Açores

Delta abandona operação Nova Iorque-Ponta Delgada

A companhia aérea norte-americana Delta Airlines anunciou ontem o abandono da operação Nova Iorque-Ponta Delgada.

Sobre o assunto, a Câmara do Comércio e Indústria de Ponta Delgada/ Associação Empresarial das Ilhas de S. Miguel e Santa Maria emitiu ontem uma nota a “lamentar profundamente” o abandono da rota.

“Esta é uma perda gigantesca para as aspirações do turismo dos Açores que retrocede significativamente, ao perder esta oportunidade, na sua caminhada no sentido da requalificação para um patamar mais elevado de valor acrescentado para o turismo”, lê-se no comunicado dos empresários.

Nas contas dos empresários, a operação da DELTA, com uma frequência de 7 dias por semana durante 16 semanas, com cerca de 200 passageiros e tripulantes por rotação, representava cerca de 1400 passageiros por semana, para um total de cerca de 22400 passageiros/turistas ou cerca de 90.000 dormidas, se considerarmos uma estada média de 4 dias.

“Sendo uma operação de época alta, estimando uma despesa média total de cerca de 250 euros por dia, perdem-se receitas directas da ordem dos 22 milhões de euros por ano”, afirma a Câmara do Comércio.

“Em cinco anos perdem-se 120 milhões de euros. Mesmo que se considere uma taxa de ocupação de apenas 80%, as perdas a cinco anos são da ordem dos 100 milhões de euros”, sublinham.

Para os empresários, “as consequências económicas são muito expressivas para a economia dos Açores em geral e para a economia de S. Miguel, em particular. O mercado norte-americano vinha-se afirmando de forma cada vez mais marcante com o voo de Nova Iorque, que representava também uma enorme janela de oportunidade, que agora se fecha, para um dos mercados mais ricos do mundo, pelas mãos de uma das companhias mais importantes da América do Norte”.

E acusam: “A política de promoção dos Açores e a estratégia da sua implementação falhou!”, concluindo que, “perante uma perda tão grande, impõe-se não só uma reflexão sobre a estratégia como também a adoção de novas práticas na tarefa de, para o futuro, evidenciar uma ação mais consistente, mais profissional, mais previsível e mais eficaz. Manter a promoção numa situação de contínua precariedade e incerteza produz resultados maus, com impactos muito negativos na nossa economia e em particular no turismo. Ficamos mais pobres”.

Açores perderam mais de 9 mil dormidas dos alemães num ano

A perda da operação da Delta, que vai provocar a queda de turistas americanos, junta-se a outro fenómeno nos nossos mercados emissores, que é a quebra de turistas alemães.

Com efeito, o mercado emissor de turistas estrangeiros mais importante para os Açores, há vários anos, é o alemão, mas nos últimos tempos tem vindo a decair, perdendo mesmo mais de 9 mil dormidas de Agosto do ano passado para Agosto deste ano.

Os alemães sempre procuraram os Açores pelo natureza, mas sobretudo pelo calma que encontravam nestas paragens, havendo mesmo famílias inteiras de alemães que passavam férias todos os anos nalgumas ilhas, como acontecia, por exemplo, nas Furnas, em que o Hotel Terra Nostra tinham clientes certos todos os anos, que já deixavam reservada a estadia para o ano seguinte.

Esta tradição foi-se perdendo à medida que as acessibilidades também foram diminuindo, com menos voos directos a partir da Alemanha , como tem vindo a acontecer nos últimos tempos.

Mesmo assim o trajecto foi altamente benéfico para os Açores, que registavam em 1986 apenas 6.092 hóspedes e agora já ultrapassam os 86 mil.

Continua a ser o nosso melhor mercado estrangeiro, mas o dos EUA estava a aproximar-se a toda a força, devido aos voos directos de Nova Iorque operados pela Delta, que vieram aumentar a entrada de turistas americanos, aliados aos voos de Boston da SATA.

A queda de turistas alemães também se deve, segundo os especialistas, à procura de outras lugares turísticos mais baratos, que se tornaram atractivos e que estavam fechados com os conflitos no norte de África e médio oriente

Do mesmo mal se tem queixado o turismo nacional.

Alemães também em queda no continente

De facto, o mercado que mais estava a penalizar o turismo português nos primeiros cinco meses de 2019 era a Alemanha, e não o Reino Unido, como se esperava devido ao Brexit, segundo dados do Banco de Portugal e do INE.

Uma informação do banco central indica que os gastos de turistas alemães em Portugal baixaram 23,42 milhões de euros nos primeiros cinco meses deste ano, o que é a maior quebra do período em valor, embora seja pouco expressiva em percentagem, situando-se em 3,5%.

A Alemanha manteve-se, portanto, o 4.º maior emissor para Portugal em receitas turísticas, com 637,36
milhões de euros de Janeiro a Maio, inclusive.

A evolução em baixa dos gastos em Portugal de turistas residentes na Alemanha acompanha a tendência que emerge dos dados do INE sobre dormidas no alojamento turístico português, em que a Alemanha é o mercado com a maior quebra, com menos quase 172 mil pernoitas (-7,3%, para 2,188 milhões), mantendo-se ainda assim o segundo maior emissor em número de dormidas.

Já o Reino Unido, apesar das incertezas relativas ao Brexit, contava, nos cinco primeiros meses, cada vez mais para o turismo português, sobretudo em receitas turísticas.

Os turistas residentes no Reino Unido, que se suspeitavam fossem ‘um problema’ este ano para o turismo português pelas incertezas quanto ao que será o Brexit, afinal de contas até estão com aumentos de gastos em Portugal acima do aumento médio dos mercados inter- nacionais e reforçam a liderança, nomeadamente na comparação com franceses e alemães.

Dados pelo Banco de Portugal permitem calcular que os gastos de turistas britânicos em Portugal elevaram-se a 955,52 milhões de euros nos primeiros cinco meses deste ano, tendo representado 16,5% do total de gastos de turistas estrangeiros, +0,15 pontos que há um ano.

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