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Tribunal neerlandês pede seis anos de prisão para portuguesa “noiva da jiad”

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O Ministério Público de Roterdão pediu seis anos de prisão para a luso-holandesa Ângela Barreto, acusada de fazer parte do grupo terrorista Estado Islâmico. É a pena mais pesada pedida nos Países Baixos para uma “noiva da jiad”.

Ângela Barreto está a ser julgada em Roterdão, na Holanda. A cidadã luso-holandesa, de 26 anos, está acusada de colaborar com o grupo terrorista Estado Islâmico (EI), no recrutamento de outras mulheres e até no fornecimento de armas.

“Contribuiu para a morte de muitas vítimas que foram brutalmente assassinadas e permaneceu no califado até o último suspiro”, disse o promotor público no tribunal de Roterdão durante o julgamento, na sexta-feira, em declarações reproduzidas pelo jornal “De Telegraaf”.

O procurador pediu seis anos de prisão, a pena mais alta proposta em casos de mulheres que fugiram para se juntar ao Estado Islâmico e que entretanto regressaram a casa. A sentença será conhecida dentro de 15 dias.

Ao contrário de outras “noivas da jiad”, frequentemente jovens mulheres iludidas com a ideia de uma vida melhor no califado que o Estado Islâmico chegou a ter numa parte do norte do Iraque, Ângela trabalhou ativamente com os terroristas, alega o Ministério Público (MP) holandês. “Era uma verdadeira mulher do EI e a organização, implacável, contava com ela”, disse o promotor.

“Viajou com convicção para apoiar a luta armada na Síria“, continuou o procurador, pouco convencido do arrependimento demonstrado por Ângela no tribunal. “Distancio-me completamente do EI, acho terrível o que eles fizeram”, disse a luso-holandesa, irrompendo em lágrimas. “Estou envergonhada e peço desculpas a todas as vítimas. Sinto-me muito mal”, acrescentou.

Ângela apresentou-se no tribunal como uma jovem ingénua que não fazia ideia do que estava a fazer quando foi para a Síria. “Foi o pior erro da minha vida”, disse, sustentando que tentou regressar quando percebeu que a vida de aventura não passava de uma ilusão.

“Quero permanecer muçulmana. Mas à minha maneira”, disse Ângela, que se apresentou em tribunal com um véu islâmico, o niqab . “No meio do terrorismo, é difícil ser quem se quer ser. Há uma atmosfera. Não é que concorde com isso, mas há uma pressão constante”, disse Ângela.

De acordo com o advogado da jovem luso-holandesa, Jeffrey Jordan, Ângela vivia “num mundo de sonhos” e tem “responsabilidade reduzida” nos crimes de que é acusada. Defensor alega com a juventude difícil, cheia de miséria e com passagem por instituições juvenis, para pedir a absolvição. “Ela não se radicalizou”, garantiu.

Ângela tinha 18 anos quando viajou para a Síria, em 2014, para casar com um português do Estado Islâmico, que conheceu na Internet. Fábio Poças viria a ser um dos mais importantes membros da divisão al-Furqan, responsável pelos vídeos de propaganda e das execuções do Estado Islâmico.

Ângela manteve-se no califado até ao fim. Em 2019, foi levada para um campo de prisioneiros curdo, onde o filho, que estava ferido, morreu. A luso-holandesa escapou do campo de al-Hol, e fugiu para Idlib, na Síria, onde ficou refugiada com outras noivas da jiad holandesas, numa casa com piscina, suportada por um ex-terrorista holandês.

Acabaria por conseguir passar a fronteira turca e regressar à Holanda. Está detida na prisão feminina de Zwolle, juntamente com outras “noivas da jiad”. Cinco chegaram na semana passada.

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