Portugal

Medicamentos para a diabetes esgotados em farmácias de todo o país

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Farmácias dizem que caixas de Trulicity e Ozempic não chegam para tanta procura. São também usados para perda de peso.

Há diabéticos que não conseguem encontrar nas farmácias medicamentos contendo as substâncias ativas dulaglutido (comercializado com o nome Trulicity) e semaglutido (comercializado como Ozempic) que, a par do controlo da diabetes, são ainda usados para a perda de peso. Responsáveis de farmácias ouvidas pelo JN dizem que as embalagens que chegam para venda não são suficientes para a procura. E há estabelecimentos com lista de espera. É o caso da farmácia do Lago, no Porto, que recebe pedidos diários. A sociedade de endocrinologia fala numa “enorme procura internacional” e diz que “não tem havido capacidade de resposta para repor no mercado as quantidades que são procuradas”. Os pacientes, diz a dona da farmácia do Lago, “desesperam”.

É o caso de Pedro Costa. Tem 47 anos, diabetes tipo 2 e está na lista de espera de quatro farmácias para tentar obter o dulaglutido, que toma há dois meses. Cada caixa contém duas injeções e Pedro tem de tomar uma por semana. Devido à indisponibilidades do medicamento nas farmácias, é a segunda vez que atrasa o tratamento. “Preocupado”, contactou anteontem a linha 1400. A resposta ainda o deixou mais inquieto: não há disponibilidade do fármaco a nível nacional.
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Mensagem recebida por Pedro Costa após ter entrado em contacto com a linha 1400

“O que me dizem nas farmácias e os médicos é que, como aquilo tem uma substância que ajuda a emagrecer, há malta que compra para isso”, contou.

Contactado pelo JN, o Infarmed garantiu que os “medicamentos não estão notificados pelos laboratórios como estando em rutura”. Ainda assim, nas farmácias, há “muito pouca quantidade destes medicamentos por semana para o número de pedidos”. Joana Lemos, da farmácia do Lago, diz haver semanas em que chegam só “duas ou três” embalagens.

Definir prioridades

“São para diabéticos e utilizados para emagrecer. Sendo usados para os dois fins, começa a haver escassez”, explicou.

Carla Gonçalves, da farmácia Holon do Campo Grande, em Lisboa, confirma que as entregas semanais são “em baixa quantidade para a procura”. Mas, nota, os medicamentos não estão esgotados.

João Jácome de Castro, presidente da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo, revela que “tem havido uma enorme procura internacional por estes medicamentos”. Não só porque “são eficazes e seguros no controlo da diabetes”, como “especialmente o liraglutido e o semaglutido” têm “estudos muitíssimo importantes na área da perda de peso”. Mas, em caso de escassez, a sociedade defende que “deve ser dada prioridade às pessoas que têm diabetes e às que já estão a fazer terapêutica com eles”.

“Não tem havido capacidade de resposta para repor no mercado as quantidades que são procuradas”, disse, recordando que as farmacêuticas Novo Nordisk e Lilly são também as principais produtoras de insulina e, por isso, “têm de assegurar a produção de insulina”.

Associação pediu reunião ao Infarmed

O presidente da Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal revelou ao JN já ter solicitado uma reunião ao Infarmed para “tentar encontrar soluções” para as dificuldades sentidas pelas pessoas no acesso aos medicamentos com dulaglutido e semaglutido. De acordo com José Manuel Boavida, a reunião foi pedida em janeiro. O presidente diz, ainda, que estas dificuldades de acesso verificam-se em vários países. “Estamos a aguardar uma reunião com o Infarmed para tentarmos encontrar soluções que não permitam que esta situação se mantenha”, explicou.

Pizarro apertou

Há um ano, quando também houve falhas no abastecimento, o ministro da Saúde decidiu introduzir no processo informático de prescrição do medicamento com o princípio ativo semaglutido a “indicação de que se trata de uma prescrição para o tratamento da diabetes mellitus tipo 2”.

Comparticipação

Segundo a Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo, os fármacos são comparticipados para a diabetes e não comparticipados para a perda de peso.

Mais do que o PIB

O valor de mercado da farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk – que produz o medicamento – ultrapassou a dimensão do PIB da Dinamarca em 2022, avançou o “Expresso”.

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