Desporto

Na minha casa ou na tua?

A novela da retoma da I Liga ainda está longe do fim. Depois da polémica dos casos positivos para COVID-19 que surgiram no Vitória de Guimarães, Famalicão, Moreirense e Benfica – e que, naturalmente, fazem com que as dúvidas em relação ao facto de esta retoma ser ou não uma boa ideia se adensem -, existem ainda dois assuntos que continuam a fazer correr muita tinta.

O primeiro, que de resto já abordámos de forma geral neste espaço na edição passada deste jornal, tem que ver com o Código de Conduta proposto pela Direção Geral de Saúde (DGS) e que fez com que árbitros e atletas da competição expressarem sérias reservas em relação ao mesmo. Os primeiros queriam ver esclarecida a questão de se seriam ou não equiparados aos jogadores, ou seja, se também eles assumiriam responsabilidade pelo seu próprio “destino” no que ao risco de infeção por Covid-19 diz respeito. Mas há mais: o ponto 6 deste Código estabelece que jogadores, treinadores, árbitros, dirigentes e respetivas famílias ficam obrigados ao “dever de recolhimento domiciliário” – algo próximo do impossível para a maioria dos árbitros que, não sendo profissionais, praticam outras atividades, assim como as suas famílias.

Para além disso, o seguro desportivo de trabalho também provocou reações negativas tanto por parte dos jogadores como dos árbitros: é que este não contempla a infeção por coronavírus. No caso dos segundos ainda existe uma agravante: à exceção dos juízes profissionais, estes apenas prestam serviços à Liga Portugal e à Federação, não possuindo por isso vínculo laboral e estando, por isso, mais desprotegidos.

Soube-se entretanto, no entanto, que todos os jogadores dos clubes que compõem a Primeira Liga de futebol português vão assumir, coletivamente, o Código de Conduta. Quem avançou esta informação foi Joaquim Evangelista, presidente do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol, explicando que este ponto “exigia, aparentemente, uma declaração individual dos jogadores”, transparecendo que poderia existir “uma responsabilização”, colocando em causa “os direitos fundamentais” dos jogadores. Tudo parece agora esclarecido: “É uma declaração de que os jogadores tomaram conhecimentos das regras deste protocolo”, e de que assumem um “comportamento adequado ao seu cumprimento”, segundo explicou Joaquim Evangelista.

Assunto encerrado. Passemos ao próximo: onde serão, afinal, disputadas as partidas das 10 jornadas que faltam para a conclusão do campeonato? As Administrações Regionais de Saúde (ARS) vistoriaram, esta segunda (18) e terça-feira (19), os estádios de nível 1, 2 e 3, de forma a perceber quais deles reuniam as condições de segurança necessárias. Ora, o Marítimo, por exemplo, desde cedo se mostrou contra a conclusão da época em campo – não fossem eles estar atualmente a oito pontos acima da linha d’água. Mais vale prevenir do que remediar! Para além disso, ainda ameaçou avançar com um pedido de impugnação da competição caso não pudesse disputar as partidas que restam desta época no seu próprio estádio. Vá lá que, na quarta-feira (20), a FPF anunciou que foram 10 os estádios aprovados pela DGS e que “poderão de imediato receber jogos” – são eles a Cidade do Futebol (um empreendimento promovido pela FPF, que alberga os edifícios da FPF e um Centro Técnico de Futebol para estágios e trabalho das seleções nacionais, localizado no Complexo Desportivo Nacional do Jamor), o Capital do Móvel (Paços de Ferreira) – depois de corrigido um problema relacionado com um “pormenor na distribuição de água” -, o Estádio D. Afonso Henriques (Vitória de Guimarães), o Estádio do Dragão (F.C. Porto), o Estádio João Cardoso (Tondela), o Estádio José Alvalade (Sporting), o Estádio Municipal de Braga (S.C. Braga), o Estádio do Sport Lisboa e Benfica (S.L. Benfica), o Portimão Estádio (Portimonense) e… o Estádio do Marítimo (Marítimo)! Quem não chora…

O organismo adiantou ainda que, depois de sujeitos a “um conjunto de correções”, existem ainda outros cinco estádios que poderão ser aprovados, após nova vistoria – o Bonfim (Vitória de Setúbal), o Cidade de Barcelos (Gil Vicente), o Clube Desportivo das Aves (Desportivo das Aves), o Bessa (Boavista) e o Rio Ave (Rio Ave). Quer isto dizer que fora da “corrida” ficaram os estádios do Jamor (Belenenses), o Estádio Municipal de Famalicão (Famalicão) e o Estádio Comendador Joaquim de Almeida Freitas (Moreirense).

Mais tarde, ficou a saber-se que no estádio do Bessa são necessárias alterações de sinaléticas e percursos e no Bonfim as correções também estão relacionadas com questões técnicas de sinalética.

Finalmente, Santa Clara e Belenenses disputarão, enquanto anfitriões, as restantes jornadas na Cidade do Futebol. Já o Famalicão atuará no campo do Gil Vicente, em Barcelos, depois de corrigidas as “falhas” apontadas na vistoria realizada e o Moreirense terá de pedir a casa emprestada ao Vitória de Guimarães.

É caso para se dizer… Mi casa es su casa! E é se querem!

Inês Barbosa/MS

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