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Casos de antissemitismo e islamofobia estão a crescer no Mundo

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O conflito entre Israel e Hamas reacendeu sentimentos discriminatórios contra judeus e muçulmanos no Mundo. O número de casos de antissemitismo e islamofobia reportados disparou, atentados vitimaram pessoas em vários países e protestos foram proibidos. Em Israel, colonos na Cisjordânia correm para adquirir armas.

O caso mais recente de antissemitismo que chamou a atenção do Mundo foi a invasão, no domingo, promovida por uma multidão no aeroporto de Mahackala, na república do Daguestão, região de maioria islâmica na Rússia. A revolta foi causada pela chegada de um voo oriundo de Telavive. O Kremlin diz que a “interferência externa” está por trás do ocorrido, enquanto os Estados Unidos condenaram os “protestos antissemitas” . A polícia identificou mais de 150 participantes no ato e deteve 60 pessoas.

Situações de discriminação contra judeus e muçulmanos aumentaram em diversas partes do globo. A Polícia Metropolitana de Londres registou 218 casos de antissemitismo nos primeiros 18 dias de outubro. Em 2022, no mesmo período, foram reportados 15 episódios. Já as ocorrências de islamofobia chegaram a 101, em comparação com 42 do ano passado.

O número de casos de antissemitismo nos Estados Unidos aumentou em 388%, segundo a Liga Antidifamação, organização não governamental (ONG) judaica com sede em Nova Iorque. Entre o dia do ataque do Hamas, a 7 de outubro, e o dia 23, foram registadis 312 incidentes, incluindo assédio, vandalismo e agressão – 190 destes com ligação direta ao atual conflito. Em 2022, foram 64 episódios – sendo quatro relacionados com a situação em Israel.

A ONG Conselho para as Relações Americano-Islâmicas, de Washington, refere um número de 774 denúncias de islamofobia recebidas entre os dias 7 e 24 – maior número desde 2015. Este valor é o triplo da média de incidentes apontados no mesmo período de tempo, em 2022. Um dos casos mais conhecidos é o assassinato de um menino de seis anos, no Illinois, por ser de origem palestiniana.

Atentados aconteceram também durante as últimas semanas, na Europa. A 13 de outubro, um professor em Arras, no Norte de França, foi morto à faca por um ex-aluno, que reivindicou o ataque em nome do Estado Islâmico. A organização estaria por trás ainda do tiroteio em Bruxelas, a 16 de outubro, em que dois suecos foram assassinados. Outro episódio foi um ataque com cocktails Molotov a uma sinagoga em Berlim, no dia 17.

Em Portugal, o nível de ameaça terrorista foi elevado de moderado para significativo. O Sistema de Segurança Interna salientou, todavia, que a mudança ocorreu de forma preventiva, não existindo “quaisquer indícios que apontem para o desenvolvimento de ações terroristas no Território Nacional”.

“Sinceramente, acho que com qualquer grande problema negativo na nossa sociedade, encontrará alegorias antissemitas a infiltrarem-se”, declarou o Michael O’Flaherty, diretor da Agência da União Europeia para Direitos Fundamentais, em declarações ao jornal britânico “The Guardian”. “O antissemitismo é um racismo profundamente enraizado na sociedade europeia”, acrescentou. O irlandês frisou ainda que “também é importante, neste momento, estar vigilante e condenar todas as formas de ódio que se manifestam na Europa, incluindo o ódio contra os muçulmanos”.

Manifestações proibidas

Diversos países europeus proibiram manifestações pró-Palestina, como Alemanha, Áustria, França, Hungria e Suíça. “Estas manifestações não são simplesmente pró-palestinianas, mas são anti-Israel, agressivas e antissemitas”, disse Josef Schuster, presidente do Conselho Central de Judeus na Alemanha, em declarações reproduzidas pelo diário “The Washington Post”. Manifestantes desafiaram as proibições, no entanto, e foram às ruas em Paris, Berlim e outras capitais no continente prestar solidariedade à causa palestiniana.

Em Viena, na Áustria, um protesto que utilizou o lema “do rio ao mar” foi banido pela Polícia. O slogan, que alguns interpretam como a ideia de empurrar os judeus para o mar, é visto pelos responsáveis pela manifestação como uma crítica ao que seria um sistema de apartheid promovido por Israel. “Estão a procurar por qualquer apito de cão [dog-whistle]. Não há nada que a sociedade austríaca odeie mais do que ser chamada de antissemita, apesar de estar cheia de pessoas antissemitas de extrema-direita”, destacou Mikel Oleaga, organizador do movimento BDS, que incentiva o boicote e sanções ao Estado hebraico, citado pela mesma publicação norte-americana.

“O direito de protestar e de expressar críticas aos Governos é uma pedra angular de uma sociedade democrática e uma forma importante de as pessoas responsabilizarem os seus Governos, inclusive na questão da política externa”, afirmou Benjamin Ward, o vice-diretor da Human Rights Watch Europa e Ásia Central. “A proibição de protestos pacíficos priva as pessoas dos seus direitos democráticos fundamentais”, acrescentou.

Corrida por armas de fogo

Desde o ataque do Hamas, o número de inscrições para obter uma licença de arma de fogo cresceu em Israel. “Muito mais pessoas estão a vir – todos querem uma arma agora. Estão abalados e não se sentem seguros. Há um sentimento completamente diferente agora; eles querem armas para se protegerem”, relatou ao “The Guardian” Yael Gat, diretor de uma loja de armas nos arredores da colónia de Gush Etzion, na Cisjordânia.

O número de sessões de treino de tiro eram três por semana, mas, desde 7 de outubro, ocorrem duas por dia, de acordo com Gat. Essa corrida por armas de fogo é motivada também pela facilitação anunciada pelo ministro da Segurança Nacional isralita, Itamar Ben-Gvir, a 10 de outubro, que afirmou que adquirou 10 mil espingardas para distribuir entre civis. O governante alterou as normas para que qualquer cidadão israelita consiga uma licença para arma de fogo em uma semana após uma entrevista por telefone – anteriormente, a audiência era presencial.

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