Associações portuguesas de defesa dos direitos da comunidade LGBTIQ+ dizem que há diferenças entre aquilo que o Papa diz e o que a Igreja faz.
O Papa Francisco apelou aos pais de homossexuais que apoiem os filhos e que não os condenem em relação à orientação sexual. O pedido foi feito durante a audiência geral desta semana onde foram faladas as dificuldades sentidas pelos pais ao criar os filhos.
“Há pais que veem diferentes orientações sexuais nos seus filhos e não sabem como lidar com isso, como acompanhar e não se esconder atrás de uma atitude de condenação”, referiu.
Já antes, o Papa tinha referido que homossexuais têm o direito de ser aceites pelas suas famílias como filhos e irmãos. Apesar de a Igreja não aceitar o casamento homossexual, Francisco também já se mostrou favorável à legislação que permite a união entre casais do mesmo sexo elaboradas com o objetivo de dar direitos conjuntos nas áreas das pensões, cuidados de saúde e questões sucessórias.
Manuela Ferreira, presidente da Associação de Mães e Pais pela Liberdade de Orientação Sexual e Identidade de Género (AMPLOS), afirma que a mensagem do Papa é muito importante, mas ressalva que “tem que chegar a toda a Igreja”. “As famílias católicas vão acolher esta mensagem no coração mas a Igreja, no seu todo, tem que acolher os homossexuais e não os condenar”, frisou.
Também Marta Ramos, diretora executiva da ILGA, refere que “é muito importante a mensagem do Papa”, porque é “um sinal de abertura de inclusão por parte da Igreja”. Contudo, para a associação de defesa dos Direitos Humanos das pessoas lésbicas, gays, bissexuais, trans e intersexo, “há uma ambivalência entre o que o Papa diz e o que a Igreja faz”. “O Papa é o líder máximo mas depois, nas dioceses e nas paróquias, não acontece exatamente aquilo que o Papa recomenda”, finaliza Marta Ramos.
Comunidade católica assume-se LGBT na Alemanha
Na Alemanha, 125 pessoas, incluindo vários padres, trabalhadores a tempo inteiro ou voluntários na Igreja Católica nos países de língua alemã, anunciaram esta semana a sua condição LGBTIQ+. A iniciativa tem o título #OutInChurch – Por uma Igreja sem medo e é acompanhada pela emissão de um documentário televisivo. É a primeira vez na história, em todo o mundo, que um grupo de crentes se assume deste modo, coletivamente, na praça pública.
“Nós, como pessoas LGBTIQ+, queremos viver e trabalhar na Igreja sem ter de sentir medo”, pode ler-se no manifesto. A lista inclui pessoas que trabalham nos campos da educação e ensino, cuidados, trabalho social, música litúrgica e animação pastoral, entre padres, assistentes pastorais, professores de educação religiosa e pessoal administrativo. E são elas próprias que se identificam como “homossexuais, bissexuais, trans, intersexuais, queer e/ou não-binários”.
O manifesto foi divulgado dez dias antes de um plenário do Caminho Sinodal alemão, marcado de 3 e 5 de fevereiro. A assembleia vai discutir, entre outros temas, a questão homoafetiva.
Redes Sociais - Comentários