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O custo de Vida

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Cartoon by Stella Jurgen

Na nossa vida, todas as ações têm um custo, independentemente se são emocionais ou materialistas. Com esta pandemia a progredir na direção de uma resolução, as economias desenvolvidas sentem os efeitos destrutivos a repercutirem-se em todos os aspetos do nosso quotidiano.

O impacto mental que tem vindo a ser sentido pela maioria irá acarretar um custo económico para as gerações futuras, tendo em conta a dificuldade de criar filhos sob uma nuvem de incerteza e com regras que até os adultos têm dificuldade em cumprir. Esperemos que estas dificuldades resultem em consequências positivas a longo-prazo, no entanto, isso só poderá acontecer se a população reconhecer e abraçar as realidades de uma nova economia que, aos poucos, está a aprisionar as nossas vidas. No próximo ano, à medida que as economias abrem com uma capacidade reduzida para providenciar os bens a que estamos habituados, tornar-se-ão cada vez mais evidentes as queixas sobre o custo do saco do pão e de outros bens essenciais. Lidar com esta nova realidade como uma pré-condição para a nova verdade irá causar sentimentos palpáveis que poderão conduzir a uma nova guerra de medidas protecionistas entre países, para protegerem os seus bens alimentares e outros bens essenciais.

Ao longo da história, o mundo enfrentou o tipo de problemas que vivemos atualmente, como aconteceu em 1970. O ajuste será mais complicado perante a atual campanha pela diversidade, igualdade e inclusão que são pensamentos sensíveis, no entanto, totalmente irrealistas sob a atual ordem mundial adotada pelos poderes da terra.

A realidade de que as medidas protecionistas poderão vir a causar conflitos entre nações é bem possível, mas neste momento não é percetível. A ignorância da população geral sobre as questões económicas terá um papel fundamental na forma como reagiremos ao abastecimento débil dos produtos a que estamos habituados. Recentemente, uma pesquisa de Angus Reid revelou o seguinte sobre os canadianos:

  • 85% afirmam que momentos de choque, como a pandemia, fazem com que as pessoas se tornem mais conscientes na questão financeira;
  • 55% afirmam que a pandemia fez com que percebessem que têm de reavaliar e reorganizar os seus planos financeiros futuros;
  • 69% são ignorantes no tema das finanças;
  • 92% falharam nos seus objetivos financeiros;
  • 68% acreditam que o dinheiro pode comprar felicidade e que experiências trazem mais felicidade do que a aquisição de bens materiais; contudo, geralmente, não somos bons a descobrir o que nos faz feliz.

Todos nós temos uma marca financeira única, mas os resultados acima demonstram que estamos no precipício do desastre financeiro se os custos dos bens essenciais continuarem inflacionados.

As perturbações da Covid-19 não são o único motivo que tornou mais dispendioso encher os nossos estômagos. A cadeia para tornar o abastecimento mais justo, ecológico e saudável tem estado sob tensão já há vários meses. Em agosto, o preço dos bens alimentares aumentou 33% comparativamente com o ano anterior, e continua a aumentar de forma contínua mensalmente, assim como outros bens essenciais como materiais de construção e produtos à base de petróleo. Os contentores que transportam os produtos estão com uma oferta baixa e até recentemente, os aviões estavam no chão, tudo isto a custar o triplo comparando com o ano anterior. As secas em partes de África, da Ásia e das Américas, causadas pelas mudanças climáticas e outros fenómenos, tiveram como consequência colheitas dececionantes por todo o mundo.

A economia mundial está a crescer e a oferta não pode acompanhar sem fim à vista.

A falta de mão-de-obra a nível mundial contribuiu ainda mais para o ritmo vagaroso da tão necessitada recuperação económica.

Jean Anthelme Brillat-Savarin disse, “Diga-me que género de alimentos come e eu dir-lhe-ei que género de homem é”. Em breve as nossas escolhas poderão ser ditadas e as nossas dietas alteradas para acomodar uma nova ordem mundial. A era da gula poderá estar a chegar ao fim e a realidade dos bancos alimentares não aguentará as exigências dos necessitados. Chegou a época do consumo de produtos locais, isto se quisermos sobreviver às calamidades, tal como a Covid-19.

Coma por necessidade e não por desperdício.

Fique bem.

Manuel DaCosta/MS


Version in english

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Cartoon by Stella Jurgen

The Cost of Life

All our actions in life carry a cost, regardless if they are emotional or materialistic.  As this pandemic progresses towards a resolution, in advanced economies e destructive effects are being felt in every aspect of our daily lives.

The mental impact being felt by most will carry an economic cost to future generations as we struggle to raise children under a cloud of uncertainty and rules which even adults are finding hard to reconcile.  Hopefully these struggles will result in positive consequences in the long-term, but this can only happen if populations recognize and embrace the realities of a new economy which is slowly grasping every aspect of our lives.  The common complaint about the cost of the bread basket and other essentials will become more pronounced in the next year as economies open under a reduced capacity to provide the fundamentals which we are accustomed to.  Dealing with this new reality as a precondition to the new truth will cause palpable sentiments which may lead to a new war of protectionist measures between countries as they safeguard their food supply and other essentials.

Throughout history, the world has confronted the type of problems being experienced such as in the 1970’s.  Adjusting will be more complicated in the current campaign for diversity, equity and inclusion which are all sensitive thoughts but wholly unrealistic under the world order being adopted by the powers of the earth.

It may well become a reality that protectionist measures will result in conflicts between nations which at this point we cannot fathom.  Ignorance about economics by the general population will play a pivotal role on how we react to the short supply of the products we are accustomed to.  A recent Angus Reid Poll showed the following about Canadians:

  • 86% say that shock moments such as a pandemic make people more conscious about money.
  • 55% say the pandemic has made them realize the need to revise and re-arrange future financial plans.
  • 69% are ignorant about finances.
  • 92% have failed in the financial goals.
  • 68% believe money can buy happiness and that experiences bring more happiness than acquiring material things; however, generally we are not good at figuring out what makes us happy.

All of us have a unique financial imprint but the above results show that we are in the precipice of financial disaster if the inflationary costs of our life’s essentials continue.

Disruptions from Covid-19 are not the only reason it is costing more to fill stomachs.  The chain to make the food supply fairer, greener and healthier has been under strain for several months. 

In August, food prices were 33% higher than a year ago and steadily rising on a monthly basis alongside other essentials such as building materials and oil-based products.  Containers which carry products are in short supply and until recently, planes were grounded, all costing triple of a year ago.  Droughts in parts of Africa, Asia and Americas caused by climate change and other phenomena have resulted in disappointing food crops throughout the world.   The world economy is surging and supply can’t keep up with no end in sight. Labour shortages worldwide further contribute to the slow pace of the needed economic recovery.  Governments need to halt subsidies to workers who are able but choose not to work.

Jean Anthelme Brillat-Savarin said, “Tell me what kind of food you eat and I will tell you what kind of man you are”.  Soon our choices may be dictated and our diets changed to accommodate a new world order.  The era of gluttony may be over and the reality of food banks won’t keep up with the requirements of those in need.  The time of locavores is here if we are to survive calamities such as Covid-19.

Eat for need not for waste.

Be Well.

Manuel DaCosta/MS

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