão.

A 31 de janeiro de 2023, British Columbia começou uma experiência, com duração de 3 anos, que descriminaliza a posse de drogas ilegais até 2.5 gramas. Apesar de as drogas permanecerem ilegais, os seus consumidores não serão presos a não ser que pretendam vender essas drogas, que incluem cocaína, opioides e metanfetaminas. Em Vancouver, o centro este da cidade, foi nomeado por Pierre Poilievre como “o inferno na terra”, pelo número de toxicodependentes que ocupam as ruas, mas esta situação não é exclusiva a esta área, sendo que a maioria das cidades urbanas no Canadá e Estados Unidos estão a experienciar algo semelhante. O governo de British Columbia, que é o primeiro governo provincial a descriminalizar o consumo de drogas no Canadá, sugeriu que a segurança dos mais jovens fosse a prioridade deste programa, contudo, ao examinar os resultados do consumo de drogas neste país, é incompreensível como é que isto providenciará segurança a alguém.

O governo recorre a uma linguagem descritiva que demonstra o lado positivo num mundo feio ao sugerir o “acompanhar dos resultados desejados e garantir que não existem resultados indesejados” neste estudo de 3 anos. Se é assim que o problema do controlo de drogas é implementado, então a maldição de um futuro com drogas está aqui e para ficar.

Em 2021, estimou-se que em cada três pessoas sem-abrigo em BC, dois eram toxicodependentes e, em 2022, na província, pelo menos 2,272 pessoas tiveram mortes causadas pelas drogas e o número de assaltos e assédios aumentaram substancialmente. Quando uma arma é utilizada num massacre, o que é bastante comum no Norte da América, é notícia de primeira página, mas quando milhares de pessoas morrem todos os anos numa província devido à crise de overdoses, é ignorado devido aos elementos sociais envolvidos. Como dizemos a um toxicodependente para se controlar e não consumir mais de 2.5 gramas de alguma coisa quando o seu mundo está envolto na névoa de quaisquer aflições que a vida lhe impôs? Os governos estão a ficar sem respostas inovadoras e sem soluções e têm-se apoiado na fiscalização em vez de criarem soluções de tratamento.
A remoção do policiamento fornece um caminho para aqueles que estavam à beira do uso de drogas para experimentarem e se tornarem toxicodependentes. Apesar de Portugal ter descriminalizado a posse em 2001, também investiu fortemente na reabilitação e recuperação e dezenas de milhares de pessoas foram inscritas em programas de reabilitação.

Em 2018, Portugal introduziu locais de consumo seguros e supervisionados, mas só depois de duas décadas de políticas sobre o consumo de droga é que se viu a redução do consumo de heroína em 75%. Será que Portugal ainda tem um problema grave com o consumo de droga? Sim, mas pelo menos aqueles que querem melhorar têm uma alternativa ao procurar ajuda para o seu vicio.

A maioria dos países perdeu essa oportunidade e o consumo de drogas e álcool será sempre um fator contribuinte na degradação das suas vidas. As nossas ruas e parques estão repletos de miséria humana, muitas vezes à espera da morte. O estrago que fizemos ao não avaliarmos as necessidades de saúde mental dos toxicodependentes e não implementarmos programas que abranjam a totalidade dos indivíduos, em vez da demonização daqueles que estão na sarjeta que não servirá bem ao nosso país. Todos nós criamos problemas e temos conivência na forma como o mundo está hoje e o futuro mundo vai olhar para nós como uma sociedade desprovida de compaixão. Sim, nenhum de nós quer ver a ilegalidade nas nossas cidades por aqueles que desistiram da normalidade da vida, mas se reduzirmos a nossa compreensão dos problemas nada será resolvido. Também não devemos dizer sim a programas ineficazes quando a resposta é não, apenas para satisfazer os demagogos sociais.

Por ano 100,000 pessoas estão a morrer de overdoses evitáveis, e isto apenas nos Estados Unidos. A discriminação em massa não é a resposta até que financiemos adequadamente os programas de abuso de substâncias.

Num mundo com compaixão, uma vida humana requer muitas coisas e temos de implementar sistemas que tornem os indesejados, desejados. Não podemos simplesmente atirar dinheiro aos problemas por aqueles que não se podem ajudar e criar as condições de que toda a sociedade possa beneficiar e eliminar caminhos de vidas ocas e vazias.


