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Sara Tavares: A princesa de carapinha

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No passado dia 19 de novembro, Portugal perdeu uma das suas joias da música, Sara Tavares, uma artista, compositora e guitarrista talentosa, que faleceu aos 45 anos após uma grande batalha contra um tumor cerebral.
Sara ficou conhecida pela atuação no programa “Chuva de Estrelas” da SIC, onde brilhou a imitar Whitney Houston em 1994. Mais tarde representou Portugal na Eurovisão com “Chamar a Música”, um dos temas mais conhecidos da música portuguesa, conquistando o oitavo lugar com 73 pontos. Contudo, o seu talento transcende esses momentos de televisão, passando para uma carreira musical notável com diversas influências, desde funk, soul, gospel e pop até as ricas tradições musicais de Cabo Verde, Angola e Brasil.

Um dos pontos maiores da sua carreira foi o álbum “Mi Ma Bô” (1999), produzido por Lokua Kanza, que ajudou a mudar a sua sonoridade com novas influências, como as de Salif Keita e Miriam Makeba. A constante procura de Sara por ligações com músicas africanas não ocidentalizadas marcou os quatro álbuns a solo, sendo “Balancê” (2005) nomeado para os Prémios World Music da BBC Radio 3. O reconhecimento internacional cresceu ainda mais com “Xinti” (2009), lançado pela World Connection, e o seu último álbum, “Fitxadu” (2017), fez com que Sara tivesse uma merecida nomeação para um Grammy Latino. Mesmo com uma pausa prolongada devido a problemas de saúde, Sara voltou em 2014 para celebrar os seus 20 anos de carreira. Tinha o desejo de explorar novas fronteiras musicais. O seu trabalho marcado por fusões simples e profundas, refletia não apenas o talento musical, mas também uma personalidade tímida em passos lentos, consciente de que não havia um estilo que a definisse. O legado musical de Sara Tavares vai além dos seus álbuns a solo. Teve colaborações com uma variedade de artistas como Nelly Furtado ou Buraka Som Sistema. Nascida em Lisboa em 1978, filha de pais cabo-verdianos, Sara deixa para trás um legado rico e variado na música portuguesa. Sara não era apenas uma artista, mas uma embaixadora da diversidade musical, ligando culturas e criando uma ponte entre tradições. A sua contribuição para a cena musical portuguesa será lembrada não apenas pelos prémios e nomeações, mas pela maneira como ela tocou a alma das pessoas através das suas composições e pela sua voz única . À medida que Portugal chora a perda de Sara Tavares, é importante celebrar não apenas a sua carreira notável, mas também a mulher que inspirou uma nação com a sua música, coragem e resiliência. O seu caminho musical vai continuar, influenciando as gerações futuras e inspirando artistas a explorar além dos seus limites, assim como ela fez ao longo de sua carreira.

NOTA PESSOAL- Ao longo do tempo, a minha relação com a Sara foi pelas redes sociais. Consegui ver três espetáculos ao vivo e fazer-lhe uma entrevista. Algumas conversas que tive com ela, embora limitadas a mensagens de texto, eram quase para mim uma banda sonora. Guardo com carinho cada palavra escrita, como se fossem notas musicais que compõem uma canção única e pessoal. Na entrevista que lhe fiz, vi a sua personalidade simples e tímida com aquele sorriso meigo que ficará sempre na minha memória. E a coroa de carapinha que tinha na cabeça era como um símbolo da sua autenticidade, uma coroa que não era imposta, mas sim um símbolo da sua origem. Essas lembranças, seja dos espetáculos que vi, das mensagens trocadas ou do sorriso, jamais as vou esquecer.

Paulo Perdiz/MS

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