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Mohammed Deif, o cérebro do ataque do Hamas que é conhecido por ter “nove vidas”

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O líder da brigada Qassam do Hamas, um dos homens mais procurados por Israel, foi o principal mentor do ataque ao Estado hebraico. Conhecido por ser um “gato com nove vidas”, pelas vezes em que sobreviveu a múltiplas tentativas de assassinato, esteve por trás de quatro guerras pela independência da Palestina.

Nascido como Mohammed Masri, em 1965, no campo de refugiados Khan Yunis, na Faixa de Gaza, cresceu embalado pelas histórias decorrentes da guerra de 1948. Proveniente de uma família com profundas dificuldades, aos 22 anos juntou-se ao Hamas durante a primeira Intifada, em 1987, acabando por ser detido. Fora da cela que o albergou por 16 meses, a figura de Mohammed Deif, nome que adotou no seio do grupo islâmico, foi ganhando força entre os militantes, tornando-se, em 2002, comandante da brigada Qassam do Hamas, que desde sábado tem na sua posse centenas de reféns israelitas.

Deif (que significa “convidado” em árabe) é um dos homens mais procurados por Israel há quase duas décadas, mas a sua habilidade para escapar das diversas tentativas de assassinato – a última aconteceu em 2021- deu-lhe o título de “gato com nove vidas”. Ainda assim, o líder, cujo nome se encontra na lista de terroristas dos EUA, não escapou ileso. Alguns relatos dão conta de que está parcialmente paralisado e usa uma cadeira de rodas para se deslocar. Outros indicam que, durante um dos ataques de que foi alvo, terá perdido um olho e uma mão.

Viver na sombra

Apesar de ser discreto e não ter por hábito aparecer publicamente, Deif, do qual só se conhece uma imagem datada de 1996, surgiu a discursar numa mensagem de áudio amplificada nas rádios nacionais, poucas horas após o ataque aéreo levado a cabo pelo Hamas em Israel. O líder da brigada Qassam surpreendeu os palestinianos ao anunciar o início do que apelidou de operação Tempestade Al Aqsa.

“À luz dos crimes contínuos contra o nosso povo, à luz da orgia da ocupação e da sua negação das leis e resoluções internacionais e à luz do apoio americano e ocidental, decidimos colocar um fim a tudo isto”, justificou o militantes de 58 anos, ao explicar que a incursão se tratou de uma resposta ao bloqueio contínuo de Gaza, aos recorrentes ataques israelitas a cidades da Cisjordânia, à violência na mesquita Al Aqsa – local sagrado em Jerusalém que é disputado por judeus e muçulmanos – e ao aumento de colonatos na Palestina.

Não se sabe onde é que a mensagem terá sido gravada, já que o paradeiro de Deif é incerto, contudo, acredita-se que esteja alojado em túneis subterrâneos em Gaza. Fonte das forças israelitas revelou à agência Reuters que o líder esteve diretamente envolvido no planeamento do ataque, que terá sido conduzido a partir do local onde estará escondido e que poderá ter sido construído pelo próprio.

Formado em Física, Química e Biologia pela Universidade Islâmica de Gaza, Deif conseguiu subir na hierarquia do Hamas devido ao seu talento para produzir bombas e desenvolver túneis, que, atualmente, são uma das mais valias dos militantes para conseguirem posicionar-se estrategicamente.

Depois de ser responsável por diversos ataques a Israel e ter estado por trás de quatro guerras (em 2009, 2011, 2014 e 2021) pela independência da Palestina, viver na sombra é uma obrigação para Deif, o que, de acordo com de uma fonte próxima ao Hamas, não lhe permite ter hábitos de um cidadão comum, como usar um smartphone.

De acordo com um ex-líder do Hamas, entrevistado pelo jornal “The Washington Post” em 2014, recorda a “Sky News”, é o seu perfil discreto que permite a Deif sobreviver, caso contrário, já estaria morto. “Vive escondido entre a população e circula com passaportes diferentes”, disse Imad Falouji, explicando que o chefe da brigada Qassam é protegido pelos palestinianos, por entenderem que a sua postura é “necessária”.

Família como alvo

Além das motivações descritas pelo próprio para avançar com um ataque em larga escala, Deif foi alimentando, nos últimos anos, um desejo de vingança. Em 1996, os serviços secretos de Israel mataram o seu grande mestre, Yahya Ayyash, famoso pela alcunha “O Engenheiro”, quando este atendeu uma chamada num telemóvel que tinha sido armadilhado. Mais tarde, em 2014, o destino voltou a trocar-lhe as voltas quando um ataque aéreo israelita, que tinha como objetivo neutraliza-lo, tirou a vida à sua mulher e aos dois filhos.

No seguimento do novo conflito, o Hamas afirmou que os ataques aéreos israelitas na noite desta terça-feira atingiram a casa da família de Mohammad Deif. Bassem Naim, alto funcionário do movimento islâmico, confirmou à Associated Press que o bombardeamento matou o pai, o irmão e pelo menos dois outros parentes do líder na cidade de Khan Younis, mas o paradeiro do mentor permanece desconhecido.

Também o “Times of Israel” reportou a investida contra a casa dos parentes de Deif. Segundo o jornal, que cita meios de comunicação israelitas, terão morrido pelo menos três familiares do palestiniano.

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