Portugal

Vitória curta da AD obriga a esperar pelos votos da emigração

 

 

Pedro Nuno Santos assumiu derrota e diz que vai liderar a oposição, avisando que o seu projeto é “incompatível” com o da Direita. Montenegro reafirma “não” a Ventura.

Uma votação taco a taco entre a Aliança Democrática (AD) e o PS obriga a esperar pela contagem dos votos do círculo da emigração para confirmar que a AD ganhou as eleições de ontem. Pedro Nuno Santos assumiu a derrota e avisou que o PS estará na oposição. Mas há outro grande vencedor, que reclama ter acabado com o bipartidarismo em Portugal e promete ameaçar a estabilidade do próximo Governo, dado o peso que passou a ter no Parlamento: o Chega conquistou mais de um milhão de votos, triplicou a sua votação, e passou de 12 para 48 deputados.

André Ventura disse que “a AD pediu uma maioria e os portugueses disseram claramente que querem um governo de dois partidos do Chega e da AD”, disse, reclamando que um governo à Direita “só pode ser feito” com o apoio do seu partido que reclama ser “a peça central do sistema político”. “O nosso mandato é para governar Portugal”, avisou.

Ventura afirma que a magnitude da sua votação “permite ao Chega negociar”, dando a entender que vai querer forçar uma negociação com Luís Montenegro, apesar do “não é não” do líder do PSD, e sem responder se admite apresentar uma moção de rejeição caso esse acordo não exista.

Na sua intervenção, o líder do PSD, Luís Montenegro, defendeu que os partidos devem “privilegiar mais o diálogo” e assumiu que irá governar em minoria. O primeiro teste será a aprovação do Orçamento de Estado. Disse esperar que todos os partidos “estejam à altura” da situação e apelou ao PS que “respeite a vontade do povo português” e que não forme uma maioria negativa com o Chega.

Cinco anos depois de ter chegado ao hemiciclo, como deputado único, a extrema-direita elegeu em todos os distritos, à exceção de Bragança. Quase todos os novos deputados foram “roubados” ao PS, que baixou de 120 para 77 deputados. O Chega foi ainda o partido mais votado no Algarve, conquistando três dos nove deputados do distrito.

Os oito anos de governação do PS e a decisão do presidente da República de marcar eleições antecipadas, após a demissão do primeiro-ministro António Costa por ter visto o seu nome envolvido numa investigação judicial, não parecem ter beneficiado a AD.

AD não ganha a Rui Rio

A coligação entre PSD, CDS-PP e PPM teve poucos mais votos do que o PSD de Rui Rio em 2019, quando concorreu sozinho e o CDS ficou de fora do Parlamento. A noite começou com a AD a festejar os prenúncios de vitória, à boleia das sondagens, mas à medida que os votos foram contados o entusiasmo esmoreceu. A coligação obteve 79 mandatos.

O PS, que surpreendeu em 2022 ao ter maioria absoluta, perdeu mais de meio milhão de votos. Pedro Nuno Santos assumiu a derrota e garantiu que vai “liderar a oposição” – não deixará esse papel para Ventura, disse – e reafirmou que a “AD não deve contar com o PS para governar”. “Nós lutaremos pelo nosso país, pelo nosso ideário e pelo nosso programa na oposição”, afirmou, insistindo que o projeto do PS “não é compatível” com o da AD e admitindo que os 18% de votos no Chega obrigam a parar para pensar.

BE e PAN resistem

A Iniciativa Liberal, apesar de ter tido um reforço de votação, manteve-se nos oito deputados, ficando muito aquém das pretensões de Rui Rocha que chegou a ambicionar 12 mandatos .

Também o Bloco de Esquerda, apesar de conseguir mais cerca de 30 mil votos, segurou apenas os cinco deputados que já tinha, tendo Mariana Mortágua reafirmado que o BE quer travar um governo de Direita.

Um dos vencedores da noite é Rui Tavares, do Livre, que cumpriu o sonho de conquistar um grupo parlamentar: de deputado único, passou para quatro (dois por Lisboa, um pelo Porto e outro por Setúbal).

A CDU foi um dos derrotados. Voltou a perder implantação e a reduzir a bancada parlamentar para metade (desta vez de seis para três deputados, numa queda contínua), perdendo o deputado de Beja para o Chega. Inês Sousa Real, do PAN, segurou o lugar de deputada por Lisboa, mas falhou o objetivo de voltar a ter um grupo parlamentar.

Adesão

34% de abstenção

Os portugueses responderam à chamada e a taxa de abstenção ficou nos 34%. Bragança foi o distrito onde a taxa de abstenção foi maior: 54,15% dos eleitores foram às urnas. O distrito elegeu três deputados.

Há 19 anos que a abstenção não baixava dos 40%

Desde 2005 que a taxa de abstenção em eleições legislativas não descia dos 40%. A última vez que isso aconteceu foi há 19 anos, ano em que a percentagem de eleitores que faltaram à chamada foi de 35,6%. A elevada afluência às urnas foi vista como “um excelente sinal para a democracia” por todos os partidos, da Esquerda à Direita.

O presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, também tinha apelado ao voto na noite anterior e a participação nestas eleições foi uma das grandes vitórias da noite, até pela elevada taxa de indecisos que vinha sendo apontada pelas sondagens.

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