Portugal

Mãe das gémeas: “diziam que estava no hospital a mando do presidente”

Daniela Martins, mãe das gémeas luso-brasileiras
Foto: Gerardo Santos/Global Imagens

Daniela Martins, mãe das gémeas luso-brasileiras, disse esta sexta-feira que a nacionalidade portuguesa foi atribuída antes do diagnóstico. Disse que nunca falou com Marcelo ou o filho, e só conheceu a nora após o tratamento. Mas contou que diziam no hospital, incluindo médicos, que “estava lá a mando do presidente”.

Contou aos deputados que o diagnóstico de atrofia muscular espinhal foi feito a 9 de setembro, seis dias após a atribuição da nacionalidade pelo consulado geral de Portugal em São Paulo, a 2 e 3 de setembro de 2019, que justiticou com o facto de planear viver em Portugal. Um país onde disse terem nascido os seus quatro avós e onde garante não ser “turista”, mas empresária. Afirmou também que “é notícia falsa” a de que as filhas conseguiram nacionalidade portuguesa em 14 dias.

Antecipou vinda para conseguir medicamento

Na audição, confirmou ao Chega que antecipou a vinda para Portugal para tentar obter o medicamento, que não conseguia no Brasil. Ou seja, apenas depois de os tribunais brasileiros terem recusado a administração do Zolgensma é que Daniela Martins decidiu vir para Portugal com as gémeas. Mas insistiu que isso já estava nos seus planos, quando as filhas tivessem cerca de dois anos.

Daniela Martins assegurou ainda que nunca falou com o presidente da República, com o filho Nuno Rebelo de Sousa ou com Lacerda Sales. E pediu desculpa por se “ter vangloriado” num vídeo divulgado pela TVI, no qual diz ter proferido uma frase “infeliz”, para além de ter faltado à verdade. Quanto à nora do chefe de Estado, afirmou que só a conheceu num “evento de Natal em São Paulo” anos depois das filhas terem tomado a medicação. E referiu que nunca conheceu Nuno Rebelo de Sousa, e que não sabe como teve conhecimento do caso, nem quais são os amigos em comum. Admite que possa ter sabido do caso pelo “email padrão” que enviou para várias pessoas na campanha de angariação de fundos.

Queixa-crime no DIAP de Oeiras contra TVI

Quanto ao processo de atribuição dos medicamentos, afirmou que “as ideias falsas foram lançadas pela comunicação social. Houve manipulação e intenção de formar uma história”. E sublinhou que tem uma queixa a decorrer no DIAP (Departamento de Investigação e Ação Penal) de Oeiras contra a “comunicação social sensacionalista”. Mais concretamente uma queixa-crime contra a TVI, explicou depois o deputado.

Criticou também o Hospital de Santa Maria porque “não preservou os dados pessoais” das filhas. E “nem fez declarações sobre as mentiras que foram ditas”.

Contou ainda que a confirmação das consultas com a neuropediatra Teresa Moreno nos Lusíadas e, uma semana depois, no Hospital de Santa Maria, “foram como um alívio”. E “nessa altura eu não sabia que poderia ter vindo às urgências e as meninas teriam acesso ao SNS”, explicou ainda.

Daniela Martins referiu também que as gémeas não tiveram “privilégios na aquisição de produtos de apoio”, insistindo que não vieram a Portugal fazer “turismo de saúde”. Em causa está a notícia de que o Estado português pagou quatro cadeiras de rodas elétricas e duas cadeiras/carrinhos manuais a Maitê e Lorena.

Já em resposta ao social-democrata António Rodrigues, assegurou que não se dirigiu “a nenhum órgão do Governo”, mas somente “aos hospitais e médicos para perceber o caminho” necessário para aceder ao medicamento Zolgensma.

“A minha prima morava em Faro e estávamos a tentar identificar por onde poderíamos começar. Se era só chegar e marcar a consulta ou tínhamos de passar por um médico de família”, contou ainda, para explicar que o primeiro contacto com o SNS foi feito junto do Hospital de Faro.

Daniela Martins disse ainda não saber por que motivo a consulta no Hospital dos Lusíadas de 6 de dezembro de 2019 foi desmarcada.

Nega emails para nora de Marcelo e Lacerda

Um dos momentos mais tensos da audição foi quando a mãe das gémeas negou ter enviado emails da sua conta pessoal para Juliana Drumond, companheira de Nuno Rebelo de Sousa, um deles dirigido ao ex-secretário de Estado António Lacerda Sales.

“Não tenho conhecimento desse mail. Não tenho acesso ao email da dra. Juliana”, respondeu a André Ventura. “É o meu email. Alguém deve ter enviado. Não lhe posso garantir que fui eu que escrevi. Várias pessoas tinham acesso à minha caixa de email”, afirmou, quando o líder do Chega pediu para lhe ser entregue uma cópia e para que dissesse se era falso.

“Diziam que estava no hospital a mando do presidente”

Após uma longa discussão em torno do pedido do Chega para exibição de um vídeo, o advogado de Daniela Martins solicitou que, ao abrigo da lei, a audição continuasse à porta fechada, dizendo que o vídeo foi “obtido de forma ilegal” e recordando a queixa contra a TVI. Ventura propôs passar o vídeo à porta fechada para depois continuar os trabalhos de forma pública, mas o advogado recusou.

O deputado do Chega remeteu a decisão para o presidente da comissão que lhe sugeriu a transcrição verbal do conteúdo do vídeo para evitar a votação desta matéria e que os trabalhos continuassem à porta fechada. Nas imagens, Daniela Martins diz que teve ajuda de um “pistolão”, ou de uma cunha. Na audição, explicou que repetiu no vídeo o que “era ouvido no hospital” inclusive por parte dos médicos: que “tinha ajuda” de Marcelo e que “estava lá a mando do presidente”. Foi também questionada sobre o facto de a medicação ter uma marcação de que era a pedido de Lacerda Sales. Responde que não tinha conhecimento nem tinha “acesso a nenhuma marcação”.

JN/MS

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