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Mundo em 2022: Retrospetiva

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Entrámos em 2022 ainda com o fantasma da pandemia da Covid-19, e no primeiro mês, ultrapassámos os 300 milhões de casos a nível mundial. Ao mesmo tempo em que continuámos a ver a nossa saúde ameaçada, as inovações médicas quebraram barreiras surpreendentes. Foi ainda no primeiro mês do ano que se realizou, com sucesso, o primeiro transplante de coração de um porco para um ser humano. Em julho a nossa saúde é novamente posta à prova e a Organização Mundial de Saúde declara o surto de varíola dos macacos como emergência de saúde pública.

Inês Carpinteiro/MS

Os desafios não se ficaram pelo planeta Terra. Em setembro, uma sonda espacial da NASA foi enviada para colidir intencionalmente contra o asteróide Dimorphos a fim de mudar a sua trajetória. Apesar de não representar perigo, esta foi uma missão importante para testar os métodos de contenção de ameaças futuras. Uns meses antes, em março, foi descoberta a Earendel, a estrela mais distante alguma vez registada, a cerca de 12,9 mil milhões de anos-luz da Terra.

O empresário Elon Musk também fez furor nessa altura, desta vez não com a sua empresa Space X, mas por ter apresentado o seu interesse em comprar a rede social Twitter. Depois de comprar várias ações da empresa, em abril de 2022 já se apresentava como sócio maioritário, o que se sucedeu com um convite para pertencer ao Conselho Administrativo – uma oferta que primeiro aceitou e depois recusou. Ainda em abril, fez uma proposta de compra no valor de $44 milhões, com o plano de introduzir novas secções na plataforma, combater contas de spam e promover a liberdade de expressão. Uns meses depois, ameaçou desistir da compra e o Twitter prometeu retaliar com uma ação judicial. A 27 de outubro, acabou por se tornar oficialmente proprietário da rede social. No entanto, a controvérsia não chegou ao fim: ao assumir poder, procedeu a despedimentos em massa, nomeadamente dos principais cargos executivos, e embarcou numa luta contra o teletrabalho. Têm sido muitas as vozes que se demonstram preocupadas com o possível aumento da desinformação, assédio e discurso de ódio que pode crescer na plataforma. Até porque quem domina as redes sociais, tem o poder de dominar a mensagem entregue ao público – no caso do Twitter, 450 milhões de usuários.

Além das guerras virtuais, o mês de fevereiro apanhou-nos desprevenidos com uma guerra territorial. Este é certamente o evento que marcou o ano de 2022 e trouxe destruição a milhões de pessoas. A 21 de fevereiro o Governo russo reconheceu independência das regiões ucranianas separatistas – Lugansk e Donetsk. Três dias depois procedeu à invasão militar do território ucraniano. Ainda nessa semana, a Bielorrússia fez um referendo constitucional para revogar o seu estatuto de país não-nuclear e hospedar as forças russas permanentemente. Putin alegou a segurança territorial e proteção a cidadãos russos nas zonas separatistas como motivadores desta ação militar, ignorando o descontentamento internacional.

Três meses depois do início da guerra, o número de refugiados já ultrapassava os 6 milhões. Um período marcado pelo apoio à Ucrânia e o crescimento da admiração por um povo que não cede. Já em setembro foram descobertos 445 corpos em Izium revelando crimes de guerra. E ainda nesse mês, Vladimir Putin anexa ao território russo quatro regiões separatistas da Ucrânia.

Uma guerra que ainda não viu o seu fim, mas que tem sido o centro da atenção a nível internacional. O que se deve também ao impacto que tem tido nos países vizinhos, nomeadamente no setor de abastecimento de energia à Europa, à segurança alimentar já que a Rússia e a Ucrânia são os principais produtores de cereais o que tem causado um aumento dos preços a nível internacional. A instabilidade política, a crise económica – insegurança alimentar, aumento da inflação e crise de vários setores – aliada com a crise humanitária tem afligido o mundo inteiro.

A nível político, o resto do mundo também andou em alvoroço. Em junho, o Supremo Tribunal dos Estados Unidos da América devolveu a cada estado o poder de proibir o aborto, naquele que foi considerado um dos atos que provocou um retrocesso nos direitos da mulher. No departamento de segurança, seguindo a missão de combate ao terrorismo, os EUA procederam a uma operação de ataque, levada a cabo por um drone, em Cabul, que eliminou Ayman al-Zawahiri, líder da Al-Qaeda.

