África

23.500 migrantes já chegaram às Canárias este ano, um recorde desde 2006

23.500 migrantes
© Reuters/Notícias Minuto

Mais de 23.500 migrantes chegaram este ano às costas das ilhas espanholas das Canárias, no Oceano Atlântico, um número só superado em 2006, segundo dados do Governo de Espanha conhecidos esta semana.

Entre 01 de janeiro e 15 de outubro, chegaram às Canárias, em embarcações ilegais, 23.537 pessoas, enquanto durante todo o ano de 2006 foram 31.678, o valor mais elevado até agora. Segundo os dados do Ministério da Administração Interna de Espanha, 2023 é, assim, o segundo ano com maior número de chegadas irregulares, sendo o terceiro 2020 (23.271).

Só na primeira quinzena de outubro, as autoridades espanholas registaram a chegada de 8.561 pessoas ao arquipélago, mais 79% do que no mesmo período do ano passado. Durante 2022 e no primeiro semestre de 2023, a designada “rota das Canárias” das migrações a partir do continente africano parecia estar a dar sinais de estabilização ou mesmo de descida no número de chegadas.

No ano passado foram registadas 15.682 chegadas de migrantes às costas das Canárias, menos 30% do que em 2021. Já este ano, entre janeiro e o final de maio, esses números revelavam uma diminuição de 47% (de 8.268 para 4.406) em relação ao mesmo período de 2021. No entanto, nos meses do verão, a tendência de descida alterou-se e os números de chegada começaram a subir.

Espanha é um dos países europeus que lida com maior número de entradas de migrantes em situação irregular na Europa, através das costas do Mediterrâneo e dos arquipélagos das Canárias e das Baleares.

Segundo os dados do Governo, também aumentaram este ano, comparando com 2022, as chegadas de migrantes a território continental e às Baleares (localizadas no Mediterrâneo), mas o crescimento é de 23,4% (de 9.803 para 12.098 pessoas), ou seja, de menor dimensão do que aquele que está a acontecer nas Canárias.

O ministro da Administração Interna de Espanha, Fernando Grande-Marlaska, anunciou esta semana o reforço, durante um mês e meio, da vigilância das costas do Senegal e da Mauritânia, em colaboração com as autoridades destes dois países africanos, para evitar a saída de embarcações com migrantes rumo às Canárias. O reforço de vigilância vai fazer-se com meios aéreos espanhóis.

O ministro atribuiu o aumento das chegadas às Canárias à “desestabilização no Sahel” e defendeu, em linha com o que tem dito repetidamente o Governo espanhol, a cooperação, em diversas áreas, com os países de origem e trânsito da imigração ilegal.

Fernando Grande-Marlaska disse ainda que Espanha tem reforçado, nos últimos anos, as infraestruturas e os recursos humanos para acolher os migrantes nas Canárias.

No mesmo dia, a organização Rede Espanhola de Imigração e Ajuda ao Refugiado apresentou uma queixa na Provedoria de Justiça contra a Secretaria de Estado das Migrações “pela inação e falta de reforços” perante o pico de chegadas de migrantes às Canárias.

Segundo a organização não-governamental (ONG), há um “caos continuado” nas Canárias que já provocou situações “de enorme gravidade”, como pessoas amontoadas em “zonas insalubres” e outros “espaços temporários que se foram deteriorando”.

De acordo com a ONG, há alguns dias, 200 migrantes dormiram num cais por falta de espaço nos centros de acolhimento e há “graves atropelos” às regras de receção dos migrantes nas Canárias, desafiando o provedor a fazer uma visita às ilhas.

Para além dos migrantes que chegam às costas espanholas, há centenas que morrem no mar. Perto de mil pessoas morreram no Mediterrâneo e no Atlântico nos primeiros seis meses deste ano quando tentavam chegar a Espanha, a partir do norte de África, segundo outra ONG, a Caminhando Fronteiras.

A maioria das vítimas – entre as quais, 49 crianças – foram identificadas na designada “rota das Canárias”, entre a costa ocidental africana e o arquipélago espanhol, onde morreram 778 pessoas no primeiro semestre do ano. Os outros naufrágios com vítimas mortais ocorreram no Mediterrâneo, entre as costas da Argélia e Marrocos e as de Espanha.

“Entre as causas que provocaram tragédias e vítimas neste período, voltamos a assinalar a omissão do dever de socorro, a demora na ativação de meios de busca e resgate, a insuficiência de meios quando estes são ativados, as más práticas durante os resgates e a falta de coordenação entre os Estados espanhol e marroquino, cujas relações se regem por interesses geopolíticos vinculados ao controlo migratório e não pela defesa do direito à vida”, escreveu a Caminhando Fronteiras, num comunicado divulgado em julho com os dados relativos ao primeiro semestre.

NM/MS

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