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gelo derrete - milenio stadium

 

A maior onda de calor jamais registada na Antártida provocou o colapso da Glenzer Conger Ice Shelf, no leste do continente, uma plataforma de gelo da dimensão da cidade de Nova Iorque.

Verificada através de imagens de satélite, a plataforma de gelo separou-se da costa, entre os dias 14 e 16 de março. Cientistas afirmam que esta plataforma existiu no local durante milhares de anos, mas provavelmente não voltará a existir.

Na estação meteorológica Franco-Italiana Concordia, localizada a 3 000 metros acima do Oceano Antártico, no planalto Rei Haakon VII, considerado o local mais frio da Terra, foi registado um recorde de temperatura sem precedentes, 43ºc acima da temperatura média expetável, no dia 18 de março em vez dos normais 55ºc negativos os termómetros registaram 12ºc negativos. Para nos preocuparmos ainda mais um pouco, na mesma altura, no extremo oposto do planeta, no Ártico, foi também registada uma onda de calor, fazendo com que as temperaturas fossem de mais 30ºc do que o normal para esta época do ano.

Estas ondas de calor, que se esperam vir a ser cada vez mais frequentes, fazem soar todas as campainhas de alarme, pondo em causa até as simulações e previsões mais pessimistas veiculadas pela comunidade científica.
O degelo das plataformas de gelo da Antártida que se encontram sobre o oceano não contribuem em muito para a subida do nível médio dos oceanos, no entanto servem como uma espécie de tampões de contenção para os glaciares que se encontram sobre o solo do continente, teme-se que glaciares como o de Thwaits, também conhecido como o Doomsday Glacier (Glaciar do Juízo Final), se desprendam. Relativamente a este glaciar em concreto, recente publicação científica, preconiza que se desprenda nos próximos três a cinco anos, podendo provocar um aumento de 65cm do nível dos oceanos, porém no pior dos cenários a subida do nível médio poderá chegar até aos 3m, isto se os glaciares confinantes também colapsarem.

É já irreversível, no imediato, o impacto do aquecimento global sobre o nível dos oceanos, resta-nos trabalhar com urgência para que não sejam ainda piores as alterações no nosso planeta, estes degelos são apenas um princípio de algo ainda mais cataclísmico se não acionarmos urgentemente todos os travões.

Além do enorme impacto destes eventos na civilização humana, que provocará elevados custos económicos e de vidas, também as espécies polares, que já estão ameaçadas, terão as suas existências em risco. Ursos polares, raposas polares, pinguins, focas, peixes, baleias e golfinhos, dezenas de espécies de aves, e tantos outros seres têm a sua sobrevivência por um fio.

Irresponsavelmente destruímos e destruímo-nos.

Citando a investigadora da Universidade de Aveiro, Irina Gorodetskaya:

“Quanto mais esperarmos, maior será o impacto e maior será também o período de irreversibilidade”.

Paulo Gil Cardoso/MS

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