 

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Ainda nesse mês, a corrupção tomou conta da política. No Reino Unido, o primeiro-ministro Boris Johnson renuncia ao cargo após uma onda de escândalos. E no último mês do ano, o Parlamento Europeu demitiu a vice-presidente, Eva Kaili, devido a uma investigação onde é acusada de corrupção, lavagem de dinheiro e participação numa organização criminosa.

2022 foi um ano em que não só as entidades políticas sofreram, mas também os sistemas políticos das nações e entidades que marcaram uma era. No dia 8 de setembro, o mundo ficou de luto: pouco tempo após completar 70 anos de reinado, morre a rainha Isabel II aos 96 anos. Dois dias depois, o filho, Carlos III é proclamado rei, no entanto, sem o apoio que os anteriores monarcas sentiram ao subir ao trono. Em agosto, morre também Mikhail Gorbatchov, ex-Presidente da Rússia e antigo secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética. A vizinha China, elegeu Xi Jinping para o seu 3º mandato consecutivo como secretário-geral do Partido Comunista.
Na América Latina, o Brasil deixou o mundo em suspenso nas eleições gerais que podiam não só definir o futuro do país, como de muitos países com quem partilham relações. No dia 2 de outubro não foi eleito um candidato com maioria, o que obrigou a uma segunda volta entre Bolsonaro e Lula da Silva. Com o país fortemente dividido, o resultado não era claro, mas o dia 30 de outubro trouxe o desfecho de uma das eleições mais importantes de sempre.

As notícias de operações ilegais por parte da polícia rodoviária federal no dia de eleições, impedindo os eleitores de votar, causaram controvérsia no Brasil e ganhou dimensão internacional. O final do dia trouxe o resultado final – a vitória de Lula da Silva (Partido dos Trabalhadores). Não sendo bem aceite pela oposição, ainda ocorreram manifestações de contestação ao novo governo.

Também no Irão a população saiu à rua para mostrar a sua revolta e, neste caso, para defender os direitos humanos. A detenção de Mahsa Amini, de 22 anos, por desrespeitar o uso do véu islâmico conduziu à sua morte e despoletou na população uma onda de rebelião com apoio internacional. Passados quatro meses do início das manifestações, já se somam 416 mortes nas manifestações, 11 sentenças de morte e milhares de detenções. A polícia moral foi fundada em 2005 e tem sido fortemente criticada por recorrer a atos violentos contra jovens mulheres que não seguem o rígido código de indumentária do regime, mas depois de vários anos de abuso, o Governo iraniano comprometeu-se a extinguir este departamento.

A China deparou-se com várias manifestações, espalhadas pelo país, contra os confinamentos extremos impostos para conter a propagação da Covid-19. Milhares de pessoas saíram à rua para criticar abertamente o Governo de Xi Jinping – o que marca um dos maiores desafios para o comunismo nas últimas décadas.

As constantes restrições permitiram conter a Covid-19, mas afetou gravemente o desempenho económico do país, a qualidade de vida da população e o potencial de adquirir imunidade coletiva. Além disso, estas medidas tiveram repercussões a nível internacional.

Como se todos estes desafios não bastassem, no dia 28 de julho – ainda a meio do ano – já o consumo de recursos naturais ultrapassava a regeneração do planeta Terra. Para agravar a situação, em 2022 a população atingiu os 8 mil milhões de habitantes, sobrecarregando ainda mais a mãe natureza. Este foi também mais um ano que evidenciou a necessidade de aplicar medidas que combatam efetivamente as mudanças climáticas.
A onda de calor e tempestades que caíram sobre a Europa e causaram vários mortos; as cheias na Nigéria que mataram mais de 600 pessoas e deixaram mais de 1,3 milhões desabrigados; as cheias no Paquistão que causaram morte, destruição, a propagação de doenças e deixam mais de 16 milhões de crianças em risco; os furacões que se fizeram sentir na América Central e Caraíbas vêm comprovar a debilidade do ser humano.
A cada 365 dias o planeta Terra dá uma volta completa ao sol – no ano de 2022 parece que o mundo deu várias.

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