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Violência nas escolas: Alunos e professores reféns do medo

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Ataques violentos com o uso de armas de fogo e facas que resultaram em jovens mortos ou gravemente feridos. Difícil de acreditar, mas esses casos aconteceram recentemente, dentro ou nas imediações de escolas de Toronto. Os ambientes escolares parecem ter sido controlados por gangues que intimidam e fazem ameaças a quem ousar lhes confrontar. Locais que deveriam ser de aprendizado, desenvolvimento da mente e de formação de nossas crianças e jovens estão tomados pela violência e os reféns dessa situação são os alunos e os professores.

Relatos pontuais de violência no ambiente escolar não são novidade numa grande província como Ontário, e em especial, na sua maior cidade e que mais abriga moradores de diferentes culturas e níveis socioeconômicos, como é o caso de Toronto. No entanto este ano de 2022 vem ganhando destaque negativo nessa questão, não só pelo aumento exponencial de casos de violência nas escolas como também pela proporção e gravidade deles. Um recente relatório divulgado pelo Toronto District School Board (TDSB), aponta para uma escalada da violência nas escolas públicas da cidade. Para o ano escolar de 2022-2023, o documento afirma que se a tendência atual continuar, a diretoria estará no caminho para registrar o maior número de casos de violência desde 2000, quando começou a rastrear esses dados.

A situação atingiu um ápice e diante dessa realidade o TDSB realizou uma reunião extraordinária na primeira semana de dezembro para debater com conselheiros, pais e educadores o que poderia ser feito. Devido à gravidade da situação atual, chegou-se a cogitar a possibilidade de retomada de um programa onde policiais civis atuavam nas escolas para repreender atos de violência, o School Resource Officer (SRO) que foi lançado em 2008 depois que Jordan Manners, um então estudante de 15 anos de idade da 9ª série, foi baleado e morto no C.W. Jefferys Collegiate Institute em North York. O programa, que recebeu muitas críticas negativas, foi eliminado em 2017. Na altura isso aconteceu porque muitos estudantes, particularmente negros e indígenas, relataram sentir-se desconfortáveis e intimidados pela presença da polícia. Segundo os críticos trazê-lo de volta só iria provocar os mesmos problemas e questionamentos da opinião pública.

Especialistas em educação apontam que a explosão desses casos de violência podem ser também um reflexo da falta de serviços de saúde mental no Canadá, agravada pela pandemia dos últimos dois anos, uma menor tolerância a frustração entre os mais jovens, o resultado de uma criação mais condescendente por parte dos pais ou também um reflexo do comportamento violento do ambiente familiar desses jovens.

De fato, são diversos componentes que podem estar por trás desses casos que assustam e nos fazem refletir sobre o futuro que teremos como sociedade quando desde muito cedo nossas crianças e jovens já estão expostos a ambientes tão problemáticos e precisam enfrentar o medo de ir à escola e se tornarem vítimas em potencial. Professores estão se afastando das salas de aula e até mesmo se negando a ir trabalhar em determinadas escolas da cidade, uma vez que perderam qualquer tipo de controle sobre as turmas e cansaram de serem humilhados, ameaçados e até mesmo agredidos fisicamente, caso tentem exercer qualquer tipo de autoridade sob as turmas.

A violência escolar é um tema complexo e que nos deixa com muitas perguntas e poucas respostas definitivas, já que não existe uma saída mágica que fará com que possamos garantir ambientes escolares seguros e saudáveis para nossos estudantes, como seria o ideal para a formação sadia de uma sociedade. Em busca de diferentes opiniões e pontos de vista, nesta edição do Milénio Stadium, consultamos pessoas e entidades ligadas ao setor da educação e que tentam jogar luz sobre o assunto, ao analisarem como a situação atingiu esse ponto, o que pode ser feito de imediato para atenuar o problema e também mudanças na abordagem da educação como um todo que possam garantir aquilo que nossos estudantes merecem: encontrar na escola um ambiente tranquilo e de aprendizado.

Lizandra Ongaratto/MS

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