The dark side of life

Major cities in Canada are being overrun by the scourge of drugs which are culturally killing cities and the way of life for thousands of people each day. Drugs have always been a problem in society, but addiction as an illness has not been dealt with effectively. Substance abuse and addiction can contribute to the development of mental illness but was never looked at in this manner. Areas of the brain affected by substance abuse create disruptions such as schizophrenia, anxiety, mood and impulse control disorders. Why the increase in drug use? There are many factors including peer pressure, difficult family situations, anxiety, depression, and loneliness.

On January 31, 2023, British Columbia began a 3-year experiment with decriminalizing possession of up to 2.5 grams of illegal drugs. Although the drugs themselves remain illegal, users will not be arrested unless they are dealing drugs for sale, including cocaine, along with opioids and methamphetamines.

In Vancouver the downtown east side has been labelled “hell on earth” by Pierre Poilievre because of the number of addicts that occupy the streets, but this situation is not exclusive to this area as most major urban cities in Canada and the US are experiencing similar issues. The government of British Columbia which is the first Canadian province to decriminalize drugs, suggests that the safety of young people is the priority of this exemptive program but in examining the results of drug usage in this country, it is incomprehensible how this will provide safety for anyone.

The government uses descriptive language that describes positiveness in an ugly world by suggesting “monitoring desired outcomes and ensuring no unintended consequences” in the 3-year study. If this is how the control of the drug problems are to be implemented then the curse of a drugless future is here and now.
In 2021 it was estimated that two out of three homeless persons in BC had an addiction and in 2022 at least 2,272 people died of drug-related deaths in the province and the number of assaults and robberies grew substantially.

When a gun is used in a massacre which is very prevalent in North America it’s front page news, but when thousands of people died each year in one province because of the overdose crisis, it’s ignored because of the societal elements involved. How do you tell an addict to control himself and not use more than 2.5 grams of anything when their world is shrouded in the fog of whatever afflictions life has thrust upon them?
Governments have run out of innovative answers and solutions and have relied on enforcement rather than treatment solutions. Removal of enforcement provides a pathway for those who were on the sidelines about using drugs to experiment and become addicted.

One of the most cited models of harm reduction is that of Portugal who was once the capital of drug addiction. While Portugal did decriminalize possession in 2001, it also invested heavily in rehabilitation and recovery and tens of thousands of people were enrolled in rehabilitation programs.

Portugal introduced safe, supervised injection sites in 2018, but only after nearly two decades of drug policies there was a reduction of heroin users by 75 percent. Does Portugal still have a severe drug problem? Yes, but at least those who want to get better have an alternative to get help with their addiction.

Most countries have missed the mark and drugs and alcohol will always be contributing factors in the degradation of lives. Our streets and parks are littered with human misery often only waiting for death. The damage we have done by not assessing the mental health needs of addicts and not implementing programs that embrace the wholeness of individuals instead of the demonization of them who are in the gutters, will not serve our country well.

We all create problems and have complicity where the world is today and the future world will look back at us as a society devoid of compassion.

Yes, none of us want to see lawlessness in our cities by those who have given up on the normalcy of life but by narrowing our understanding of the problems, nothing will be solved.

We should also not be saying yes to ineffective programs when the answer is no, just to satisfy social demagogues. 100,000 people per year are dying from preventable overdoses in the United States alone. Mass decriminalization is not the answer until we adequately fund substance abuse programs. In a compassionate world, a human life requires many things, and we have to implement systems that make the unwanted wanted.
We can’t just throw money at problems without a strategic vision of positive results. Let’s find an antidote to despair for those who can’t help themselves and create conditions that the whole of society can benefit from and eliminate paths of hollow and empty lives.

Manuel DaCosta/MS

Redes Sociais - Comentários

Artigos relacionados

Não perca também
Close
Back to top button

 

O Facebook/Instagram bloqueou os orgão de comunicação social no Canadá.

Quer receber a edição semanal e as newsletters editoriais no seu e-mail?

 

Mais próximo. Mais dinâmico. Mais atual.
www.mileniostadium.com
O mesmo de sempre, mas melhor!

 

SUBSCREVER