Um ensaio sobre o mérito
Amanhã, dia 25 de maio, o Portuguese Canadian Walk of Fame terá “novos inquilinos”. Premiar o mérito de alguém é algo que enobrece quem o faz e, por isso, as minhas felicitações aos organizadores deste importante evento da nossa comunidade portuguesa. Decidi assim colher inspiração neste acontecimento para enaltecer o mérito.
Para sobrevivermos numa sociedade competitiva, cada um de nós deve encontrar a sua própria maneira de sobreviver. Se quer uma vida social, precisa de ser bom a falar, construir conexões e compreender a psicologia de outras pessoas, mas muito mais importante precisa de ser humilde, ter carisma e ser um “ influencer”. Nunca poderemos mudar o mundo ou esta sociedade sozinhos. Para ter sucesso na sociedade, devemos aprender as regras aceites nesta. Assim, como se quer pilotar um avião ou mesmo um carro sem os aprender a manusear? A má notícia é que cada pessoa deve sobreviver para sobreviver. E não devemos estar sozinhos, mas sim apertando a mão calorosa de alguém.
Os jovens que estão apenas a começar na sociedade precisam de liderança para que entrem com alguma dose de confiança numa sociedade cada vez mais difícil. Esta liderança deve, desde logo, transmitir os princípios das relações humanas, mas também enfatizar a importância das conexões passando a sabedoria e as habilidades de vida encontradas na história dos que servem de exemplo. Se os jovens crescerem mais rapidamente, podem alcançar lugares de importância mais celeremente. Mas sempre com muita cautela, não só com as dores de crescimento, como com a tolerância (o mundo geralmente não é tolerante com os jovens). A sociedade nunca será fácil, mas, por vezes, agir emocionalmente pode ser estimulante no momento, contudo, as repercussões disso serão nefastas. A honestidade, sim, é a verdadeira expressão positiva, se conhecer alguém que o odeie, trate-o com um sorriso. Temos de superar as pequenas coisas, caso contrário perderemos as grandes.
As conexões são muito importantes para o mérito, para sermos parte integrantes de uma sociedade e para nos tornarmos visíveis. Estender as nossas mãos a quem precisa e esteja em crise deve ser primordial. Li algures que trabalhar bem é uma habilidade, a qualidade do trabalho é mais importante que a quantidade.
Agir bem é um talento, por isso deixemos todos saber sobre as conquistas de cada um, para que então se possa ser reconhecido pelas pessoas. Se vivermos num canto sem dizer uma palavra, rapidamente seremos esquecidos. As relações humanas baseiam-se basicamente no princípio da “troca mútua”. Atingimos grandes objetivos quando conseguimos persuadir efetivamente pessoas importantes para o nosso “grupo” e torná-las nossas. A sociedade não é um lugar para competir para ver quem trabalha mais, mas um lugar para competir entre si para trabalhar. Quanto mais trabalho se faz, mais erros ocorrem.
O mérito não conquista necessariamente o coração das pessoas. Mesmo que esteja cansado não desista dos seus sonhos e, com toda a certeza, nessa busca lhe será dado o mérito.
“Ninguém é grande nem pequeno neste mundo pela vida que leva, pomposa ou obscura. A categoria em que temos de classificar a importância dos homens deduz-se do valor dos actos que eles praticam, das ideias que difundem e dos sentimentos que comunicam aos seus semelhantes.”
Ramalho Ortigão
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