Aprovada no Parlamento recomendação para abandonar privatização da Azores Airlines
Foi aprovada na Terça-feira, no Parlamento regional, a resolução do PPM que recomenda ao Governo Regional o abandono da privatização de parte do capital social da Azores Airlines, devido à incerteza provocada pela pandemia Covid-19.
O projecto contou com os votos favoráveis do Partido Socialista (PS), do Bloco de Esquerda (BE), do Partido Comunista (PCP) e do Partido Popular Monárquico (PPM) e as abstenções do PSD, do CDS e da deputada independente Graça Silveira.
Paulo Estêvão, deputado do PPM, salientou em plenário que o “grande conjunto de pressupostos” que levaram o Executivo regional a querer alienar parte do capital social da Azores Airlines (que opera entre o arquipélago e o exterior) estão hoje “perfeitamente ultrapassados pela conjuntura” da pandemia.
“Aquilo que aconteceu nos últimos três meses deixou bem evidente que esta empresa tem de ser preservada totalmente na esfera pública”, afirmou, referindo-se ao papel da SATA no transporte de doentes interilhas e da ida à China para trazer material de protecção individual para a região.
O deputado do PS Carlos Silva disse que, devido aos “tempos de elevada incerteza, não estão “reunidas as condições adequadas” para a privatização de parte da empresa. “Quer a SATA, quer possíveis compradores da posição que viesse a ser alienada estão em condições muito frágeis neste momento. Portanto, não seria bom para nenhuma das partes”, destacou o socialista.
Por sua vez, António Lima, do Bloco de Esquerda, considerou que manter a intenção de privatizar 49% da empresa seria um “absurdo” e defende que a conjuntura actual deve servir para “assegurar o futuro da SATA”.
“[A privatização não defendia] o direito dos açorianos à mobilidade, que só é defendido e protegido com a manutenção de uma SATA 100% pública”, declarou o deputado do BE.
João Paulo Corvelo, do PCP, referiu que o Partido “sempre defendeu a permanência” da companhia na “esfera pública”, frisando que o processo de privatização seria o “primeiro passo para o futuro desaparecimento” da empresa.
“Se podem tirar efeitos desta pandemia, uma delas será a necessidade de rever as posições que o Governo Regional em relação à SPER [sector público empresarial regional]”, disse o comunista.
O PSD, pela voz de António Vasco Viveiros, referiu que a aviação civil atravessa um “momento incerto”, até porque não se conhece as “soluções preconizadas pela Comissão Europeia”. “Neste contexto de incerteza, é totalmente extemporâneo suspender ou não suspender o processo de realização de alienação da Azores Airlines”, assinalou o social-democrata.
O líder do CDS disse, por seu turno, “subscrever” a intervenção do PSD, destacando de que se trata de uma “questão muito importante para a região”.
“Julgo que é prudente aguardamos para [vermos] qual será a decisão europeia e ter como prioridade qual serão os apoios do Estado a atribuir às companhias aéreas”, apontou Artur Lima.
A deputada independente Graça Silveira referiu que este é um “não assunto” porque não acredita que “haja alguém que queira comprar” parte da companhia nesta altura.
O Governo Regional não participou no debate, o que o PPM considerou um “desrespeito institucional” para com a Assembleia Regional.
Diário dos Açores
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