Foram descobertas centenas de abelhas mumificadas no interior dos seus casulos, num novo sítio paleontológico descoberto no litoral de Odemira. Tratam-se de insetos que morreram no tempo dos faraós. A descoberta foi publicada na revista internacional “Papers in Paleontology”.
A equipa ibero-italiana junta investigadores da Universidade de Lisboa, da Universidade de Génova, do MARE – Universidade de Coimbra, do Instituto Politécnico de Tomar, do Centro Português de Geo-História e Pré-História e do Centro de Investigação em Física Teórica Abdus Salam das universidades de Siena, Veneza e Sevilha.
O projecto identificou quatro sítios paleontológicos com elevada densidade de fósseis de casulos de abelhas, atingindo milhares num quadrado com um metro de lado, refere a Naturtejo em comunicado. Estes sítios foram encontrados entre Vila Nova de Milfontes e Odeceixe, no litoral de Odemira.
“Com um registo fóssil de 100 milhões de anos de ninhos e colmeias atribuídas à família das abelhas, a verdade é que a fossilização do seu utilizador é praticamente inexistente” reforça o paleontólogo italiano Andrea Baucon, um dos co-autores do trabalho.
Estes casulos produzidos há quase 3000 mil anos preservam, como num sarcófago, os jovens adultos da abelha Eucera que nunca chegaram a ver a luz do dia. Esta é uma das cerca de 700 espécies de abelhas que ainda existem atualmente em Portugal continental.
O novo sítio paleontológico descoberto mostra o interior dos casulos revestido por um intricado de fios produzidos pela progenitora e compostos de um polímero orgânico. No seu interior, por vezes encontra-se o que resta da provisão de pólen monofloral deixada pela progenitora, com que a larva se terá alimentado nos primeiros tempos de vida. A utilização de tomografia microcomputorizada permitiu ter uma imagem perfeita e tridimensional das abelhas mumificadas no interior de casulos selados. Morreram há cerca de três mil anos, quando o Baixo Egito era reinado pelo faraó Siamun, explica-se na nota enviada às redações.
“Um decréscimo acentuado da temperatura nocturna no final do inverno ou um alagamento prolongado da área já fora do período das chuvas poderá ter levado à morte, pelo frio ou asfixia, e mumificação de centenas destas pequenas abelhas”, revela Carlos Neto de Carvalho, coordenador científico do Geopark Naturtejo Mundial da UNESCO e investigador colaborador do Instituto D. Luiz.
JN/MS
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